PlayStation 5: Retrocompatibilidade, PS Plus Collection e PS Now na Nova Geração


No dia 19 de novembro, os portugueses começaram a adquirir e a receber as suas consolas da nova geração PlayStation. Durante a promoção da nova consola, a retrocompatibilidade com jogos PS4 foi um dos tópicos mais relevantes para os jogadores, tendo também sido foco de muitas reportagens e de muita especulação. Agora, já com a PlayStation 5 nas nossas mãos, pudemos largar a nossa “velhinha” PS4 (a original), testar esta funcionalidade, verificar como esta está implementada e como afeta jogos adquiridos ou disponíveis de várias formas.
 
Assim, este artigo resulta de cerca de 5 dias dedicados a jogos de gerações anteriores, acedidos na PlayStation 5 através de diversos métodos: (1) comprados digitalmente, (2) comprados fisicamente, (3) disponíveis na PS Plus Collection, e (4) disponíveis na PS Now. Com um misto de jogos exclusivos, produzidos por terceiros, remasterizações e indies, apresentamos o funcionamento de 30 jogos lançados anteriormente à nova geração, na esperança de dar uma ideia completa dos aspetos positivos e das limitações da retrocompatibilidade na PS5.
 
(Nota: a televisão onde estas experiências decorreram não tem capacidade 4K nem HDR, pelo que a ligação a uma televisão mais moderna poderá resultar em experiências de jogo diferentes.)


The Witcher 3: Wild Hunt (2015)
Jogado: uma missão secundária deixada por fazer e alguma exploração
 
A primeira coisa na qual reparei foi o tempo de carregamento muito mais curto. Continua a não ser fenomenal, certamente não carrega tão instantaneamente como outros jogos que se seguirão. Já a nitidez da imagem apresenta-se como bastante melhorada, mais notavelmente nos detalhes da armadura de Geralt. Também os efeitos luminosos se apresentam mais pronunciados. Já o desempenho está consistentemente fixo nos 30fps, não sofrendo qualquer quebra ao contrário do que se via na PS4.
(De recordar que uma versão melhorada nativa está a caminho da PlayStation 5, chegando em 2021)
 
Ghost of Tsushima (2020)
Jogado: do início até ao primeiro confronto com o Khan
 
Este foi o primeiro jogo que experimentei no qual haviam sido explicitamente indicadas as melhorias a esperar na PlayStation 5. De facto, encontrei um jogo com uma imagem muito mais límpida e um desempenho consistentemente nos 60fps, tanto no modo de desempenho como no modo resolução (ambos me pareceram idênticos, embora reconheça que tal se possa dever à minha televisão).  A única exceção a esta consistência prendeu-se com as cinemáticas pré-renderizadas, que continuaram a assentar nos 30fps. Felizmente, as cutscenes renderizadas em tempo real apresentam-se a 60fps, e conferem à generalidade da experiência uma fluidez fenomenal.
 
Doom Eternal (2020)
Jogado: toda a primeira missão da campanha
 
O shooter na primeira pessoa que considerámos ser o melhor de toda a geração anterior apresenta também várias melhorias. Todas as cenas cinemáticas apresentam-se a 60fps, tal como a jogabilidade. No entanto, esta última acaba por não ser tão fluída como esperava, uma vez que a imagem se desfoca bastante enquanto nos movimentamos, algo fulcral e quase constante neste jogo.
(Uma versão melhorada nativa havia sido anunciada para a PlayStation 5, mas com o estúdio agora a pertencer à Microsoft não há certezas se chegará à nova consola da Sony.)
 
Hotline Miami (2012)
Jogado: do início até final do capítulo 3
 
Num dos indies experimentados através de uma instalação digital, não há grande coisa a reportar. A imagem, o desempenho e a resolução do jogo continuam a ser exatamente iguais aos que encontrávamos na PS4. Talvez a cor do jogo tenha sido ligeiramente melhorada, mas se assim é as diferenças são irrisórias. No entanto, a arte pixelizada continua a ser um deleite para os olhos, e a experiência continua a ser bastante prazerosa na nova consola.
 
Fall Guys (2020)
Jogado: três episódios (nenhuma vitória), avançando um nível
 
Outro jogo indie, escolhido por se tratar de uma experiência exclusivamente online. É com deleite que constato que o desempenho se fixou bastante consistentemente nos 60fps, tanto nos menus como nos jogos em si. É bom constatar também que a estabilidade dos jogos foi muito mais bem conseguida na PS5, embora não consiga apontar se tal se deve a atualizações por parte dos produtores ou à melhor placa de rede da consola. De notar que não foi propriamente possível testar os tempos de carregamento, uma vez que se está dependente de 59 outros jogadores online.
 
