[Análise] Luigi's Mansion 3 [NSW]


   

Após os eventos do Luigi's Mansion original seria de se esperar que Luigi e os seus amigos do Mushroom Kingdom fossem capazes de reconhecer o quão duvidoso poderá ser um convite para uma estadia num resort de luxo, mas parece que não. No entanto, não me queixo desta ingenuidade: é graças a esta cilada que Luigi tem uma desculpa para assumir novamente o papel de caçador de fantasmas e descobrir os segredos que se escondem em mansões assombradas.

Quando digo mansões... refiro-me a hotel. Com a transição para a Nintendo Switch, a nova aventura de Luigi adquiriu uma maior escala: desta vez exploramos um hotel, que é vivo e dinâmico como nenhuma das mansões dos jogos anteriores foi. Ao contrário dos titulos precedentes, nos quais a maior parte dos objetos estavam fixos ao chão, em Luigi's Mansion 3 praticamente tudo pode ser aspirado, soprado ou atirado.

Este salto para a híbrida da Nintendo é também evidente na melhoria do nivel do detalhe e da animação das personagens. As personagens Mario, Luigi, Peach, E.Gadd e King Boo estão mais expressivos do que nunca, e a todo o momento é possível apreciar as reações do Luigi em relação ao que o rodeia. Estas são ainda mais impressionantes quando se tem em conta que uma boa parte dos jogadores não verão muitas delas!


Do mesmo modo, cada um dos 17 pisos do hotel possui uma temática, uma aparência e também uma estrutura diferente. Esta riqueza em ambientes beneficia a diversidade na experiência e permite a introdução de novas mecânicas a cada piso. No entanto, ela acaba por prejudicar a imersão: vários pisos do hotel, como o da pirâmide egípcia, transmitem a sensação de serem áreas de jogo mais do que uma plausível área de um hotel. Além disso, a interação entre os pisos e o incentivo para regressar a áreas já completadas são nulos, pelo que cada uma destas acaba por funcionar como um nível isolado numa experiência estritamente linear na qual o elevador funciona como um meio de escolha dos níveis, que esconde os loadings ao estilo de Mass Effect.


De facto, o único motivo para regressar a regiões já terminadas é a procura dos coletáveis do jogo: dinheiro, jóias e Boos. O dinheiro é atirado a cara do jogador em praticamente todas as suas interações com o meio e pode ser investido em itens que ressuscitam Luigi quando os seus pontos de vida são esgotados ou que indicam a localização de um Boo ou uma Gem. Estes itens apresentam apelo limitado consoante o estilo de jogo de cada indivíduo, pelo que é sentida a falta de um sistema de melhorias do Poltergust similar ao presente em Luigi's Mansion: Dark Moon.

Por seu lado, as jóias recompensam aqueles que exploram de forma mais minuciosa e atenta o hotel, sendo a jornada por si só inerentemente gratificante. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito dos Boos. A forma de encontrar e capturar estes fantasmas é igual para cada um dos 16 escondidos nos pisos, pelo que a sua caça é um processo monótono que, não tendo qualquer impacto na história, serve apenas como uma forma desinteressante e artificial de aumentar o conteúdo do jogo.


Felizmente, a diversidade ausente nesta vertente do jogo está a transbordar ao longo de toda a campanha. Cada piso é marcadamente diferente do anterior e apresenta o seu Boss Ghost específico, com uma personalidade e atividade distinta (em contraste com os fantasmas genéricos presentes transversalmente na aventura, que apresentam uma gama de ações mais limitada do que as dos fantasmas de Dark Moon). Cada um destes tinha algo interessante e único a oferecer, mas foi uma pena ver cada um deles a surgir e ser descartado a um ritmo estonteante.


Para esta campanha variada contribui em larga medida o repertório de ferramentas à disposição de Luigi, que é o mais amplo da série. A Dark Light e Strobulb de Luigi's Mansion: Dark Moon regressam nesta iteração, mas são várias as novas adições ao arsenal. Estas incluem o Suction Shot, que aumenta os objetos com os quais se podem interagir, até mesmo aqueles na posse de fantasmas; Burst, que permite escapar de ataques rasteiros e afastar fantasmas em grupos; e por último, Gooigi, um clone do Luigi feito a partir de matéria fantasmagórica.

