Análise | Persona 4 Golden - De Volta às Origens

Mais um ano que começa, e no mundo dos videojogos, com tanta coisa prometida para este ano pelas editoras, nome sonantes e alguns Indies que temos debaixo de olho, podemos dizer que 2023 promete! Para ajudar os nossos leitores temos um artigo, que podem ler aqui, com os 20 jogos mais aguardados para este ano!

E pronto, terminando a publicidade, vamos lá então à minha primeira review deste ano. E começamos com um jogo que originalmente foi lançado em ... 2008! Falo de Persona 4 que saiu para a Playstation 2 em 2008, e depois em 2012 a versão Persona 4 Golden para a Playstation Vita.

Mas será que um jogo com tantos anos de existência merece estar nas nossas consolas em pleno 2023?


Depois do sucesso mediático de Persona 5, que o fez receber excelentes criticas e tendo eu já jogado na minha adolescência o Persona 3, estava curioso o que esta versão remasterizada de Persona 4 Golden me faria sentir. Um misto de reviver o passado, ligado à paixão de tenho por JRPG, é sem duvida uma boa combinação... certamente potenciando a minha expectativa ao entrar nesta experiência. Infelizmente ter já jogado Persona 5, trouxe-me um sabor agridoce e quem também já tem essa bagagem, durante o resto da análise vai identificar facilmente o porque desta sensação, começando já pela história.

O nosso jovem protagonista vêm de uma grande cidade, mas devido aos pais terem que viajar, foi mandado para uma pequena aldeia para viver com o tio. Como adolescente, a rotina passa por ir às aulas, conhecendo assim os restantes membros da futura equipa. 

Apesar de ser uma pequena aldeia pacata, pessoas começam a desaparecer e aparecem passados alguns dias  mortas, criando uma aura meio tenebrosa. Quando uma colega de turma desaparece, a nossa (ainda) pequena equipa decide investigar, descobrindo o "Midnight Chanel". Através de uma televisão, entram numa dimensão onde as pessoas desaparecidas estão "capturadas" até aparecerem mortas, criando aqui uma brecha de tempo para as socorrer. Com o desenrolar da história, a nossa equipa vai percorrendo cada programa de televisão desenhado à imagem das personalidades e medos das vitimas, como se de uma masmorra se tratasse para no final de cada uma terem a hipótese de as salvar.



Toda esta história está envolta em muito mistério, torna-se bastante empolgante para o jogador, apesar da se tornar meio repetitiva, no sentido de seguir constantemente a mesma estrutura: desaparecimento;  programa de TV; chegar ao ultimo piso; salvar pessoa. Felizmente, cada passo dado trás mais uma pequena peça a este puzzle, com súbitas reviravoltas deveras interessantes. Esta vertente do jogo desenrola-se por dias e semanas, com estes dias separados por manhas, tardes e noites. Durante esses momentos temos várias atividades disponíveis, providenciando aqui alguma liberdade de escolha ao jogador, desmembrando o sentimento de repetição refletido pelas "masmorras".  

Caberá ao jogador, durante este tempo livre,  decidir se quer aumentar algumas capacidades do nosso protagonista, melhorar as ligações entre a nossa equipa, estudar para os exames, trabalhar, entre outras atividades. Apesar de esta escolha ser livre, o jogo relembra-nos que temos só até um determinado dia para terminar cada masmorra, com o risco de sofrer um gameover a meio da nossa jornada. Temos então que fazer uma gestão criteriosa do que queremos fazer em cada determinado dia. Este é um aspeto essencial, pois com a boa caracterização feita (não só das personagens principais, como também das secundárias) e vários momentos cómicos para destoar do ambiente pesado de assassinatos, facilmente podemos perder o foco no objetivo do jogo. Para ajudar nesta gestão, a editora adicionou uma novidade que passa pela possibilidade visualizar a escolha que outros jogadores fizeram naquele determinado momento do jogo, criando aqui um sentimento de cooperação.



Quem jogou Persona 5 começará desde já, certamente,  a encontrar similaridades entre ambos os títulos. Principalmente, a estrutura progressiva da aventura e o próprio enredo são bastante idênticos. Este aspecto, nem seria demasiado problemático, não fosse a questão das próprias personagens serem demasiado similares entre si! Os estereótipos da nossa equipa são exactamente os mesmos. Existe  o colega tímido, o extrovertido, o estudioso, viciado em exercício físico, etc. Ao associar estes elementos todos, com uma história bastante similar, revela uma experiência que é claramente a inspiração para o que foi feito em Persona 5. Portanto, quem jogou esse título anteriormente poderá aqui sentir alguma repetição e o dissabor que falámos inicialmente.



