Análise | New Tales From The Borderlands - Novas Mecânicas, a Mesma Diversão

 


Se existe um universo do mundo dos video-jogos que eu odiaria viver é sem dúvida o de Borderlands. Um mundo em caos, repleto de assassinos, criaturas monstruosas, super poderes e empresas ricas que somente têm as piores intenções e recusam-se a viver com a restante sociedade (o que logicamente ditaria que teriam as suas bases no espaço!), não estará mais longe daquilo que acho aceitável para o futuro. Contudo, "e apesar desta introdução parecer meio macabra", a Gearbox Software conseguiu desenvolver jogos apelativos e acima de tudo com bastante humor. Ao longo das suas já 4 aventuras previamente lançadas, os seus títulos tem apresentado uma qualidade constante, sendo até os dois primeiros  nomeados para o prémio de melhor jogo do ano nos respectivos anos de lançamento. 

Graças ao seu universo gigante e com inúmeras possibilidades existentes, a Telltale Games decidiu em 2014 lançar Tales from the Borderlands, uma história completamente paralela aos dos jogos principais. Esta encontra-se localizada após os acontecimentos de Borderlands 2 e obviamente com mecânicas point and click, algo que a produtora recorrentemente introduziu aos seus jogos. Sete anos depois e após o encerramento da Telltale Games, a própria Gearbox Software decide lançar uma nova aventura paralela, desta vez localizada a seguir aos acontecimentos de Borderlands 3 (este último lançado em 2019). 


New Tales From The Borderlands introduz-nos a 3 novas personagens. A mais imediata é Anu, uma ciêntista que trabalha para a Atlas, empresa responsável pela criação de armas. Contudo, Anu, não segue a ideologia da empresa para a qual trabalha e consequentemente tenciona salvar o mundo das guerras e conflitos. Octavio, é o irmão de Anu, que no que à inteligência diz respeito fica muito aquém do sucesso da irmã, por outras palavras é um autêntico "burro"! Tem como objetivo de vida tornar-se empreendedor e é um fanático pela informática na vertente das telecomunicações. 

Por fim e não menos importante temos a Fran uma senhora que vende iogurtes numa loja. Apesar da sua simpática profissão, Fran sofre de problemas de temperamento, o que a faz ser uma bomba relógio. Para além dessas 3 carismáticas e únicas personagens, queria também salientar LOU13, um robô assassino que se torna "sócio" de Octavio e que apesar de não ser considerada uma personagem principal (nem jogável), a mesma acompanha os nossos protagonistas durante toda a aventura. 

Cada personagem tem a sua personalidade e, certamente, nenhuma delas é igual à outra. É no relacionamento entre elas que se nota uma melhoria notória perante o título anterior. Inclusive, este é um dos aspectos principais a evoluir ao longo do jogo. Queremos com isto afirmar que um dos principais objetivos do jogo é melhorar a relação entre as personagens, que no inicio nota-se estarem constantemente a colidir com os seus diferentes feitios, mas que aos poucos vai melhorando. Quanto ao resto das personagens (algumas novas, outras já conhecidas do jogo anterior), todas elas também apresentam personalidades únicas, embora nenhuma delas tenha mais que 20 minutos de "fama". Felizmente, esses 20 minutos são suficientes para causarem um impacto significativo na história!


Quanto à história, de uma forma geral, a mesma está um pouco mais confusa que a anterior. Contando com bastantes referências aos jogos da série principal, para quem nunca jogou aos títulos "principais, poderá encontrar neste título inúmeras referências que lhe passarão ao lado e mesmo alguns ramos do enredo perderão significado ou sentido. Para além disso, existem diversos momentos constrangedores durante o jogo que parecem ter somente como objectivo o enchimento de conteúdo horário, vulgo  "assar chouriços", dando somente algumas horas de jogo a mais. A duração da experiência foi drasticamente reduzida, sem exagero, para metade em relação ao título anterior. Ainda assim, a mesma também está, bastante mais engraçada, com diversas quebras da 4º parede e referências até a outros jogos famosos.

