[Análise] Lost Words: Beyond the Pages [PS4]




A dor de perder alguém próximo de nós é efectivamente uma das experiências mais marcantes para qualquer um de nós. Em “Lost Words: Beyond the page” seguimos as aventuras de Izzy, uma criança com aspirações de ser escritora, que procura lidar com o evento de perder um ente querido através da sua relação com o seu diário. É recorrendo ao que ela escreve no seu diário, como lida com ele e a história que está a escrever em paralelo que Izzy procurará ultrapassar este primeiro grande obstáculo na sua ainda curta vida.

Consequentemente, o jogo divide-se em duas grandes áreas, sendo a primeira o pequeno caderno onde a nossa personagem vai escrevendo aquilo que lhe passa na alma. Aqui, o jogador percorrerá a palavras que vão surgindo, como que de um jogo de plataformas se tratasse. Teremos inclusive de resolver diversos puzzles no sentido de utilizar algumas das palavras para abrir caminho para a próxima página. É nestas fases que somos expostos à realidade do que é a vida da protagonista.




Na segunda parte, assumimos o controlo da personagem da história que Izzy está a escrever para a sua avó. Naquilo que é basicamente um jogo de plataformas, recorreremos a um livro mágico onde vamos recolhendo palavras que utilizadas em conjunto com os cenários nos permite ir desbloqueando os diversos puzzles e possibilita a progressão da nossa personagem.

Enquanto claramente duas experiencias diferenciadas entre si, estas encontram-se intimamente ligadas, com o evoluir da história. Existe uma clara evolução cognitiva da personagem da nossa história com o evoluir da situação da jovem escritora. Esta ligação está tão bem concretizada, que é facilmente um ponto que nos deixa sensibilizados aos desafios que, enquanto completamente diferentes, cada uma terá de encontrar forma ultrapassar e seguir com a sua vida.

A história escrita por Izzy, segue as aventuras de Robyn (embora possamos assumir outro nome), uma jovem escolhida pelos pirilampos (fireflies) para ser a próxima protectora da sua aldeia na mítica terra de Estoria. Contudo no primeiro dia no trabalho, um dragão ataca a sua casa e esta embarca numa jornada sobre o qual podemos definir o seu objectivo. No nosso caso escolhemos compreensão, no sentido de saber o que se passou e os motivos do ataque do dragão. Será nesta demanda que iremos recuperar os pirilampos perdidos, assim como encher o nosso livro mágico com palavras para resolver os puzzles.




Efectivamente a experiência em si está bastante dependente da mecânica de coleccionar palavras ou rearranja-las com forma a resolver os puzzles. Reconhecidamente nada de muito complexo, passando recorrentemente por “destruir” alguma pedra no caminho ou “Elevar” alguma plataforma para subir a lugares mais altos.

Contudo o que efectivamente diferencia este título dos demais é a sua narrativa. A narrativa está bastante sólida e cativante, ao ponto de nos fazer ficar como que enfeitiçados com a voz da locutora e o grafismo do jogo. A narração está um primor, com uma entrega envolvente e capaz de transmitir todo um leque de emoções ao jogador. Arriscamo-nos a afirmar que, mais que uma jogabilidade ou grafismo interessante, é a narração que torna este título verdadeiramente singular.

Este aspecto atinge novos patamares quando, para todos os efeitos, é uma criança a contar a sua experiencia em perder a sua avó e como consegue lidar com isso. A inocência e forma de pensamento, que para nós adultos chega a ser imatura, para Izzy faz todo o sentido. Por duas ou três ocasiões não conseguimos deixar de sentir um aperto no coração quando o destino não colabora com a nossa pequena escritora.




Por fim resta-nos abordar um pouco a componente áudio-visual. Em Lost Words: Beyond the page, como mencionado, a experiência encontra-se divida em duas grandes partes. Graficamente, a componente de quando estamos a percorrer as páginas do nosso diário é bastante simples, mas com algumas animações interessantes. É na vertente da história criada por Izzy que iremos disfrutar de alguns cenários mais compostos, ainda que simplicistas, mas que cumpre com aquilo que se propõem: uma história infantil. Não é propriamente o título mais belo que já jogamos, mas o seu estilo de aguarela e desenho à mão é uma mais-valia evidente.

No que se refere à banda sonora, esta é bastante competente, ajudando um pouco a complementar alguns aspectos da experiencia, ainda que não seja particularmente memorável. Não obstante é um aspecto de louvar a forma como esta se encaixa na narrativa apresentada.





Conclusões
Lost Words: Beyond the Pages é uma experiencia profunda daquilo que é o procedimento de luto de uma criança. Apresentando uma enorme dose de introspecção, leva-nos em diversas ocasiões, por um caminho emocional que raramente encontramos nos videojogos. A combinação de uma jogabilidade interessante e grafismo estilo aguarela ajuda a tornar esta numa experiência única.





O Melhor:
  • História impactante;
  • Narrativa e prestação da narradora;
  • Possibilidade de diversas escolhas impactantes na história.



O Pior:
  • Puzzles demasiado simples;
  • Controlo de personagem com alguns bugs em ocasiões esporádicas.



Pontuação do GameForces – 7.5/10




Título: Lost Words – Beyonf the Page
Desenvolvedora: Sketchbook Games
Publicadora: Modus Games
Ano: 2021


Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Playstation 4, através de um código gentilmente cedido pela Sketchbook Games



Autor da Análise: Carlos Silva
[Análise] Lost Words: Beyond the Pages [PS4] [Análise] Lost Words: Beyond the Pages [PS4] Reviewed by Carlos Silva on abril 15, 2021 Rating: 5

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