[Análise] Spider-Man: Miles Morales [PS5]



Os títulos que acompanham o lançamento de uma nova consola são sempre submetidos a um escrutínio e pressão fora do normal. Esta é uma verdade que tem vindo a verificar-se geração após geração, consola atrás de consola. No caso em particular da Playstation 5, pode-se considerar que existe uma colecção de jogos que encaixa nesta categoria, ainda que somente dois ou três se assumam como “system sellers”. São fundamentalmente títulos que procuram apresentar as novas capacidades da consola e transmitir aquela sensação tão peculiar que todos os jogadores exuberam nos seus desejos ao aceitar serem “early adopters”: Uma evolução face ao que existia antes, algo verdadeiramente diferente. 

Para a plataforma da Sony existem 3 grandes títulos que o fazem, ainda que de formas bem diferentes, mas que no fundo tornam a complementar-se entre si. Enquanto poderemos considerar que AstroBot demonstra as potencialidades do novo comando e Dark Souls aquilo que os jogos remake podem vir a ser no futuro da consola, falando de SpiderMan: Miles Morales, estamos perante um conceito de crescimento sobre um título já existente na plataforma da geração anterior. 



Fundamentalmente é este o sentimento com que ficamos ao experimentar este Spin-off de Marvel’s Spiderman, originalmente lançado para a PlayStation 4 (e agora com upgrade possível para a Playstation 5, para quem desejar). Miles Morales consegue dar seguimento a tudo o que o original fez de bom, mas também algumas coisas que fez de errado. Contudo, não deixa de ser na sua generalidade uma óptima premissa para aquilo que a consola conseguirá apresentar. 

Neste título seguimos as aventuras de Miles Morales (naturalmente!). Para quem jogou o título original, reconhece facilmente este novo Spiderman, a sua origem, suas motivações e personalidade. Quem o fez, cremos ser seguro afirmar que rapidamente reconhecerá a facilidade em familiarizar-nos com a personagem em si. Não é essencial que joguem o primeiro título para experimentar a história, mesmo porque existe um prelúdio dentro do jogo a explicar as origens de Miles. Ainda assim, existe um benefício claro em ter jogado o título original, não somente a nível de caracterização de personagens, enredos, mas principalmente devido às mecânicas de jogo. 

Quem jogou Marvel’s Spiderman, vai demorar cerca de 5 minutos a interiorizar todas as mecânicas de Miles Morales. Sim, não estamos a exagerar! O esquema preparado pela Insomniac no que se refere às formas de luta, seções furtivas, mecânicas de upgrade de fatos, skills ou gadgets é em tudo similar ao título anterior. Antes sequer de nos apercebermos já estamos a controlar Miles de uma forma precisa e intuitiva. Este é um óptimo aspecto, visto que as mecânicas eram um dos pontos fortes do jogo, como poderão conferir na nossa análise. Balançar de teia em teia por Nova York continua a ser um prazer e das melhores coisas que o jogo consegue nos providenciar. 



Mas Miles Morales também tem novidades no que se refere a mecânicas de jogo, principalmente no que se refere aos ataques eléctricos (ou de veneno como mencionam no jogo). Esta “novidade” tem o seu interesse, na medida que expande a jogabilidade, quer de combate, quer de puzzle solving. Mas no fundo, não se pode caracterizar como verdadeiramente revolucionária. Basicamente estes novos ataques (despoletados ao premir a tecla L1 mais um dos botões de ataque) servem principalmente para vencer os novos vilões do jogo e ajudar no seu desarme. Bastante mais interessante é a nova mecânica de invisibilidade. Sim, Miles tem o poder de se tornar invisível e isso levanta novas formas de abordar as missões e desafios ao longo do jogo. A sua utilização mais eficaz permite que Miles consiga confundir os adversários, fugir ou simplesmente preparar novas abordagens aos objectivos propostas. Exemplificando, se porventura tivermos dificuldades em atacar um certo adversário, podemos ficar invisíveis, saltar para atrás dele e conseguir finalmente conectar alguns golpes. Outro por passa por, quando estamos com pouca vida, ficarmos invisível e fugirmos para evitar que sejamos mortos. No que se refere a mecânicas de jogo, esta é verdadeiramente a novidade mais interessante. 

Também no que se refere a inovações, aqui o novo disco SSD brilha, fazendo os tempos de carregamento do jogo e fast travelling quase instantâneos. No original, durante o fast travel, tínhamos Spiderman a viajar de metro com os demais transientes enquanto o jogo carregava a nova área, agora em termos de comicidade já somente vemos o herói a sair do metro! Toda a navegação nos menus e o próprio arranque do jogo são bastante rápidos ao ponto de sentir alguma estranheza quando se volta a jogar o original na PlayStation 4. 



