[Artigo] Xenoblade Chronicles - Passado, Presente e Futuro



A Monolith Software é uma produtora com largos anos de experiência, tendo passado sob a influência de diversas “power houses” como a Square Enix, ou a Namco. Somente mais recentemente, e já sobre a alçada da Nintendo, o estúdio japonês conseguiu ver reconhecida a sua qualidade a nível mundial através da série Xenoblade Chronicles.

A história do estúdio é algo conturbada, desde a sua criação por Tetsuya Takahashi (ex Square na altura), até à aquisição pela Nintendo. Contudo o crescimento dos seus títulos tem sido notório, atestando à qualidade da produtora. Neste artigo, procuramos avaliar o passado da série Xenoblade, assim como os títulos mais recentes e o que o futuro poderá reservar e objectivar.


Xenoblade Chronicles, lançado originalmente para a Nintendo Wii em 2010, foi recebido com uma resposta extremamente positiva por parte da comunidade e impressa especializada. Inclusive, considerado como uma dos derradeiros JRPGs da era pré-HD, recebeu diversas remasterizações (podem ler aqui a nossa avaliação da sua versão mais recente para a Switch). Caracterizado por uma componente narrativa complexa, introduz um setting diferente de tudo o que havia até à data: duas facções antagónicas, que habitam nos corpos de dois titãs, numa luta constante pela supremacia e sobrevivência. Exactamente, os seres vivos neste mundo são minúsculos elementos a habitar por cima da pele e nos interiores destes dois gigantes adormecidos. A nossa jornada leva-nos a percorrer as diversas componentes, quer de um, quer de outro titã até um final apoteótico e verdadeiramente diferenciado.

A jogabilidade caracteriza-se por um sistema de batalha baseado em acções em tempo real, onde o jogador move manualmente a personagem e os membros do grupo irão "auto-atacar" sempre que os inimigos entrem no seu raio de ataque. Existem ainda ataques manuais denominados de "Artes", que também podem ser executados, mas de forma mais limitada. Tanto os membros do grupo quanto os inimigos têm uma quantidade limitada de pontos de saúde e os ataques esgotam esse valor. Naturalmente o vencedor será quem conseguir esgotar primeiro todos os pontos de vida do adversário. Vencer batalhas dá ao jogador pontos de experiência, o que permite que as personagens se tornem mais fortes ao subir de nível e aprender novas artes. Portanto, é um esquema de combate e evolução relativamente recorrente, mas que encaixa bem neste tipo de jogo e que na sua base, tem sido utilizado desde então.




A combinação de um setting cativante, enredo profundo e jogabilidade divertida elevou as expectativas para o futuro da série. Estes motivos, associados a um trailer perfeito durante a E3 de 2013 criou uma onda enorme de expectativa do próximo lançamento da série: Xenoblade Chronicles X. Este título, acabado por ser lançado em 2015, revelou-se com a introdução de uma premissa bem diferente daquilo que os fãs estavam á espera. A forte componente narrativa foi colocada um pouco de lado, sendo dado mais foco à exploração do cenário em si e mecânicas de combate e evolução de personagens mais profundas e refinadas. Em Xeno X, temos agora disponível todo um mundo aberto, enorme e com uma extraordinária variedade de ambientes que efectivamente prende o jogador na sua exploração. O facto de podermos evoluir independentemente a nossa personagem dos robots / Skells que controlávamos providenciou uma caracterização muito mais complexa que o original.

Foi efectivamente um lançamento que bipolarizou a comunidade, onde alguns adoraram estas alterações e outros ficaram um pouco de pé atrás com a fraca qualidade da história e enredo. Ainda assim, a opinião generalizada é que Xenoblade X foi uma grande aposta da Monolith em reformular o conceito da série e conseguir determinar qual o melhor caminho a seguir no futuro.
 



Esse futuro chegou em 2017, com Xenoblade Chronicles 2. Aqui começamos a tentar perceber quais as ligações entre estes universos. Aparentemente a produtora decidiu colocar Xenoblade X num universo à parte e voltar para dar uma “pseudo” continuação do universo do primeiro título. Não somente no que se refere à história, como também ao setting global do jogo. Aqui mais uma vez somos seres que habitam no corpo de gigantes que navegam num mar sem fim. Agora com diversas facções, acabamos por seguir as aventuras de um grupo que procura atingir a terra prometida, onde todos podem viver sem limitação ou receio destes titãs morrerem e deixarem os seus habitantes sem local para viver.

