A Nintendo Switch 2 está mesmo ao virar da esquina, e é bem provável que muitos de
vocês optem por vender a Switch 1 para financiar a nova máquina. Nunca houve
tanta segurança na hora de abandonar uma consola Nintendo e partir para a seguinte:
não só a quase totalidade dos jogos da Switch será jogável na sua sucessora,
mas as vossas contas, dados de gravação, aquisições e subscrições poderão ser
migradas para a Switch 2 numa transição simples e harmoniosa.
Mas e se eu vos dissesse que pode ser uma boa ideia manter a
vossa Switch 1, não a acumular pó numa gaveta, mas a ser usada lado a lado com a
sua irmã mais nova e poderosa? Abaixo, partilharei as cinco principais razões
pelas quais continuarei a usar a Nintendo Switch como complemento à sua substituta
no mercado; quem sabe, talvez também se apliquem a vocês!
Multiplayer
As funcionalidades multijogador simples, convenientes e convidativas
são o apanágio da Nintendo Switch, e manter duas consolas em simultâneo expandirá
muito as vossas possibilidades de jogo.
Desde logo, não vender a Switch atual (num mercado de usados presentemente saturado) significa que não terão de vender os seus Joy-Con, que serão compatíveis com os jogos da sucessora que não requeiram controlos de rato – evitando gastos em comandos novos para o jogador 2 (ou 3, ou 4). Mas melhor do que sincronizar os comandos da Switch 1 com a Switch 2, é iniciar jogatinas entre as duas consolas através de multijogador sem fios ou online. Desta forma, cada participante terá o seu próprio ecrã de jogo, e poderão competir em títulos como Mario Kart 8 Deluxe e ARMS sem precisarem de jogar em ecrã dividido. No passado, teria de vincar que precisariam de comprar uma cópia do título para cada consola (especialmente por causa da atualização 20.0.0, que impede a utilização de um só jogo digital em duas consolas do mesmo proprietário em simultâneo), mas isso deixará de ser verdade: com a nova funcionalidade GameShare, poderão partilhar certos jogos (ou porções deles) entre uma Switch 2 e outros sistemas Switch 1/2.
Este mesmo GameShare deixou-me entusiasmado quanto ao futuro da comunicação entre consolas quando descobri que, através deste recurso, um comprador de Split Fiction (título exclusivo da próxima geração Nintendo) poderá jogar com um utilizador da Switch 1, presumivelmente por streaming. Tendo em conta a quantidade de consolas Switch nos lares por todo o mundo, não me espantava se alguns desenvolvedores usassem o GameShare como rampa de lançamento para comunicações mais ousadas e imaginativas entre consolas (i.e. um regresso do multiplayer assimétrico ao estilo da Wii U). Estamos num campo de achismos mas, a concretizar-se, deixará alguns arrependidos a pensar “ahhh, se eu não tivesse vendido a minha Switch…”
Biblioteca de jogos extensa (e compatibilidade com microSD)

Se forem minimamente parecidos comigo, construíram uma biblioteca
maior do que gostariam de admitir nos 8 anos da geração Switch. Para quem o fez
atafulhando a casa de caixas de plástico e cartões de jogo azedos, está tudo
OK, podem saltar para o próximo ponto. Mas se o fizeram com compras digitais, a
coisa pode pintar feia muito rapidamente.
Só o ato de migrar a vossa biblioteca digital para a
Nintendo Switch 2 pode acarretar custos adicionais. Os cartões microSD normais que
usamos na predecessora pura e simplesmente não são compatíveis com
a sua substituta, que só aceita cartões microSD Express. Estando atentos a promoções na Amazon espanhola,
facilmente conseguem um microSD de 512GB por 40 euros, ou um de 1TB por 75€; já
com os Express, não têm escolha senão arrotar 60 euros por uns módicos 256GB (no
momento da publicação). Portanto, não será melhor continuar a jogar na Nintendo
Switch 1 os títulos sem upgrades?
Há também que ter em conta que quem compra uma consola a estrear-se no mercado não está apenas de olhos no passado. Temos pela frente anos de jogos mais expansivos, mas estes chegam com um preço: instalações mais parrudas. Podem até prever conter-se, mas com um Cyberpunk 2077 aqui, um Elden Ring acolá, baterão no teto dos 256GB de armazenamento da consola num piscar de olhos. Esta gestão torna-se ainda mais difícil com o lançamento de jogos físicos da Switch 2 como “Cartões de chave de jogo” (Game-Key Cards), que exigem uma instalação digital dos conteúdos do título. Não tardará muito até terem de decidir quais jogos permanecem instalados a tempo inteiro, e essa escolha torna-se muito mais fácil quando podem alocar uma porção da biblioteca a uma segunda consola.