Saints Row: The Third Remastered (2020)
Jogado: do início até à incrível missão da penthouse
 
Mais um jogo lançado ainda este ano, mas desta vez a remasterização de um título originalmente lançado em 2011. A definição da imagem mantém-se idêntica à encontrada na PS4, sobretudo devido à direção estilística do jogo. Inicialmente estranhei continuar preso nos 30fps até encontrar uma opção nas definições para não fixar o desempenho nesses valores. Após desligar esta opção, toda a ação, jogável e cinemática, correu irrepreensivelmente a 60fps, não importando o quão caótica a mesma se apresentava. Todavia, os tempos de carregamento apresentaram-se idênticos após as missões.
 
Grand Theft Auto: San Andreas (2015, 2004 na PS2)
Jogado: do início até à infame missão de perseguir o comboio
 
Terminando esta secção com um jogo PS2 portado para a PS4, constatei que o jogo corre exatamente da mesma maneira que na consola anterior. A resolução, a nitidez e o desempenho são idênticos, verificando-se ainda os mesmos, mas ocasionais, rasgões verticais na imagem algo notórios, mas que não prejudicam a experiência por aí além. Confesso que não estava seguro se o jogo iria funcionar, por se tratar de um título lançado originalmente no início do milénio, sendo positivo conseguir pô-lo a trabalhar na PS5, ainda que sem melhorias.
 
Conclusões: Foram vários os títulos com melhorias visíveis na vertente gráfica e no seu desempenho. Também os tempos de carregamento foram notoriamente mais curtos na maioria das experiências, tal como havia sido prometido pela Sony. No entanto, fica impressão de que muitas destas melhorias necessitam da intervenção por parte dos produtores dos jogos, e que a consola não os implementa automaticamente, algo que procuraremos averiguar melhor da lista de títulos seguinte.
 

The Last of Us Part II (2020)
Jogado: do início até ao fim da primeira secção com Abby
 
Sendo um jogo lançado este ano, e o grande candidato a melhor do ano, seria de esperar que melhorar esta experiência na nova consola fosse uma das prioridades da Sony. Mas não. É com estranheza, e, admito, algum desalento que verifiquei que nenhuma melhoria foi implementada até à data. Continua a ser uma experiência fenomenal, visual e tecnicamente, mas esperava encontrar um desempenho superior ao passar para uma consola tão mais poderosa. À data, correm rumores de uma versão nativa melhorada para a PS5, mas por enquanto a experiência mantém-se igual à da PS4.
 
Red Dead Redemption 2 (2018)
Jogado: do início até ao resgate de John Marston na neve
 
Mais um dos grandes jogos da geração PS4, e outro jogo relativamente inalterado na nova consola da Sony. A imagem mantém a resolução e a mesma nitidez (que por si só já era bastante impressionante), e o desempenho continua fixo nos 30fps. A única mudança na qual se pode notar diz respeito aos tempos de carregamento do jogo, que estão de facto bastante mais curtos.
 
Dragon Ball Z: Kakarot (2020)
Jogado: alguma exploração, batalhas aleatórias e coleção das Dragon Balls
 
Foi o primeiro jogo que experimentei, sobretudo pelo segundo DLC ter sido a última coisa que joguei na PS4. Os dados gravados na cloud foram recuperados com sucesso (algo que queria bastante, tendo em conta que ainda falta lançar um último DLC para o jogo), mas a experiência em si manteve-se praticamente inalterada. A qualidade de imagem e de efeitos mantém-se, e continua a correr a 30fps, não tendo verificado nenhuma das quebras presentes na PS4. Houve, no entanto, um bug onde um inimigo aleatório andava à minha volta, sem iniciar o combate e prendendo-me no local, pelo que fica a impressão de que mais algum trabalho será necessário para otimizar totalmente a experiência na PS5.
 