Mas este título não brilha somente no que se refere à sua jogabilidade. Como mencionamos anteriormente, balançar de teia em teia pela cidade de Nova York é um prazer. Agora, com as novas capacidades da Playstation 5, é possível fazer isto de uma forma muito mais cativante visualmente e com uma prestação gráfica impressionante. O título apresenta duas opções, uma de performance e outra de fidelidade. A opção de fidelidade conta com gráficos 4K a cerca de 30fps, enquanto o modo performance permite os 60fps, mas sem ray tracing e mais alguns detalhes. Ao experimentar ambas, existe uma clara diferença no comportamento do herói, com movimentos mais fluidos na sua versão performance. Por outro lado, no modo fidelidade terão uma apresentação gráfica incrível. Ao balancear ambos os modos, percorremos cerca de 80% desta experiencia em modo fidelidade, porque sinceramente a nova consola consegue lidar muito bem com este nível de detalhe e a performance gráfica não desce abaixo dos 30fps, que para um jogo deste tipo chega perfeitamente. Talvez se fosse um título de luta ou FPS tivéssemos outra preferência, mas é uma opção muito bem vinda e mesmo já tardia ao mundo das consolas. Esperemos que comece a tratar-se de uma opção transversal aos vários títulos da consola. 

Ainda no que se refere à sua valência gráfica e agora abordando um pouco a questão audiovisual, Miles Morales apresenta gráficos verdadeiramente belos e claramente acima do que foi apresentado no título original. Por exemplo, durante o balançar de teias conseguimos ver claramente os anúncios, pessoas e detalhes dos edifícios, enquanto no original existia algum nível de blur. Também no que se refere às cores, estas apresentam contrastes mais vivos e claros. Mais que isso, os reflexos e sombras apresentam um comportamento muito mais realista. Se se trata de um salto geracional? Talvez não na sua totalidade, mas é claro que existe um melhoramento na sua vertente visual. 

Em termos sonoros, as suas faixas seguem muito as existentes no original, denotando claras influências do que existe no MCU. O que notamos, principalmente, foi uma nova envolvência, muito maior no que se refere aos sons do meio ambiente, transmitindo uma sensação de uma cidade muito mais viva com barulhos de transito, pessoas a falar, aviões a passar, cães a ladrar, etc. 



Mas este título não é isento de problemas e alguns continuam provenientes do título original. Existe uma clara melhoria das side-quests, com uma nova aplicação ingame que permite aos habitantes de Nova York pedir ajuda ao amigável aracnídeo. Estas aventuras são algo interessantes e contam com uma boa caracterização, ainda que fugaz, das personagens. Mas o problema dos coleccionáveis permanece e existem diversos conjuntos que temos de coleccionar todos. Talvez seja uma forma que a produtora tenha decidido utilizar para ajudar o jogador a conhecer melhor a cidade, mas em toda a verdade, no final a sua procura torna-se somente aborrecida, perante tudo o resto que o jogo pode providenciar. 

Outro problema passa pela duração do jogo. Mesmo procurando todos os coleccionáveis e todas as missões secundárias, não contem com mais de 18 a 20 horas de jogo. A história em si demora 8 horas no máximo. Para um título que se apresenta como uma expansão de Marvel’s Spiderman poderá parecer suficiente, mas aqui estamos a falar de um título que procura vender a consola (com um preço condizente, convenhamos) e isso é pouco. É certo que se procurarem completar todos os troféus terão de engrenar pelo New Game +, mas isso é somente uma repetição de algo que já fizeram. 

Apesar deste facto, o jogo apresenta uma óptima premissa do que o futuro da série pode ser, apresentando óptima caracterização das personagens, gameplay cativante e (algumas) actividades adicionais divertidas. 




Conclusões

Spiderman Miles Morales é uma óptima evolução do título original. Se gostaram de Marvel’s Spiderman vão sentir-se em casa! O jogo consegue apresentar algumas das melhores valências da nova consola da Sony, ainda que denote alguma dependência de ser um título multi geracional. 

Ainda que apresentando uma experiência que gostaríamos de ver estendida, a Insomniac consegue apresentar um conjunto de personagens bastante bem cativante e com os quais nos facilmente associamos. 

As fundações de um próximo título do nosso amigável homem-aranha estão criadas, agora o produtor precisa de arriscar em evoluir, da mesma forma que o fez no título original. Ficaremos a aguardar! 



O Melhor: 
  • Gameplay intuitivo e cativante;
  • Navegação pela ruas de Nova York; 
  • Caracterização de personagens e enredo cativante; 
  • Aspecto audiovisual e rapidez de carregamento. 



O Pior: 
  • Missões secundárias repetitivas; 
  • Duração curta da história principal. 



Pontuação do GameForces – 8,5/10 



Título: Spider-Man: Miles Morales 
Desenvolvedora: Insomniac 
Publicadora: Sony Interactive Entertainment 
Ano: 2020 



Autor da Análise: Carlos Silva 




[Análise] Spider-Man: Miles Morales [PS5] [Análise] Spider-Man: Miles Morales [PS5] Reviewed by Carlos Silva on dezembro 03, 2020 Rating: 5

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