Se atentarem nas restantes categorias de prémios dos GameForces Awards, este artigo parece uma anomalia: este é o único conjunto de galardões centrado num gênero de jogos. Como assim fomos distinguir os multiplayer e não os RPGs, platformers, action-adventure, pay-to-win games, ou snail simulators?
Os últimos doze meses foram mais notórios pela negativa com os seus gigantescos flops, mas isso não significa que não existem jogos excecionais para equilibrar a balança; sem mais rodeios, conheçam as nossas escolhas para os melhores jogos multijogador de 2025 (e em diante, porque não os vamos largar tão cedo)!
Carlos Silva - Split Fiction
Split Fiction tornou-se o meu jogo multiplayer preferido deste ano porque, ao contrário de tantos títulos que dominam o género, oferece exatamente aquilo que procuro quando jogo acompanhado: cooperação, criatividade e momentos genuínos de partilha. Não sendo grande fã de multiplayer (sobretudo daqueles mais agressivos e centrados em competição) este jogo surge como a exceção perfeita. Aqui, ninguém está a tentar ser melhor do que o outro; estão simplesmente a trabalhar juntos, a resolver problemas e a aproveitar uma experiência pensada para dois. E é nessa simplicidade bem construída que o jogo encontra a sua força.
As sessões com o meu filho mais novo encaixaram na perfeição com o ritmo e o espírito de Split Fiction. Os puzzles têm aquela mistura ideal entre originalidade e acessibilidade: oferecem desafios que obrigam ambos a pensar, comunicar e experimentar, mas nunca ao ponto de se tornarem frustrantes. Cada mecânica nova parece surgir no momento certo, sempre com um toque criativo que mantém o entusiasmo vivo. São quebra-cabeças que não dependem apenas de lógica, mas também da forma como as duas personagens interagem com o ambiente e entre si e isso reforça ainda mais a cooperação entre os jogadores.
A relação entre as duas personagens é outro dos elementos que tornam Split Fiction especial. Não é apenas um jogo de resolver problemas; é um jogo sobre conexão, sobre duas figuras que precisam uma da outra para avançar, e que vão crescendo juntas ao longo da história. Essa dinâmica emocional, leve mas bem construída, dá profundidade às sessões que partilhei com o mais pequeno. Há humor, há momentos de calma, há pequenas vitórias que sabem sempre melhor quando são divididas. E isso transforma o jogo numa experiência que ultrapassa o ecrã.
No fim, Split Fiction destaca-se porque não me obriga a gostar de multiplayer: conquistou-me pela sua autenticidade, pela criatividade dos puzzles e pelo tempo de qualidade que proporciona. É o tipo de jogo que mostra como o género pode ser acolhedor, divertido e perfeito para criar memórias… especialmente quando jogado lado a lado com alguém especial.
Filipe Martins - Elden Ring: Nightreign
Esta foi, para mim, a categoria onde mais tive dificuldade em definir um vencedor. Títulos como ARK Raiders, Battlefield e Split Fiction merecem também destaque e deixaram-me bastante indeciso na atribuição deste prémio: cada um traz algo único para a mesa. ARK Raiders oferece aquela tensão constante em exploração e encontros imprevisíveis com outros jogadores, Battlefield entrega batalhas épicas em larga escala com muita destruição de cenários pelo meio, e Split Fiction mostra como a cooperação e criatividade podem transformar cada nível num pequeno espetáculo.
Mas a vitória vai para… drum rolls, sff… Nightreign!
Acabou por se prender a algo mais pessoal: o grupo de amigos que conheci no jogo e o sentimento genuíno de conquista a cada boss derrotado e a cada expedição concluída com sucesso. Não sendo eu propriamente um jogador de souls, a evolução que senti como jogador após cada sessão foi clara — pelo menos para mim. Talvez os meus amigos discordem. Temos pena.
Há algo em partilhar estas experiências num mundo vasto, desafiante e em constante evolução que torna cada vitória memorável. No fim, Elden Ring: Nightreign não é apenas sobre mecânica souls ou design de mundo incrível — é sobre histórias, gargalhadas e momentos épicos com amigos, que tornam cada sessão algo verdadeiramente especial.
Carlos Cabrita - Fortnite (Chapter 6: Mini Season 2)
Nunca fui propriamente um grande fã de Fortnite. Tenho vários amigos que jogam regularmente e que me convidam a juntar-me a eles, mas o jogo e o seu universo nunca conseguiram prender-me por completo. Ainda assim, essa realidade mudou, mesmo que temporariamente, com a chegada da expansão temática dedicada a The Simpsons.
Esta atualização conseguiu algo raro: despertar interesse em alguém que, à partida, não se sentia atraído pelo jogo. A possibilidade de explorar uma versão enorme e detalhada de Springfield, aliada à presença de personagens icónicas da série, criou um espaço multiplayer genuinamente divertido, reconhecível e convidativo, sobretudo para quem cresceu a acompanhar The Simpsons.
O grande mérito desta expansão está na forma como promove a interação entre jogadores. Springfield não é apenas um cenário visualmente apelativo, é um espaço pensado para ser vivido em conjunto, explorado, partilhado e redescoberto em grupo. A componente social, sempre central em Fortnite, ganha aqui uma nova dimensão, sustentada por nostalgia, humor e uma identidade fortíssima.
Mesmo que o meu envolvimento com o jogo tenha sido limitado ao período desta atualização, isso não diminui o seu impacto. Pelo contrário, o facto de conseguir atrair jogadores fora do seu público habitual é a prova do sucesso da experiência. Por essa capacidade de reinventar o multiplayer e criar momentos memoráveis em comunidade, a expansão The Simpsons de Fortnite é a minha escolha para Melhor Multiplayer do Ano.
Tiago Sá - Split Fiction
Malta, eu estou a recordar os meus tempos com Split Fiction, e a rir-me, e a escrever isto, e a rir-me. Desbragadamente, diga-se de passagem.
Estou a rir-me com o jogo, pelos mil e um cenários mirabolantes para os quais me atirou, denotando sempre um toque de originalidade e galhofa mesmo quando importa ideias das suas inspirações gritantemente óbvias.
Estou a rir-me do jogo, pelo seu argumento estapafúrdio saído dos rascunhos de uma criança de 8 anos. Pelas suas referências culturais toscas e comentários embaraçosamente supervacâneos, proferidos por duas protagonistas comicamente antagónicas e unidas numa das histórias mais estupidamente previsíveis de que tenho memória.
E estou a rir-me lado a lado com o caro colega com quem privei as minhas horas com Split Fiction. O nosso companheirismo e espírito boémio foi a cola que uniu todos os elementos celulares da jornada. Foi neste contexto que tanto a excelência como o ridículo da obra da Hazelight se provaram catalistas constantes de regozijo e gargalhadas e que o formato cooperativo provou não só engrandecer a experiência, mas validar em essência a sua existência.
Reviewed by Tiago Sá
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dezembro 26, 2025
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