Dreams (2020)
Jogado: primeira parte de Art’s Dream, 3 criações novas e 2 criações jogadas anteriormente
 
Mais um exclusivo PlayStation lançado este ano, mas com resultados genuinamente impressionantes. Com a vasta quantidade de criações, não seria de censurar se as melhorias aplicadas não  se aplicassem a todas. Mas não foi o que encontrei. Ao regressar a algumas criações previamente jogadas e das quais gostei e ao experimentar novas criações (sem saber se já foram conseguidas na PS5 ou ainda na PS4), verifiquei que todas correm fluidamente a 60fps e todas carregam muito rapidamente. É difícil apontar mudanças na qualidade geral da imagem, uma vez que depende do trabalho dos criadores, mas encontrei vários efeitos luminoso melhorados em Art’s Dream.
 
Dark Souls 3 (2016)
Jogado: do início até imediatamente antes do boss Vordt of the Boreal Valley

Este foi um jogo ao qual voltei há uns meses na PS4, tendo verificado vários problemas no que ao desempenho diz respeito. Ao lançar o jogo na PS5, devo confessar o meu entusiasmo ao verificar as amplas melhorias neste aspeto, com o jogo a correr agora a 60fps de forma extremamente consistente. Para além disso, parece-me que a resolução da imagem foi também melhorada, não vendo nenhum elemento decorativo a surgir do nada, e os detalhes ambientais e da nossa personagem estão melhores que nunca. Também o carregamento após uma morte foi amplamente reduzido, outra melhoria bastante positiva e que reduzirá a frustração dos jogadores.
 
Dark Souls Remastered (2018)
Jogado: do início até ao boss Taurus Demon
 
Depois de ver as melhorias implementadas no jogo anterior, tinha de experimentar a remasterização do original. Com a sequência cinemática (pré-renderizada) a correr a 30fp, foi bom verificar que toda a jogabilidade decorria a uns estáveis 60fps, o que por si só melhora bastante a experiência. Algumas melhorias nos efeitos luminosos, mas as texturas e os modelos mantêm-se relativamente inalterados. Claro que o grande teste às melhorias seria passar pela infame Blighttown, o que terá de ficar para um dia mais tarde.
 
Minecraft PS4 Edition (2014)
Jogado: do início até contruir uma cabana com cama e encontrar carvão

O único título que se possa considerar indie que tinha na minha coleção de jogos físicos para a PS4. Antes de criar um novo mundo, verifiquei se todas as definições gráficas estavam no máximo, e arranquei para uma nova aventura. Destaco o facto de um carregamento bastante rápido do novo mundo e de o jogo correr consistentemente a 60fps. Quanto ao resto, o jogo apresenta-se exatamente como esperado, com a sua direção artística cubista e colorida intocada. Teria sido agradável ver a tecnologia ray-tracing implementada (tal como já se pode ver na versão para PC), mas parece que teremos de esperar por uma inevitável edição PS5 para perceber se tal vai acontecer.
 
Deadpool (2015, 2013 na PS3)
Jogado: do início até derrotar (e deixar escapar) Chance White
 
Jogo escolhido meramente por estar atualmente indisponível para aquisição, e achei que seria interessante verificar se os jogadores com uma versão física do jogo ainda o poderiam aproveitar. Felizmente, a resposta é sim, é possível jogar este título desde que se tenha uma cópia física (e uma PS5 com leitor de discos, claro). Quanto à experiência de jogo, esta é sem surpresas equivalente à encontrada na PS4, com a mesma nitidez de imagem, o mesmo desempenho a 30fps e com os mesmos congelamentos ocasionais da imagem.
 
Conclusões: Apesar de algumas surpresas, a generalidade dos jogos parece ter recebido melhorias visíveis, algumas das quais bastante importantes para as respetivas experiências, como é o caso dos títulos Dark Souls. No entanto, e visto que alguns dos maiores títulos PS4 não foram notavelmente melhorados, é reforçada a ideia de que cada produtor terá de implementar ou desbloquear algumas das melhorias que a PS5 pode oferecer. Nota positiva para o facto de correr um jogo retirado da circulação, tanto física como digitalmente.
 

Wolfenstein II: The New Colossus (2017)
Jogado: do início até escapar ao assalto de Engel ao nosso submarino
 
Jogo descarregado e não jogado em streaming. Jogo corre geralmente a 60fps, mas não com a mesma estabilidade de tantos outros títulos experimentados. Algumas sequências de ação (p.e., Blazkowicz a voltar para a cadeira de rodas na primeira missão) sofrem de algumas quebras, e as cenas cinemáticas pré-renderizadas continuam fixas nos 30fps. Já a qualidade geral de imagem também parece inalterada, a julgar pelos modelos das personagens menos detalhados quando comparamos com os ambientes ou as armas.
 