Apesar de ser uma sequela do anterior, em Tales From The Borderlands, a Gearbox Software adotou uma nova mecânica de jogo, deixando assim de parte o famoso sistema de point and click. A câmara fixa foi substituída por uma em formato de 3º pessoa, o famoso "rato" que presente no ecrã simplesmente foi retirado e agora todas as interações entre as personagens ou entre personagem e objeto são efetuadas sempre que aproximamo-la dos mesmos. As escolhas continuam a existir e têm um impacto enorme no desenrolar da narrativa, tanto nos acontecimentos que levam ao final do jogo, como ao próprio final do jogo e também à relação entre as personagens (que pode mudar completamente algumas interações entre elas devido à falta de química).


Apesar do novo gameplay renovado e bastante apelativo, mais até, na minha opinião, que o anterior, o tempo em que realmente controlamos a personagem foi bastante reduzido. Na significativa parte dos casos, não estamos em controlo da personagem por mais que 20/30 minutos e com somente um cenário que podemos explorar em cada um dos capítulos. Esta remoção ao jogador do controlo sobre o jogo levou a que existisse um sentimento de estar a ver um filme muito mais acentuado, o que muitas vezes me fazia perder o interesse pelo que estava a acontecer. Por outro lado, foi introduzida uma maior interação entre os objetos e as restantes personagens, o que deu um maior prazer em investigar cada canto de cada cenário do jogo. Ao longo destes temos também alguns colecionáveis como dinheiro, que pode ser gasto em skins e umas figuras de personagens da série Borderlands. Estas últimas servirão para efetuar alguns combates com personagens que nos desafiam ao longo do jogo, após derrotarmos o desafiante, ficamos com a sua figura e assim completamos a coleção. 

Quanto à sua performance, não há nada a apontar. O jogo comporta-se lindamente com uma taxa de fotogramas fixa nos 60 frames por segundo. A nível de design gráfico, continua lindo e inserindo-se bastante bem no estilo gráfico da série de jogos original. O mesmo podemos afirmar sobre a vocalização por parte dos dobradores, que está bastante bem trabalhada. Não somente estão perfeitamente associadas à personagem em si, como existe um exímio trabalho em coincidir perfeitamente as falas com os movimentos da boca.



Conclusões

New Tales From The Borderlands, foi um anúncio inesperado. Para quem adorou o primeiro título, tal como eu, foi mais um jogo a acabar na minha wishlist. Apresenta-se definitivamente com uma personalidade completamente diferente: mais engraçado, maior interação entre as personagens, uma história completamente nova e com um elenco novo (mas com algumas caras conhecidas). Contudo a falta de gameplay "real" é bastante notório, as personagens secundárias (tirando uma ou outra) têm poucos momentos de "fama" e a sua história está bastante confusa. 
New Tales From The Borderlands está longe de ser um jogo razoável, pelo contrário, é até um jogo obrigatório para quem adora este género e especialmente quem é fã da série original Borderlands, como da adaptação feita pela Telltale Games.

Queria também deixar uma pequena nota a louvar  o trabalho dos criadores do jogo por terem feito o jogo a pensar em nós durante a pandemia. Os próprios admitem terem-no desenvolvido durante o isolamento e focaram-se mais no humor para transmitirem alegria aos jogadores, algo que durante esse período não houve.


O melhor:

  • Uma excelente interação entre as personagens;
  • Jogabilidade renovada;
  • Excelente performance;
  • Dobragem bem feita.

O pior:

  • História um pouco confusa;
  • Pouco uso das personagens secundárias;
  • Pouco tempo de jogo fora de cutscenes.



Pontuação do GameForces – 7/10

Título: New Tales From The Borderlands
Desenvolvedora: Gearbox Software
Publicadora: 2K
Ano: 2022

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão física do jogo para a Playstation 5.

Autor da Análise: Carlos Cabrita



Análise | New Tales From The Borderlands - Novas Mecânicas, a Mesma Diversão Análise | New Tales From The Borderlands - Novas Mecânicas, a Mesma Diversão Reviewed by Carlos Cabrita on novembro 25, 2022 Rating: 5

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