Este doppelganger é capaz de realizar exatamente as mesmas ações de Luigi, mas com algumas características específicas que o tornam crucial para vários dos enigmas do hotel. Não só isso, mas é também a personagem usada pelo segundo jogador em co-op. Embora tenham sido limitados os momentos em que joguei a aventura acompanhado, estes foram excelentes, uma vez que a forte componente puzzle associada à exploração da mansão encoraja a comunicação e interação entre os dois jogadores.


E, obviamente, não nos podemos esquecer do Poltergust, que continua a ser importante para a exploração e a representar o cerne dos combates. Para capturar um fantasma, o jogador deve atordoá-lo com a Strobulb e em seguida usar o Poltergust para depletar os seus pontos de vida. Mas agora há um novo toque final: com o movimento Slam, Luigi pode atirar os fantasmas que está a capturar contra o chão e derrubar estrategicamente inimigos que estejam prestes a atacá-lo.

Esta dinâmica confere ao jogo o processo de captura de fantasmas com maior nuance dos jogos da série. Contudo, não demorará muito até o jogador automatizar o processo de capturas de fantasmas (talvez tivesse sido melhor que o tempo até se poder usar Slam fosse maior). Mas Luigi's Mansion 3 é mais do que a soma das suas partes: o jogo não possui significativa dificuldade ou complexidade, e é portanto a combinação dos puzzles, exploração e combates em doses bem ponderadas e a enorme variedade presente que mantêm a jogabilidade interessante e impedem a instalação de sentimentos de monotonia ou repetição.


E, de facto, é a confiança nas mecânicas fundamentais de captura e exploração que justifica Scarescraper. Neste modo multiplayer, até 8 jogadores podem abordar uma torre proceduralmente gerada para conseguirem completar uma série de objetivos, como capturar fantasmas ou obter dinheiro, com um limite de tempo. Embora o modo seja divertido, ele apresenta-se mais limitado do que a contraparte no jogo anterior, devido a modificações como a diminuição do número máximo de pisos por sessão, a impossibilidade de escolher o tipo de missões a realizar (que neste jogo são escolhidas aleatoriamente a cada piso) e a eliminação de propósito do dinheiro. Além disso, foram adicionados vários elementos que tornam imperativo o planeamento e a interação entre jogadores, e que tornam mais evidente o quão arcaicas as opções de comunicação disponíveis são.

Mas este não é o único modo multijogador que Luigi's Mansion 3 apresenta: totalmente novo à série, ScreamPark inclui várias atrações para até 8 pessoas. No entanto, estas são bastante simples e apenas são capazes de entreter os participantes em pequenas doses e a curto prazo, servindo o papel de pequenas distrações para quem quer fazer uma breve pausa da campanha principal. 



Conclusão

Embora Luigi possa discordar, a estadia neste hotel é sem dúvida uma experiência que qualquer um com uma Nintendo Switch quererá ter. Desde o Modo História recheado de surpresas e ideias até aos modos multijogador que aumentam a longevidade do jogo, Luigi's Mansion 3 proporciona uma aventura divertida e memorável. Contudo, possui vários pequenos problemas que em conjunto são difíceis de se negligenciar.


O melhor

- Exploração recompensante;
- Visuais e animação impressionantes;
- Uso exímio do arsenal de Luigi;
- Boa componente cooperativa;

O pior

- Dinheiro não tem propósito real;
- Escassez de música notória;
- Scarescraper piorado.

Pontuação do GameForces: 8.5

Título: Luigi's Mansion 3
Desenvolvedora: Next Level Games
Publicadora: Nintendo
Ano: 2019

Artigo por Tiago Sá
[Análise] Luigi's Mansion 3 [NSW] [Análise] Luigi's Mansion 3 [NSW] Reviewed by Tiago Sá on dezembro 19, 2019 Rating: 5

1 comentário:

  1. Análise épica!!!! Luigi visits Gravely's Weird Tower-like hotel é um jogo cheio de charme e originalidade. Bom trabalho do autor!

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