Análise | ENDLESS Dungeon - Sem fim? Que bom!

Há certos jogos que nos prendem pela história, outros pela dificuldade que acarretam, outros pela jogabilidade. Já os jogos de defesa de torre, a mim, prendem-me pela sua componente estratégica e pelo multitasking que muitas vezes é necessário. Alguns títulos marcaram o género, como Orcs must die! ou Dungeon Defenders, que já tem ambos  inclusive várias continuações. Será que ENDLESS Dungeon se destaca, ou deixa cair a sua torre por terra?



A história apresenta-se de uma maneira bastante simples e minimalista, como é comum em títulos do género. Desta feita, a nossa nave espacial anda à deriva até alcançar uma estação espacial (cheia de estilo cabe-me desde já informar). Aqui iremos encontrar vários heróis presos, onde a única maneira de se libertarem passa por colocar a estação em movimento. Para isso, um deles terá de alcançar o CORE com um cristal, dando assim novamente energia total ao local.

E é aqui que entramos em cena.



Para chegarmos ao CORE, temos que descer vários níveis distintos, onde o seu layout vai sendo criado aleatoriamente.  Iremos controlar uma equipa de 2 a 3 personagens (todos eles magnificamente caracterizados e cheios de um carisma único) para proteger o cristal que está colocado num robot.

ENDLESS Dungeon é uma mistura única de roguelike, ação tática e defesa de torres, apresentando alguma originalidade a estes estilos de vídeo jogos. Enquanto temos que proteger o cristal, necessitamos de explorar o mapas, abrindo diversas portas, até descobrir a que nos leve ao nível abaixo. Mas se a premissa parece ser demasiado simples, tudo o que acontece durante a exploração requer algum pensamento e análise. Enquanto exploramos o mapa e  abrirmos as portas, vamos encontrar os pontos onde se materializam os inimigos e a cada porta aberta, cria-se diferentes rotas entre os inimigos e os nosso cristal, o que nos obriga a premeditar que ações tomar. Gostaria de talvez sentir os mapas ligeiramente maiores, pois apesar de aumentar a dificuldade, traria uma maior longevidade ao título.

Já na vertente "Tower Defense", para nos ajudar na demanda de protegermos o robot (apelidado de Krabbie, à semelhança de um caranguejo metalizado), podemos criar diversas torres em locais específicos que atacam os monstros que se aproximam delas.




Durante o reconhecimento do mapa, iremos ainda encontrar dois tipos de máquinas distintas: uma para evoluir as nossas personagens e outra para evoluir e/ou pesquisar novas torres. Estas ocasiões surgem constantemente de forma aleatória, e muitas delas contam com também um aspeto negativo associado. Exemplificando, podemos escolher uma evolução para uma personagem que dê mais 10 de dano ao inimigo, mas que baixe a defesa 5 pontos, fincando novamente a sensação de estratégia despoletada pelas decisões do jogador.
Complementarmente, existem ainda armas que surgem nos diversos baús espalhados pelos cenários. Estas são dotadas de diversos variados elementos, que contrastam com as fraquezas e resistências dos diferentes géneros de inimigos. Neste ponto, senti que o jogo beneficiaria de um leque maior de inimigos, e que dentro do mesmo grupo, as diferenças pudessem ser mais acentuadas.

Outros aspecto que transforma este jogo em algo único, passa pela possibilidade de evoluir o pequeno robot cheio de pernas. Para isso teremos de o obrigar a recolher um item especifico, que também aparece aleatoriamente em qualquer andar. O problema que isto coloca é que, enquanto o robot se move, as ondas dos inimigos tornam-se infinitas,  obrigando-nos a organizar e a traçar estratégias do caminho de ida e volta.




Com a inclusão de todas estas especificidades, ENDLESS Dungeon consegue eliminar um ponto que costuma ser recorrente no género: a repetição da jogabilidade. Alías, nesta vertente, salientamos ainda a mecânica associada à derrota. Quando morrermos, ou o nosso cristal ficar destruído, não será em vão! Com uma interessante vertente cómica, cada morte faz-nos voltar ao salão principal, onde podemos evoluir as armas recolhidas, pontos específicos de cada personagem e até desbloquear um banda musical completa para ir tocando enquanto estamos neste espaço. Também têm direito de ouvir musica no espaço certo?

E falando de musica, esta faceta está deliciosa. Uma musicalidade "futurista", meio western, melancólica e que nos envolve bastante. A música que podemos ouvir no salão é composta e tocada no jogo por Lera Lynn, que aconselho vivamente a pesquisar mais sobre a discografia dela. Mesmo a sonoplastia do resto do jogo, os sons dos nossos personagens, dos monstros, das armas etc., está muito bem trabalhada e interliga com a azáfama dos loops que vamos vivendo.




O grafismo está associado a um estilo colorido e dinâmico semelhante a vários filmes de animação e bandas desenhadas. A luminosidade está carregada de uma dualidade propositada, entre a escuridão de um lado não explorado, com os pontos de luz de cada ponto inspeccionado... tudo isto sem qualquer quebra da taxa de fotogramas para manchar a pintura. 

Quem quiser uma experiência mais descontraída poderá optar por opções de dificuldade mais baixa, mas que mesmo assim não invalida uma certa concentração para ultrapassar os diversos níveis. Já os mais resistentes poderão fazer o oposto para uma experiência mais exigente e estratégica.




Numa nota final e que nada reflete a experiencia que ENDLESS Dungeon me proporcionou, este estilo de jogo trás uma componente de co-op associada, permitindo imaginar umas partidas de valor acrescentado nesta vertente. Contudo e infelizmente, nas várias tentativas que tentei de juntar-me ou hospedar alguma partida, nunca encontrei um jogador ou jogo disponível. Portanto, prezados leitores, se após a leitura desta análise se sentirem compelidos a adquirir ENDLESS Dungeon, comuniquem para fazermos umas partidas... de certo será uma experiência bastante interessante para todos!

Conclusões

É sempre uma lufada de ar fresco, quando aparece algo original. Em ENDLESS Dungeon, apesar de os vários géneros que trás na bagagem não serem propriamente novos, os vários pormenores retirados à lupa de cada um deles e interligados entre si, formam uma mistura coesa, nova e bastante agradável. Aliado ao carinho que incluíram na vertente musical, é sem duvida um título a ter na nossa biblioteca.


O Melhor:

  • A ligação de vários géneros de jogos bem conseguida;
  • Capacidade de eliminar a monotonia da repetição inerente ao estilo,
  • Banda sonora penetrante;
  • Vertente cómica

O Pior:
  • Poderia haver uma maior variedade de inimigos;
  • Mapas ligeiramente curtos;


Pontuação do GameForces – 8.5/10


Título: ENDLESS Dungeon
Desenvolvedora: Insomniac Studios
Publicadora: Sony Interactive Entertainment
Ano: 2023

NotaEsta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PlayStation 5, através de um código gentilmente cedido pela Sony Portugal


Autor da Análise: Filipe Martins 




Análise | ENDLESS Dungeon - Sem fim? Que bom! Análise | ENDLESS Dungeon - Sem fim? Que bom! Reviewed by Filipe Martins on novembro 07, 2023 Rating: 5

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