[Análise] Yakuza 0 [PS4]

 



Se há coisa a que estamos habituados é pré-sequelas más, sem qualquer sentido ou ligação com os títulos anteriormente lançados. Não obstante, Yakuza 0 poderá revelar-se um dos melhores exemplos no que toca a demonstrar que sim, é possível criar uma prequela excelente, inclusive capaz até de competir com os originais.

Yakuza 0 leva-nos a um Japão dos anos 80, mais especificamente às cidades de Kamurocho e Sotenbori, governadas sob a restrita influência da polícia, estrangeiros originários de toda a Ásia, ladrões, motards e a própria Yakuza. Ao contrário do primeiro título da série (Yakuza originalmente lançado na Playstation 2 e mais tarde lançado na sua versão KIWAMI ou Remake para a Playstation 4) o jogo apresenta-nos dois protagonistas. Primeiro temos Kazuma Kiryu, um membro da Yakuza, que virou as suas costas à máfia após ter sido dado como culpado de um crime que não cometeu. Este evento levará Kiryu numa demanda por limpar o seu nome e libertar-se do seu histórico com a máfia. Já o segundo protagonista, Goro Majima, é um antigo Yakuza, expulso da organização após desobedecer às ordens dos seus líderes. Este perde o seu olho esquerdo, durante as torturas retaliativas de tal afronta, levando-o a utilizar sempre uma pala a tapar os danos causados. Majima só tem um objetivo, voltar à Yakuza e para tal será capaz de fazer tudo. Os dois personagens têm uma relação de amor e ódio, devido aos seus objectivos antagónicos, o que revela alguma inspiração em vários animes por parte dos produtores.



Yakuza introduz-nos um mundo aberto, enorme, onde os nossos protagonistas têm uma liberdade refrescante e de louvar. De entre as inúmeras actividades ao nosso dispor,destacamos a interacção com inúmeras pessoas, lutas com inimigos, diversos minijogos /actividades como karaoke, dançar em discotecas, jogos de árcade, apostar num casino ou simplesmente passear para ver as vistas. Estas, apesar de divertidas e bastante fáceis, servem apenas para a aquisição dos troféus e para adquirir pontos de conquista, contudo recomendamos vivamente a experimentar pelo menos uma vez cada uma delas. Tudo isso num ambiente muito bem detalhado e cheio de vida! Espalhados pelo mapa vamo-nos deparando ainda com grupos de inimigos, grupos esses que após nos avistarem irão correr em nossa direcção e lutar contra nós.

É aqui que entra em funcionamento a cativante mecânica de combate: Ambos os personagens apresentam diversos estilos de luta, associados a um género Beat ‘em up simplificado. Consequentemente, são considerados diferentes combos e ataques especiais, possíveis de concretizar recorrendo somente a apenas três botões. Por baixo da nossa barra de saúde, existem também três barras que nos indicam a “adrenalina” da personagem. Sempre que atacamos um inimigo, essas mesmas barras “enchem” e quanto mais “cheias” estiverem, mais rápidos serão os nossos ataques. Assim que tivermos mais de uma barra e meia cheias, conseguiremos realizar um ataque especial, que irá tirar uma maior quantidade de vida ao inimigo. Adicionalmente, conseguimos também usar armas, objectos que apanhamos do chão ao longo da luta ou usar armas que tenhamos equipado antes do combate. Todos esses objectos ou armas contém animações únicas e ataques especiais distintos.



A sensação principal transmitida é que Yakuza 0 não fica atrás dos antecessores. Mais uma vez, a série consegue impressionar-nos com o seu combate simples, mas mais fluído que nunca, onde as animações são capazes de deixar o jogador sem palavras. Denotamos que, apesar do seu estilo de combate ser num estilo Beat ‘em up, este é composto principalmente por um encadeamento de ataques simples, relegando para segundo plano a execução de combos.