Talvez por não ser novidade, o enredo não apresenta tanto impacto como no primeiro título, mas este é efectivamente mais complexo, abrangente e integrado com a historia global do mundo de Xenoblade Chronicles. Embora fosse de esperar que a produtora “pegasse” naquilo que fez de bem em Xenoblade X e aplicasse à fórmula de story driven de Xenoblade 1, tal não se confirmou. Em Xenoblade 2, regressamos aos cenários limitados e que, honestamente, apresentam uma prestação gráfica deplorável quando comparados com os de Xenoblade X. A sua jogabilidade também não se revelou evolutiva, acusada de ser repetitiva e o pacing da história continua a permanecer um dos problemas da série.

Não obstante, Xenoblade 2 revelou-se uma experiência impressionante, quando equacionada que pode ser jogada numa plataforma portátil. Este aspecto levou à comunidade a aceitar alguns dos seus problemas, mas a verdade é que existiu um sentimento de falta de rumo global da série. Felizmente a Monolith acompanha o feedback da comunidade e no seu DLC Standalone, “Torna – The Golden Country”, alguns destes problemas foram considerados. Aqui o grafismo está mais nítido, modelos melhor caracterizados e um sistema de batalha mais simples, intuitivo e cativante. Passos na direcção certa, mas que ainda assim não contam com a totalidade do que o melhor de cada um dos títulos anteriores introduz à série.




O produtor da série, Takahashi, afirmou entretanto que embora uma continuação para Xenoblade Chronicles X seja possível, o próximo jogo pode ir em uma direcção diferente, já que este frequentemente fica entediado com projectos anteriores (pelas suas própria palavras). Não obstante de procurar uma nova direcção, o director da série Koh Kojima, expressou interesse em fazer Xenoblade Chronicles 3 e Xenoblade Chronicles X2. Portanto, pode-se afirmar plenamente que a Monolith está, de momento focada nestes título de maior porte. Contudo, neste futuro lançamento, gostaríamos de criar algumas expectativas e desejos daquilo que, enquanto jogadores, esperamos.

Primeiro, cremos ser essencial que a série mantenha a qualidade narrativa. Apresentar uma história e enredo coesos, que consigam evoluir o mundo de Xenoblade, enquanto devidamente integrado com os eventos anteriores. Sem querer entrar em grandes detalhes, poderá revelar-se difícil, considerando o final dos jogos até agora, o como se fecham perfeitamente (ainda que existam algumas possibilidades…). As personagens e respectivas caracterizações necessitam de continuar ao nível excelente que já se encontra, embora as animações faciais necessitem de melhoramentos.

No que se refere ao setting do mundo e jogabilidade, é necessário evoluir. Utilizar o que Xenoblade X fez bem e construir a partir desses elementos. Principalmente criar um setting que faça o jogador querer explorar e perder-se no mundo de Xenoblade.

A vertente Gacha deve ser definitivamente evitada, ponto. É importante ponderar uma mecânica que recompense mais directamente os esforços do jogador, ao invés de deixar à mercê de um processo aleatório. Felizmente a expansão de Xenoblade 2, Torna: The Golden Country, já considerou esta implementação, incrementando significativamente a experiência.


 

Outro aspecto essencial que necessita ser reformulado são as sidequests. Neste último lançamento, são em quantidades absurdas e na sua esmagadora maioria inúteis no que se refere a conteúdo narrativo adicional. Mesmo em Xenoblade X, onde é considerada a “polémica” opção da necessidade de passar sidequests para progredir na história principal, não eram em tanta qualidade e a sua importância para o desenvolvimento da história de New LA era mais relevante. Portanto, pegar nesse conceito e reformular ligeiramente.

Outro aspecto que devem ponderar é a evolução gráfica. Actualmente, a sensação é que série esteve estagnada durante uma década e isso é necessário evitar. Muito à semelhança de outros JRPGs, é possível evoluir sem necessidade de objectivar o realismo, enquanto mantendo a atractividade de uma título com orientações mais animadas.




Xenoblade Chronicles é uma série relativamente recente que tem tudo para se tornar, a longo prazo, um dos porta-estandartes das plataformas da Nintendo. Mas para isso é necessário existir uma linha condutora de evolução. Que a produtora não tenha receio de arriscar, mas também reconheça o que deve de reutilizar das entradas anteriores. Actualmente não há novidades de peso sobre o futuro, mas aqui estaremos para apreciar o quão longe a Monolith conseguirá chegar!

 

[Artigo] Xenoblade Chronicles - Passado, Presente e Futuro [Artigo] Xenoblade Chronicles - Passado, Presente e Futuro Reviewed by Carlos Silva on julho 24, 2021 Rating: 5

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