Beyond Two Souls (2015, 2013 na PS3)
Jogado: do início até à conclusão da missão na embaixada
 
Jogo descarregado e não jogado em streaming. Jogo que se pode considerar uma remasterização do seu original PS3, e que apresenta algumas melhorias na nova consola. Os modelos das personagens parecem ser mais nítidos, com alguns detalhes (p.e., a transpiração) a sobressaírem. Reparei também na melhoria de alguns efeitos luminosos. Já os ambientes parecem relativamente intocados, e o desempenho continua fixo nos 30fps, o que se lamenta num jogo que aposta tanto em sequências cinemáticas com animações cheias de nuances.
 
Red Dead Redemption (2010)
Jogado: duas missões de Bonnie MacFarlane e uma do Marshal de Armadillo
 
Jogado por streaming, única opção disponível. Basicamente, apresenta o mesmo desempenho e os mesmo problemas que na PlayStation 4. A imagem apresenta-se sempre bastante nublada quando comparada com a presente na versão PS3 original, o que se pode dever à resolução 720p dessa versão. Apesar disso, foi surpreendentemente o jogo no qual encontrei menos problemas de ligação, mas existiram alguns que geraram uma ou outra distorção gráfica.
 
inFamous 2 (2011)
Jogado: do início até desembarcar em New Marais
 
Jogado por streaming, única opção disponível. Mesmos problemas de nitidez de imagem do jogo anteriormente descrito (possivelmente devido à resolução do original), o que foi menos notório nas cutscenes pré-renderizadas. A jogabilidade foi relativamente fluída, com poucos problemas de conexão a ocorrerem, e mesmo quando ocorriam não perturbaram o geral da experiência por aí além. Continua a ser um grande jogo e que, juntamente com o primeiro, deveria ser relançado na atual consola.
 
Sonic Generations (2011)
Jogado: do início até ao boss Death Egg Robot
 
Jogado por streaming, única opção disponível. Mesmos problemas de nitidez de imagem que os jogos anteriores, mas ainda mais notórios nas sequências de alta velocidade e que envolviam uma elevada destruição ambiental. Senti também ocasionais atrasos no input e na ação no ecrã, mas nunca o suficiente para perturbar excessivamente o meu desempenho no jogo.
 
Sonic Adventure 2 (2012, 2001 na Dreamcast)
Jogado: primeira missão e primeiro boss de cada uma das campanhas
 
Jogado por streaming, única opção disponível. Claramente o jogo menos exigente dos que experimentei por streaming, e estranhamente o que mais problemas sofreu. O indicador de problemas de conexão foi uma constante da experiência, levando-me a não querer avançar mais num dos jogos que marcou a minha infância. O ritmo era constantemente perturbado, o atraso no reconhecimento do meu input foi frustrante e levou a muitos saltos falhados, ao ponto de dar por mim a carregar no X duas vezes sempre que precisava de saltar, para garantir que a ação acontecia.
 
Dead Cells (2018)
Jogado: até à primeira morte, que ocorreu perto do fim da Clock Tower
 
Jogo descarregado e não jogado em streaming. Jogo indie com o qual tinha alguma experiência, mas na Nintendo Switch, não na PS4. A vertente visual do jogo apresentou-se mais vibrante do que me recordo, com cores mais vívidas e animações sempre em 60fps. Quando nos movimentamos é mais difícil de perceber o desempenho, uma vez que o plano de fundo fica algo desfocado, mas quando estamos parados ou e atacar inimigos sem nos mexermos muito, o desempenho apresenta aquele valor com bastante consistência.
 
Ape Escape 2 (2002)
Jogado: do início até completar os três primeiros níveis
 
Jogo descarregado e não jogado em streaming. O único jogo onde uma notificação me avisou que o jogo poderia funcionar estranhamente na PlayStation 5. E este aviso foi feito por um bom motivo, já que verifiquei vários erros gráficos no decorrer da experiência. Várias texturas e elementos do ambiente ou da interface do utilizador a piscar, apresentando cores estranhas e distorcidas de cada vez que piscavam. Mecanicamente, o jogo funcionou como seria suposto, e a nitidez geral da imagem era a mesma encontrada na consola anterior
 
Conclusões: Infelizmente, parece que este serviço continua a não ser uma aposta da Sony. Mesmo com uma placa de rede bastante superior à da PS4, algo que pude comprovar com tantos downloads feitos durante o processo de elaboração deste artigo, a qualidade dos jogos em streaming continua muito aquém do ideal. No caso de Sonic Adventure 2, pode até haver alguma questão com a compatibilidade. De resto, os jogos por download funcionam tão bem como os comprados digitalmente, com vários dos títulos a apresentarem melhorias face ao verificado noutras consolas. Também o facto de Ape Escape 2 ter apresentado os problemas descritos reforça um pouco a ideia de ter de haver algum trabalho de adaptação dos jogos à PS5, e não o contrário.