Não obstante, não podemos afirmar que Persona 4 não vale a pena jogar. Muito pelo contrário. A sua ambientação, a caracterização de personagens, a componente viciante das batalhas e coleção  de demónios, deixa para trás grande parte desta associação em demasia a outra experiência. Este aspeto leva-nos de volta aos Shows da TV e em particular às batalhas que por lá acontecem.


Cada membro da nossa equipa têm uma Persona, uma espécie de demónio com magias diferentes e que reflecte aspectos da sua personalidade. Já o personagem principal é o "Joker" do baralho, podendo assumir diversas Personas no seu interior. Isto permite durante as batalhas, afinar a nossa estratégia consoante as fraquezas do inimigo, para assim aumentar o cenário de vitória. Os combates desenrolam-se por turnos, onde o começo é decidido pela maneira como abordamos inicialmente o inimigo no mapa. Se o atingirmos por trás começamos com vantagem, onde o oposto também é válido. Para complicar ou simplificar estes combates, as várias opções de dificuldade estão sempre disponíveis, entre muito fácil, fácil, normal, difícil e muito difícil (esta ultima opção tem o seguinte comentário no inicio do jogo que eu achei hilariante: "odeias-te a ti mesmo ou és extremamente confiante? Esta dificuldade requer uma força de coração que nunca desiste.")

Assim, cabe-nos novamente ter um pensamento estratégico em como abordar os inimigos e principalmente conhecer as suas fraquezas elementares, pois atingi-los com uma magia que seja dessa natureza permitirá um ataque extra. Estes momentos do jogo, devido a vários elementos diferentes, tornam-se bastante  aliciantes e uma vertente excecionalmente viciante de Persona 4. Também ligado às Personas, temos outra vertente aditiva: o Velvet Room. Aqui podemos convocar, fundir ou alterar poderes dos Personas que vamos recolhendo, tentando completar o compêndio de demónios disponíveis, numa espécie de "vamos apanhá-los todos".


O grafismo, apesar de revelar a sua idade, não afeta minimamente a experiência de jogo. As melhorias que foram feitas acentuam um ou outro pormenor, mas nada que faça  jogadores habituados a recentes gerações arregalar os olhos. Já a prestação gráfica alterou bastante. Com uns estáveis 60 fotogramas por segundo e com tempos de loadings curtíssimos, rapidamente esquecemos os tempos da velhinha Playstation 2. Alguns pontos foram também adicionados. Além do jogo propriamente dito, podemos aceder a um submenu, onde aqui podemos ver alguns "programas de televisão" sobre o jogo, comentários dos criadores, pormenores escondidos, ou até jogar uns "Quizs" sobre Persona 4.

Por fim falta abordarmos a vertente musical. Apesar de me considera uma pessoa bastante ecléctica, tenho já alguma dificuldade em descobrir musicas novas que me "encham as medidas".  A banda sonora de Persona 4 é uma lufada de ar fresco. Está bem estruturada, entrando nos momentos certos com vista a potenciar os momentos de maior suspense ou acentuar a comédia presente em diversas outras ocasiões. Deixo uma das musicas que, apesar de não ser nada o que normalmente oiço, me fez logo "abanar a anca", entrando assim para a minha playlist no spotify :




Conclusões

Quem jogar Persona 4, rapidamente notará ser a base para a criação de Persona 5. Não há como fugir dessa realidade. Felizmente, é com agrado que notamos que um jogo de 2008 consegue ainda apresentar argumentos para ir taco a taco com outro de 2016, ou mesmo os mais recentes lançamentos da Editora.
Apesar de todas as similaridades presentes, com o esse título em particular, o jogo apresenta uma experiência suficientemente interessante, demonstrando existirem títulos, tenham os anos que tiverem, merecem ter uma oportunidade nos dias que correm. Persona 4 Golden é um deles!


O Melhor:
  • Argumento narrativo
  • Caracterização das Personagem
  • Vertente audiovisual
O Pior:
  • Gráficos datados.
  • Algum sentimento de repetição nas fases das "masmorras"



Pontuação do GameForces – 7.5/10


Título: Persona 4 Golden
Desenvolvedora: Atlus
Publicadora: Sega
Ano: 2022

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PlayStation 5, através de um código gentilmente cedido pela Indigo Pearl e SEGA .


Autor da Análise: Filipe Martins


Análise | Persona 4 Golden - De Volta às Origens Análise | Persona 4 Golden - De Volta às Origens Reviewed by Filipe Martins on janeiro 19, 2023 Rating: 5

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