[Análise] Pokémon Mystery Dungeon Rescue Team DX [NSW]


Durante a Pokémon Direct transmitida logo no início de 2020, os fãs de Pokémon receberam uma novidade inesperada: um remake dos Pokémon Mystery Dungeon originais estava a acabar de ser desenvolvido e seria lançado muito em breve. Poucos meses depois, o título foi lançado, intitulado Pokémon Mystery Dungeon Rescue Team DX, que procura recuperar as experiências, fornecendo uma versão "definitiva" de Red Rescue Team e Blue Rescue Team a jogadores na atual consola da Nintendo. Quase 15 anos depois, e com as possibilidades que a Nintendo Switch oferece, podemos viver ou reviver as primeiras aventuras deste popular spinoff de um dos maiores franchises do mundo. Continuará este título a ser uma experiência refrescante no mundo Pokémon, ou será melhor deixar este jogo esquecido numa masmorra?


Pokémon Mystery Dungeon Rescue Team DX começa de um modo algo diferente daquilo a que estamos habituados. Ao início, teremos de responder a algumas perguntas simples, num curto teste de personalidade. De seguida, o jogo atribui-nos um Pokémon com base nas respostas dadas, que será o nosso avatar para a nossa personagem jogável ao longo da campanha. Este é um modo interessante de sugerir qual o nosso pequeno monstro principal, podendo optar por aceitar a sugestão ou não, e escolher outro dos Pokémon disponíveis.

Em Mystery Dungeon Rescue Team DX, assumimos a pele de um humano que, por motivos misteriosos, foi transformado num Pokémon. A história começa quando outro pequeno monstro (também escolhido por nós) nos descobre num bosque e nos acorda. Ao tentarmos explicar a situação confusa em que nos encontramos, ficamos a saber que o mundo Pokémon tem sofrido com estranhas catástrofes. Assim, decidimos estabelecer uma parceria com este Pokémon e formar uma equipa de salvamento, de modo a ajudar todos os Pokémon que têm sido afetados e que se têm vindo a perder nas mystery dungeons espalhadas pelo mundo. Deste modo, o nosso objetivo é ir partindo em missões de salvamento e, pelo caminho, vamos percebendo porque fomos transformados e vamos fazendo o possível para resolver o problema das catástrofes que assolam o mundo.



Durante esta experiência, o nosso tempo vai sendo dividido entre dois tipos de localizações: uma pequena vila e uma das várias mystery dungeons presentes no mundo. A vila é onde nos cruzamos com vários outros Pokémon a exercer diversas funções. É com estes que podemos gerir diversos assuntos e preparar para as aventuras nas masmorras. Aqui, podemos gerir o nosso inventário, comprar e vender itens, depositar ou levantar dinheiro, treinar a nossa equipa, e, por fim, mandar construir novos campos. Esta última vertente é particularmente relevante, uma vez que é o que permitirá acrescentar à nossa equipa alguns dos Pokémon com os quais nos vamos cruzando nas dungeonsUm pouco para lá da vila, encontramos ainda um quadro de notificações, sendo daí que escolhemos quais as missões de salvamento a aceitar.

No entanto, será nas muitas mystery dungeons que se passará a maioria das horas de jogo. Cada nível é constituído por vários andares, cujas configurações são geradas aleatoriamente. Em cada andar, é-nos disponibilizado um radar que indica a localização de inimigos, de itens e de objetivos, caso se encontrem naquele andar. Ao navegar pelas dungeons, podemos encontrar armadilhas escondidas no chão, que afetarão a nossa equipa (por exemplo, deixando-a a dormir ou danificando-a). Infelizmente, é no design das dungeons que encontramos uma das grandes limitações do jogo. Apesar da aleatoriedade das configurações, muito depressa sentimos que estamos a explorar as mesmas salas, ficando a ideia de que se criou um número demasiado limitado de espaços que se juntam aleatoriamente quando chegamos a um novo andar. Teria sido positivo incluir mais dinamismo nas dungeons, uma vez que todas as ocorrências (incluindo alterações meteorológicas ou as tais armadilhas) parecem ocorrer de modo demasiado programado.


As masmorras apresentam um layout em grelha, no qual a movimentação se realiza na vertical, na horizontal ou na diagonal. À medida que vamos explorando as dungeons, temos de ir gerindo os nossos itens, o nosso HP, o PP dos nossos ataques e o nosso indicador de fome. Quando este último se encontra cheio, vamos recuperando HP à medida que nos movimentamos; pelo contrário, o HP vai diminuindo quando este se esvazia. A navegação pelas masmorras torna-se mais simples com o novo modo automático, que leva a nossa equipa a explorar as mesmas por si própria, parando apenas na iminência de um combate ou na proximidade com um objetivo. Para esta vertente, é possível definir algumas instruções básicas, tais como, por exemplo, se queremos dirigir-nos automaticamente para a saída ou se pretendemos explorar para recolher os itens presentes. É ainda possível dar instruções relacionadas com o comportamento dos nossos parceiros em situação de batalha, tornando-os mais agressivos ou passivos perante a proximidade de inimigos.