Bloodborne (2015)
Jogado: do início até derrotar o boss Cleric Beast
 
Quem tiver lido o artigo nos nossos jogos preferidos da geração agora passada, encontra lá este título como a minha escolha. Foi, portanto, com entusiasmo que instalei esta versão digital oferecida pela PS Plus Collection. O jogo apresenta algumas melhorias, nomeadamente no tempo de carregamento muito reduzido e na estabilidade do desempenho. No entanto, e tendo em conta as experiências já relatadas com 2 jogos Dark Souls, é estranho verificar que o título continua preso nos 30fps, sobretudo porque este é o que mais teria a ganhar com desempenhos melhorados. Também houve vários problemas de ligação aos servidores.
 
God of War (2018)
Jogado: do início até ao primeiro confronto com “o estranho”
 
Apresenta à partida a opção de um modo de desempenho e outro de resolução. No modo de desempenho, toda a experiência cinemática e de jogabilidade corre constantemente a 60fps, tendo também reparado numa melhor definição de imagem e de detalhes. No modo resolução, o desempenho regressa aos 30fps verificados na PS4, com a diferença na imagem a não ser propriamente notória (o que admito se poderá dever à minha televisão). O tempo de carregamento inicial é também melhor, e o DualSense apresenta um feedback relativamente localizado tanto durante o combate como durante a navegação, sendo o jogo experimentado que mais tira partido do novo comando.
 
Final Fantasy XV: Royal Edition (2018, jogo base em 2016)
Jogado: do início até ao final do primeiro capítulo
 
Depois de um erro aquando da primeira tentativa de abrir o jogo, verificou-se que as sequências cinemáticas pré-renderizadas se apresentam a 30fps. No entanto, tudo o resto neste jogo corre constantemente a 60fps, resolvendo um dos maiores problemas encontrados na PS4. A imagem é também geralmente mais nítida, com cores mais pronunciadas e com detalhes mais notáveis, com a exceção de alguns elementos e obstáculos ambientais, que apresentam texturas um pouco aquém do resto da experiência.
 
The Last of Us Remastered (2014)
Jogado: do início até ao primeiro encontro com Marlene
 
Tal como já acontecia na PS4, o jogo corre muito estavelmente a 60fps, mas desta vez fica a impressão de que as animações são ligeiramente mais fluídas. A qualidade de imagem também foi melhorada, algo sobretudo notado nas sequências cinemáticas, tornando mais suave a transição entre estas e as sequências de jogabilidade. Os tempos de carregamento estão muitíssimo melhores, verificando também que o saltar de uma cutscene me coloca novamente em controlo em menos de um segundo. Algumas texturas ou saturações de alguns elementos ambientais denotam um pouco a idade original do jogo, mas é na PS5 que um dos títulos mais marcantes desta indústria agora se joga melhor.
 
inFamous: Second Son (2014)
Jogado: do início até destruir o primeiro comando móvel em Seattle
 
Mais um jogo que apresenta modos de resolução ou de desempenho. No de resolução, a qualidade de imagem é visivelmente superior ao visto na PS4, os efeitos luminosos devido ao ray-tracing são notáveis e o desempenho fixa-se estavelmente nos 60fps. No modo desempenho, o jogo corre acima de 60fps, e nota-se que o ray-tracing se desliga, mas a qualidade de imagem é, de resto, praticamente idêntica. É talvez o jogo com melhorias mais significativas, e não fosse pelas texturas e animações faciais menos bem conseguidas nas personagens (onde a idade do jogo mais se denota), poderia ser capaz de competir graficamente com o remake de Demon’s Souls.
 
