Análise | Midnight Murder Club – Divertido com amigos

Há jogos que nos desafiam com mundos complexos, sistemas profundos e decisões meticulosas. E depois há aqueles que não têm medo de largar todas as regras e abraçar o caos puro. Midnight Murder Club pertence a esta segunda categoria: um jogo onde o suspense se mistura com gargalhadas, onde a tensão anda de mãos dadas com a diversão, e onde cada ronda pode acabar em traições inesperadas, planos desfeitos e momentos imediatamente memoráveis. Mais do que sobreviver, o objetivo aqui é partilhar a experiência — e é isso que o torna tão viciante.

Em Midnight Murder Club, assumimos o papel de misteriosos membros de um clube secreto que se encontram na mansão Wormwood — um labirinto sombrio cheio de armadilhas, brinquedos e surpresas mortais. O jogo combina elementos de ação multijogador assimétrica com objetivos dinâmicos, oferecendo diferentes tipos de partidas, desde os clássicos deathmatch até modos mais estratégicos, como encontrar objetos específicos e depositá-los em locais designados. A exploração já seria por si só tensa, visto que os mapas são pouco iluminados e a luz das lanternas provoca sempre uma sensação de nervosismo, mas o jogo adiciona um elemento decisivo: o chat de proximidade. Aqui, cada sussurro, passo em falso ou respiração mais alta pode ser a diferença entre sobreviver ou ser emboscado. O resultado é uma experiência onde o medo anda de mãos dadas com a comédia — especialmente quando se joga com amigos.

Uma das surpresas mais agradáveis do jogo é a sua simplicidade. Midnight Murder Club não tenta impressionar com sistemas complexos ou controlos elaborados; as mecânicas são diretas, intuitivas e fáceis de compreender. Mas essa abordagem não o torna menos interessante — pelo contrário, mantém o ritmo acelerado, garante que todos se envolvem rapidamente e faz com que cada sessão seja caótica e divertida. Seja para jogadores experientes ou para quem raramente pega num comando, o jogo cria um terreno comum onde todos se sentem parte da ação.

Para quebrar a monotonia, Midnight Murder Club introduz ainda o modo Wildcards, que adiciona modificadores insanos capazes de alterar por completo o rumo a cada ronda. Uma carta pode dar-te o poder de disparar através de paredes, outra pode transformar uma divisão num inferno em chamas — e, de repente, um plano cuidadosamente elaborado deixa de fazer sentido. Essa imprevisibilidade constante mantém os jogadores atentos, forçando-os a adaptar estratégias a cada nova situação.

A mansão Wormwood também não perdoa os descuidados. A cada esquina, os jogadores enfrentam decisões táticas importantes: mover-se nas sombras para evitar serem detetados ou ligar a lanterna e arriscar revelar a posição para obter informação vital. Os itens espalhados pelo mapa tornam a jogabilidade ainda mais dinâmica, permitindo desde vantagens defensivas, como coletes à prova de bala, até opções ofensivas, como cocktails molotov e armadilhas para ursos. Com as escolhas certas, um único jogador pode virar completamente o rumo de uma partida.

Do ponto de vista audiovisual, Midnight Murder Club aposta num visual estilizado, mas envolvente, com cenários escuros, efeitos de luz bem aplicados e um design sonoro que aumenta imenso a tensão. O som de passos no corredor, portas a ranger ou vozes distorcidas no chat de proximidade cria uma atmosfera que reforça o suspense. Apesar disso, os modelos das personagens são relativamente simples e algumas animações podem parecer pouco polidas, o que pode afastar quem procura uma experiência visual mais detalhada.

Nem tudo, no entanto, é perfeito. Por se tratar de um jogo fortemente dependente da interação entre jogadores, Midnight Murder Club pode perder algum brilho quando jogado sozinho ou com grupos desconhecidos — a verdadeira magia acontece em sessões com amigos. Além disso, o design de mapas, embora funcional, pode tornar-se repetitivo ao fim de várias rondas, afetando a longevidade da experiência para alguns jogadores.

No que toca à performance, o jogo apresenta uma boa otimização geral. As taxas de fotogramas são estáveis, mesmo em situações caóticas com múltiplos jogadores e efeitos simultâneos. Ainda existem pequenos bugs ocasionais — como personagens a ficarem presas em objetos ou falhas de colisão —, mas nada que comprometa a experiência global.

Mas garantidamente o maior trunfo do jogo é a Edição Passe de Convidado, que permite que, com apenas uma compra, seja possível convidar até cinco amigos para entrar no caos, sem custos adicionais para eles. Esta funcionalidade torna o jogo incrivelmente acessível e aumenta o seu potencial como escolha para noites de gaming em grupo. É o tipo de detalhe que, por si só, pode determinar se um jogo acaba esquecido na biblioteca ou se se torna presença obrigatória nas sessões semanais.

Conclusão 

No final, Midnight Murder Club cumpre exatamente o que promete: uma experiência cheia de suspense, gargalhadas e reviravoltas, onde cada ronda é imprevisível e cada sessão com amigos se transforma num espetáculo de caos e diversão. Com os seus modos variados, mecânicas simples mas eficazes e a praticidade da edição Passe de Convidado, o jogo consegue unir grupos, criar momentos memoráveis e garantir que ninguém quer deixar a mansão Wormwood tão cedo. Para quem procura um título que combine tensão, comédia e competitividade entre amigos em doses equilibradas, Midnight Murder Club é, sem dúvida, uma escolha obrigatória.

O melhor

• Jogabilidade simples e acessível, mas suficientemente divertida para manter todos envolvidos;

• Atmosfera audiovisual envolvente, com design sonoro e visuais estilizados que reforçam o suspense;

• Edição Passe de Convidado, podendo convidar até 5 amigos, que tenta colmatar a falha de...;

O pior

• ... Dependência de jogar com amigos; perde parte do encanto quando jogado sozinho ou com desconhecidos;

• Mapas podem tornar-se repetitivos após várias sessões;

• Modelos de personagens e animações relativamente simples, o que pode afastar jogadores que procuram maior detalhe visual;

Nota do GameForces: 7.5/10

Título: Midnight Murder Club

Desenvolvedora: Velan Studios

Editora: PlayStation Publishing LLC

Ano: 2025

Autor da Análise: Filipe Martins

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital para a PlayStation 5, através de um código gentilmente cedido pela editora.