Ergonomia
Se não estiver em circunstâncias bem específicas,
não me vejo a usar a minha Switch 2 fora de casa. Não por me faltar vontade, mas por
uma questão de exequibilidade: a Switch (1/OLED) já roçava o limite do que considero
um dispositivo portátil, e o volume acrescido da consola sucessora torna
impraticável transportá-la em bolsas compactas ou bolsos.
Consequentemente, o tamanho mais reduzido da Switch (e especialmente
da Lite) dá-me a certeza de que será a consola atual da Nintendo a minha
companheira do dia a dia. Porém, os benefícios de jogar no modelo antigo não
ficam por esta comodidade: por um lado, a Nintendo Switch Lite é a única consola atual da
Nintendo com um DPAD de qualidade, sem asteriscos ou parêntesis; por outro, a Switch OLED
é, espantem-se, OLED, beneficiando de cores mais vibrantes e pretos
verdadeiros. Convenhamos que as primeiras impressões do ecrã LCD da Nintendo
Switch 2 são francamente positivas, mas tal como São Tomé, preciso de ver para
crer. Até lá, ninguém me tira das mãos a OLED!
Outra vantagem da OLED e, em menor grau, dos outros modelos
da Switch 1, é a bateria. A estimativa oficial da Nintendo para a autonomia da consola
sucessora é de 2h a 6h30; por seu lado, a da Switch OLED é de 4h30 a 9h e a da
Switch Lite é de 3h a 7h. Se jogarem longe da tomada, é nestas consolas mais antigas
que poderão espremer o máximo de tempo de jogo.
Apoio de empresas terceiras (e, a curto prazo, da Nintendo)
Não sabemos como o futuro moldará a base instalada da consola híbrida, mas o que sabemos é que, em 2024, 129 dos 150 milhões de consolas Nintendo Switch vendidas foram utilizadas pelos jogadores. Esta estatística mostra uma retenção de público impressionante e, mesmo que os utilizadores vão saltando para a sucessora, é natural que uma percentagem significativa continue a violentar botões na máquina atual. Afinal, estamos em pleno 2025 e ainda existem tantas consolas PS4 em uso ativo como PS5s!
Isso significa que, a médio prazo, os desenvolvedores têm uma
perspetiva de retorno em novos lançamentos para a plataforma legado. Há jogos que,
por força dos seus requisitos de hardware, são inviáveis
na Switch 1; porém, podem crer que os jogos mais humildes, como indies e
AA estilizados, continuarão a chegar à sua loja digital. A própria Nintendo mostrou
querer manter a consola viva mais uns tempos, anunciando títulos como Rhythm Paradise Groove e Tomodachi Life: Living the Dream para 2026. O risco para as
empresas é mínimo: como os jogos da Switch 1 poderão ser comprados e vivenciados
na Switch 2, nenhum consumidor é deixado de fora quando uma equipa de
desenvolvimento prioriza a consola mais antiga.
Portanto, mesmo que ignorem o vosso backlog (é para
isso que ele existe!), não vos faltarão jogos inéditos para experienciar na Switch 1 pelos anos vindouros.
Compatibilidade com acessórios
Há que tirar o chapéu à Nintendo: todos os acessórios Switch
1 que teoricamente podiam ser compatíveis com a Switch 2 efetivamente o são. Porém,
ainda há mérito na seleção que fica de fora.
Talvez possuam múltiplas docks da Switch, e estejam a usufruir
de uma experiência em múltiplas TVs. Assim que descartarem a vossa máquina mais
antiga, estão também a descartar esta conveniência extra (pelo menos até a
Nintendo disponibilizar bases da Nintendo Switch 2 para venda separada e vocês
reiniciarem todo este investimento). Ou então conhecem o conforto de um Split
Pad Pro/Compact ou de outro comando/grip para o modo portátil, ou se
calhar usam o Flip Grip para jogar shoot ‘em ups verticais, ou…
Enfim, existe uma pletora de acessórios que melhora a experiência com o hardware híbrido da Nintendo e que, pelo menos na janela de lançamento, não terá uma alternativa equivalente para a Switch 2 no mercado.

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