Quando nos cruzamos com Pokémon inimigos, podemos iniciar batalhas com os mesmos. Cada Pokémon tem 4 técnicas à sua disposição, sendo possível ir escolhendo qual o ataque a utilizar ou deixar o jogo fazê-lo automaticamente. Nestas situações de batalha, o posicionamento é um aspeto muito importante a ter em conta, e que acrescenta uma componente estratégica bem-vinda. Há ataques que apenas atingirão se estivermos diretamente em frente ao adversário, enquanto outros que podem ser utilizados à distância. O posicionamento também é relevante consoante o número de Pokémon envolvidos: em vantagem numérica será mais eficaz rodear o inimigo, e em desvantagem será melhor recuar para um corredor. Ao derrotar um Pokémon, ganhamos pontos de experiência, havendo ainda a possibilidade de o Pokémon vencido querer juntar-se à nossa equipa.


Ao longo do jogo, temos a opção de avançar na história ou de aceitar missões de salvamento e regressar a uma das dungeons já desbloqueadas. No entanto, não há muito que incentive a desviar da história, para além de progredir o rank da nossa equipa e, consequentemente, expandir o inventário ou o tamanho dos campos onde os nossos parceiros se localizam, que são os ganhos mais impactantes por poderem facilitar um pouco a exploração de dungeons mais longas. Para além disto, pouco há a ganhar com estas pequenas missões de salvamento – são poucas as recompensas que tenham impacto na experiência, à parte de uns poucos itens. De relevante apontar ainda que os objetivos destas missões são muito pouco variados: encontrar um Pokémon perdido ou derrotado, entregar um item, ou encontrar um item para trazer de volta. O mesmo acontece com as Friend Requests, a componente online deste título, nas quais as missões consistem apenas no salvamento de Pokémon. Isto torna estas componentes da experiência demasiado limitadas, rotineiras e pouco recompensantes.

Felizmente, a narrativa é, geralmente, interessante e intrigante. É notório que a escrita foi realizada tendo em conta uma população alvo mais nova, mas, ao mesmo tempo, houve bastante cuidado na caracterização das personagens. De facto, um dos grandes pontos altos do jogo está relacionado com a personalidade distinta e os comportamentos que cada Pokémon apresenta, que integra muito bem informação apresentada acerca dos mesmos na série de jogos principal. Se houver algo a apontar à história, é o facto de deixar algumas pontas demasiado soltas e sem uma explicação explícita. É uma oportunidade perdida não ter sido aproveitado o pós-jogo para fechar melhor alguns elementos narrativos, sobretudo tendo em conta que esta porção da experiência apenas permite acesso à possibilidade de evoluir os nossos Pokémon e de acrescentar lendários à nossa lista de parceiros.


De um ponto de vista visual, há que reconhecer a direção artística implementada em Pokémon Mystery Dungeon Rescue Team DX, que resultou num jogo com um estilo belo e colorido, dando muita vida aos Pokémon e aos ambientes. Lamentavelmente, as animações deixam algo a desejar na maioria dos momentos do jogo, sobretudo em combate. Contudo, há cutscenes de encontros com bosses e de alguns momentos altos da história que são deslumbrantes, tornando os mesmos bastante memoráveis e equilibrando a experiência.

No que toca a aspetos sonoros, há um trabalho competente, com algumas músicas a ficarem na cabeça, sobretudo por serem coerentes com a música habitualmente encontrada na série principal. Por outro lado, os efeitos sonoros são suficientemente adequados, mas não particularmente inspirados, não sendo um aspeto memorável da experiência.

Para terminar, e no que se refere a aspetos mais técnicos e de desempenho, Pokémon Mystery Dungeon Rescue Team DX apresenta-se como um título sólido. Tanto em modo de televisão como em modo portátil, o jogo é extremamente estável durante a maioria do tempo, com alguns soluços na exploração manual das dungeons. Nunca se encontrou um problema ao utilizar o modo automático, mas na exploração manual alguns inputs não foram sendo reconhecidos pelo jogo. Adicionalmente, querer andar depressa nunca funcionou no modo manual, com o nosso avatar a dar cerca de 3 passos rápidos antes de travar. Isto torna esta navegação extremamente frustrante, sendo muito frequentemente preferível utilizar o modo automático.


Conclusões
Pokémon Mystery Dungeon Rescue Team DX é um título competente no que toca ao género dungeon crawler RPG, e que mistura bem elementos dos títulos principais. Com um estilo visual bastante atraente, podem retirar-se boas horas de diversão na exploração das várias masmorras. Contudo, depois de algumas horas de jogo, a jogabilidade torna-se demasiado repetitiva e rotineira, com as missões de salvamento a serem pouco recompensadoras ao não trazer propriamente nada de novo à experiência. É uma boa distração para fãs de Pokémon, mas mostra-se algo carente perante outros títulos que apostam em mecânicas RPG deste género.

O Melhor:
  • Estilo visual bastante apelativo e recheado de charme
  • Utiliza bem elementos da série principal, facilitando a adaptação a um género diferente
  • A história é interessante, e utiliza bem características dos Pokémon

O Pior:
  • Passado algum tempo, as atividades tornam-se demasiado repetitivas e muito pouco recompensadoras
  • Bastantes problemas técnicos na exploração manual das dungeons


Pontuação do GameForces – 7/10


Título: Pokémon Mystery Dungeon Rescue Team DX
Desenvolvedora: Spike Chunsoft
Publicadora: Nintendo
Ano: 2020

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Nintendo Switch, através de um código gentilmente cedido pela Nintendo Portugal.

Autor da Análise: Filipe Castro Mesquita
[Análise] Pokémon Mystery Dungeon Rescue Team DX [NSW] [Análise] Pokémon Mystery Dungeon Rescue Team DX [NSW] Reviewed by Filipe Castro Mesquita on março 21, 2020 Rating: 5

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