O jogo apresenta um sistema de RPG bastante simples no qual conseguimos melhorar as habilidades da nossa personagem recorrendo a dinheiro, que pode ser adquirido nos combates, no final dos capítulos e em actividades que cada personagem desempenha. Kiryu consegue fazer dinheiro com os investimentos em propriedades que o mesmo adquire, já Majima ganha dinheiro com eventos no seu cabaret. Tanto as dançarinas, como as empresas que adquirimos, vão subindo de nível à medida que vão participando nos eventos e investimos nelas respectivamente. Ambas as actividades acrescentam uma interessante narrativa paralela, na qual os nossos protagonistas terão algumas rivalidades com cabarets ou empresários rivais. Dependendo do nosso desempenho, no que se refere a missões secundárias, alguns NPCs irão retribuir o favor e fazer parte da nossa equipa, tanto no cabaret como nos negócios de empreendedorismo. Os jogadores podem ainda fazer alguns upgrades nas personagens recorrendo a pontos de conquista que são adquiridos sempre que se completa um desafio. Estas melhorias poderão ser mais focadas no desempenho dos negócios, como no desempenho da personagem no mundo aberto.



Ainda que as componentes que mais se destacam neste título sejam efectivamente o enredo, caracterização de personagens e jogabilidade, na vertente áudio visual também é de louvar o trabalho da editora. Todos os elementos que compõem esta valência funcionam em perfeita harmonia e com o objectivo de potenciar a experiencia entregue ao jogador. Enquanto caminhamos no mundo aberto, a música é inexistente e os sons que ouvimos são das pessoas e das diferentes atracções, dando assim a ideia que estamos mesmo dentro do mundo. Todavia, este aspecto muda radicalmente quando começa a acção e o drama. Nestas ocasiões a banda sonora de excelência apresenta o seu brilho, transmitindo uma sensação de perfeita harmonia com o jogo. Desde o primeiro momento em que iniciamos o jogo, com uma abertura linda, fazendo lembrar até as aberturas dos grandes animes, até ao último acto do jogo, esta é capaz de nos fazer levar às lagrimas.




Salientamos que apesar, apesar deste ser um jogo lançado para a 7º e 8º geração, os gráficos permanecem lindos, especialmente nas cutscenes. Isto porque nas cenas renderizadas em tempo real os gráficos tendem a perder um pouco o brilho, muito à semelhança do que se verificava nas consolas originais. Na versão base da Playstation 4 o jogo roda a 60fps, no entanto notam-se algumas quebras da taxa de fotogramas, enquanto caminhamos ao longo do enorme mapa que o jogo nos apresenta, mais especificamente quando nos encontramos perante um grande número de NPCs.




Conclusão

Yakuza 0 revela-se sem dúvida alguma como um título obrigatório para os fãs desta saga incrível. De igual forma, é um óptimo ponto de partida para quem quer iniciar esta jornada. Consegue integrar bem o jogador à sua história, enquanto fazendo a ligação perfeita com o primeiro título original sem deixar pontas soltas, ou algo por explicar. Apesar de alguns problemas técnicos mínimos, Yakuza 0 consegue levar o jogador aos extremos das emoções com a sua história marcante e um mundo repleto de magia e actividades para se fazer.



O melhor:
  • A boa utilização de dois protagonistas;
  • Cutscenes e cenas de ação lindas;
  • História cativante e com um bom pacing;
  • Mundo aberto lindo e sem representado.

O pior:
  • Algumas limitações no seu desempenho na Playstation 4 base;
  • Damos por nós a lutar inúmeras vezes contra as mesmas personagens.



Pontuação GameForces: 8,5/10



Título: Yakuza 0
Desenvolvedora: Sega
Publicadora: Sega
Ano: 2015


Artigo Por: Carlos Cabrita




[Análise] Yakuza 0 [PS4] [Análise] Yakuza 0 [PS4] Reviewed by Carlos Cabrita on agosto 02, 2021 Rating: 5

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