Persona 5 (2016)
Jogado: do início até escapar pela primeira vez do castelo de Kamoshida
 
Talvez o jogo deste serviço com menos melhorias visíveis ao se jogado na PS5. A sequência animada introdutória, a jogabilidade, o combate e as animações mantêm-se todas as mesmas que se encontrava na PlayStation 4, tudo a correr a 30fps. Os tempos de carregamento foram marginalmente melhorados, mas nada de extraordinário ou que impacte claramente a experiência geral. Talvez Persona 5 Royal apresente melhorias mais marcantes, algo que terei de experimentar um dia mais tarde.
 
Crash Bandicoot N. Sane Trilogy (2017)
Jogado: dois primeiros níveis de cada jogo da trilogia
 
Não havendo propriamente um jogo independente nesta coleção de jogos, decidi experimentar aquele que me parece ser o que tinha o orçamento mais baixo. É bom verificar que a qualidade de imagem se apresenta melhorada, sobretudo no que diz respeito aos detalhes ambientais mais nítidos. Os efeitos luminosos também se apresentam mais bem conseguidos, mas o desempenho mantém-se nos 30 fps, ou seja, igual ao encontrado na PS4.
 
Conclusões: Nem todos os jogos incluídos nesta coleção apresentam tantas melhorias como se esperava, mas é também aqui que agora ganhamos acesso aos jogos mais visualmente impressionantes da geração anterior. Algumas das melhorias são verdadeiramente gloriosas, e os detentores de uma PlayStation 5 quererão aproveitar esta nova vertente do serviço PS Plus, mesmo que já tenham experimentado ou completado a maioria destes jogos na anterior consola da Sony.


APRECIAÇÃO FINAL
 
Para uma manufatora que desprezou a questão da retrocompatibilidade durante duas gerações praticamente inteiras, a PlayStation 5 porta-se bastante bem. No geral, as promessas feitas durante a promoção da consola foram cumpridas. A grande maioria dos títulos apresenta melhorias, mesmo que mínimas, e apenas um dos 30 jogos aqui testados apresentou problemas.
 
Apesar de não acontecer em tantos jogos como esperava, são ainda uns quantos que apresentam vastas melhorias. Os jogos Souls correrem a 60fps é uma dádiva, experienciar God of War e Ghost of Tsushima com imagens mais nítidas e detalhadas, e com desempenhos também a 60fps é glorioso, e ver inFamous Second Son a implementar ray-tracing e competir com jogos da novíssima geração no que ao poderio gráfico diz respeito é fenomenal.
 
Mas nem tudo é perfeito, e alguns jogos ficaram aquém do que esperava. Bloodborne continuar preso nos 30fps é contraproducente, The Last of Us Part 2 não apresentar qualquer melhoria (além do esperado tempo de carregamento) é, no mínimo, estranho. Fico com a sincera impressão de que a PS5 é apenas parcialmente responsável pelas melhorias verificadas, tendo de haver algum trabalho por parte dos produtores para preparar os jogos de modo a que tirem máximo partido das capacidades da nova consola da Sony.
 
Também a PS Now continua a apresentar vários problemas com jogos PS3 sobretudo devido ao streaming ainda ser de baixíssima qualidade, e perde expressivamente para o GamePass no que toca à disponibilização de jogos dessa geração e anteriores. Em sentido inverso, a PS Plus Collection apresenta-se como uma oferta muito mais entusiasmante. Sem aumentos de custo associados à subscrição base da Plus, ganhamos acesso a uma excelente e variada biblioteca de jogos da passada geração. Se a biblioteca da PS Now fosse implementada neste serviço, e todos os seus títulos PS1, PS2, PS3 e PS4 pudessem ser descarregados, estaríamos perante um serviço absolutamente fenomenal, tão bom como o da rival Xbox.
 
Concluindo, a grande maioria dos jogos que experimentei corre pelo menos tão bem como na PS4, e vários deles jogam-se melhor do que eu achava ser possível. Muito sinceramente, tal é a vontade que o mais provável é voltar a mergulhar em alguns dos jogos que aqui experimentei e aproveitar as novas qualidades de jogos por si só já excelentes. Posto isto, com licença, que tenho ali um Demon’s Souls à minha espera e fazer-me olhos de cachorrinho abandonado.

Artigo por: Filipe Castro Mesquita

PlayStation 5: Retrocompatibilidade, PS Plus Collection e PS Now na Nova Geração PlayStation 5: Retrocompatibilidade, PS Plus Collection e PS Now na Nova Geração Reviewed by Filipe Castro Mesquita on dezembro 05, 2020 Rating: 5

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