[Análise] Shovel Knight: Treasure Trove [NSW] - (1/2)


Quando a Yacht Club Games prometeu novos conteúdos para Shovel Knight, ninguém esperava que tal significasse suporte continuado ao longo de 5 anos. Aquilo que começou como um pequeno tributo aos jogos da era NES tornou-se progressivamente num enorme pacote, com quatro campanhas e um modo de batalha distribuídos de forma completamente gratuita àqueles que possuíam o jogo original. De tal forma enorme que, para ser possível fazer jus à massiva quantidade conteúdo presente, decidimos fazer algo diferente: esta análise a Shovel Knight: Treasure Trove será dividida em duas partes, a serem publicadas em dias consecutivos.


Shovel of Hope: a Aventura Épica

Inicialmente a única campanha do jogo, Shovel of Hope coloca os jogadores no papel de Shovel Knight na sua missão para descobrir o paradeiro de Shield Knight e derrotar a malvada Enchantress. Para tal efeito, ele terá de derrotar a Order of No Quarter, composta por 8 cavaleiros ao serviço da vilã.

Cada um destes vis cavaleiros encontra-se no final de um dos níveis do jogo (ao estilo de Megaman), que estão dispersos pelo mapa de jogo, em adição a várias outras localizações. Estas incluem postos pacíficos com NPCs para interagir, bem como áreas desafio extra, que possibilitam ao jogador quebrar o ritmo dos níveis principais.

Os níveis propriamente ditos consistem em localizações providas de um visual, plataformas e inimigos únicos, o que faz com que cada uma das zonas do jogo se torne icónica e memorável. Do mesmo modo, são introduzidas e exploradas várias mecânicas por zona que se enquadram na temática do nível e que são eximiamente exploradas e combinadas, sendo clara a confiança que é depositada no jogador de perceber rapidamente como deve usá-las para progredir nos puzzles de plataforma.


A simples travessia destes cenários já apresenta um razoável grau de dificuldade: não só os padrões de certos inimigos deixam limitada margem para erro, mas também são bastante frequentes os momentos em que as secções de plataforma requerem um considerável nível de precisão. Mesmo assim, os mais experientes poderão sujeitar-se a maiores riscos para encontrarem as Music Notes e jóias dispersas pelos mapas.

Apesar de não existir um sistema de vidas, os jogadores não quererão morrer desnecessariamente: de cada vez que Shovel Knight cai em combate, uma parte do seu espólio (proporcional à quantia carregada pelo jogador) ficará no local, sob a forma de 3 bolsas flutuantes. Para as recuperar, o jogador tem de se deslocar ao ponto em que morreu para o recuperar, o que gera interessantes dilemas de risco/recompensa. Porém, muitas vezes as bolsas posicionam-se em locais onde é impossível a sua recuperação, o que poderá desencorajar os jogadores a jogar para além dos seus erros e levá-los a reiniciar o nível.


Isto porque o dinheiro obtido pelo jogador tem vários propósitos: este pode ser investido em aumentos da barra de vida, do número máximo de Magic Points, em novas armaduras com características particulares como maior limite de Magic Points, e em Relics. As Relics são ferramentas que Shovel Knight pode adicionar ao seu arsenal e que vão desde bolas de fogo a invencibilidade temporária, ao custo de Magic Points.

Estes itens são opcionais, porque no cerne do jogo está um tradicional salto e uma arma invulgar: uma pá, denominada Shovel Blade. Com esta, Shovel Knight pode não só atacar diretamente os inimigos diante de si, mas também, após um salto, usar a pá para causar dano nos seres nos quais aterra, tal como Scrooge McDuck em DuckTales. 

Esta inspiração de Shovel Knight não vem por acaso; todo este jogo se propõe a recapturar a “magia” dos jogos da era NES. Assim, o jogo exibe nostálgicos visuais 8-bit, uma banda sonora chiptune sonante e uma estrutura clássica, mas também faz uso das capacidades dos dispositivos atuais para enriquecer a experiência, adicionando, por exemplo, animações mais complexas, ambientes mais detalhados e cores impossíveis na velha consola. Tal como o diretor do jogo disse, o jogo "não é uma representação fiel do que um jogo de NES é, mas sim de como nós o imaginamos", e o resultado foi belo, atingindo um meio-termo ideal entre fidelidade e detalhe.


Plague Knight: um Conto Explosivo

Plague of Shadows não se propõe a dar um abanão completo à fórmula, mas sim a proporcionar aos jogadores uma nova forma de viver a aventura original.

Enquanto a jornada de Shovel Knight decorria, Plague Knight, o alquimista da Order of No Quarter, tinha os seus próprios objetivos a realizar, que implicavam derrotar os seus colegas e a própria Enchantress. Esta nova história decorre, portanto, em paralelo com a original e partilha com ela os seus níveis.


Ao contrário do que esperava, a ausência de novos níveis não tornou a jornada monótona. O repertório de movimentos do Plague Knight é extremamente distinto do empregado por Shovel Knight, o que alterou drasticamente a abordagem aos obstáculos. Enquanto o herói da pá pode instintivamente saltar ou atacar conforme a ameaça que enfrenta, Plague Knight implica uma forma de agir mais metódica e planeada. O seu salto normal é de menor amplitude, mas o alquimista pode recorrer a um segundo salto e a um Bomb Burst para se projetar a uma maior distância, ao custo de um menor controlo sobre a sua trajetória. Do mesmo modo, para atacar, são utilizadas bombas em vez de uma arma de curto alcance. Estas são altamente personalizáveis graças à existência de diversas melhorias que permitem alterar a trajectória do projétil, o tipo de explosão e o tempo de rastilho. Além disso, é também possível usar Arcana, itens que substituem as Relics usadas por Shovel Knight.


Estas modificações podem ser adquiridas através de Cipher Coins, o novo colecionável deste modo. Estas numerosas moedas foram distribuídas pelas regiões do jogo, incluindo por novos segmentos  que nelas foram introduzidos. No entanto, para além destas secções, os níveis são essencialmente os mesmos, pelo que o jogador desde cedo percebe que serão ínfimos os momentos em que estas regiões serão capazes de o surpreender.

Por bem, no resto da experiência, isto não é um problema. Plague of Shadows brilha especialmente nas interações de Plague Knight com os seus lacaios, aliados e inimigos. A mudança de perspetiva altera bastante o paradigma do mundo de jogo e gera deleitosas surpresas nas localizações adicionais do mapa, que são certamente o ponto alto de Plague of Shadows. 


Para conhecerem mais sobre os restantes modos, incluindo as duas ambiciosas campanhas adicionais e ainda outros modos de jogo, podem ler a segunda parte desta análise aqui!


Título: Shovel Knight: Treasure Trove
Desenvolvedora: Yacht Club Games
Publicadora: Yacht Club Games
Ano: 2017-2019

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Nintendo Switch, através de um código gentilmente cedido pela Yacht Club Games.

Autor da Análise: Tiago Sá

[Análise] Shovel Knight: Treasure Trove [NSW] - (1/2) [Análise] Shovel Knight: Treasure Trove [NSW] - (1/2) Reviewed by Tiago Sá on fevereiro 13, 2020 Rating: 5

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