[Análise] Sega Ages: Sonic the Hedgehog [NSW]



No final dos anos 80, estávamos numa plena guerra de consolas entre a Sega e a Nintendo. A primeira procurava uma mascote que pudesse competir com os populares jogos Super Mario, até que em 1991 lançou o clássico Sonic the Hedgehog para a Sega Genesis (ou Mega Drive). Desde então, o ouriço cacheiro azul tornou-se um ícone do mundo dos videojogos, lançando um franchise que perdurou até aos tempos modernos. Com as hostilidades postas de lado, é comum vermos Sonic a aparecer nas consolas da Nintendo, incluindo os jogos clássicos. A coleção Sega Ages trouxe para a Nintendo Switch o primeiro jogo de Sonic the Hedgehog, expondo jogadores mais jovens à primeira aventura do velocista azul. Quase 30 anos passados, será esta uma experiência para recordar, ou teria sido melhor deixá-la nas memórias de outros tempos?


Em Sonic the Hedgehog, acompanhamos a primeira aventura de Sonic, um ouriço cacheiro com a capacidade de correr a velocidades estonteantes. Um malvado cientista, Dr. Robotnik, raptou inúmeros animais para os colocar dentro das suas criações robóticas. O propósito de Robotnik é adquirir as 6 chaos emeralds, que albergam um enorme poder que este antagonista quer utilizar para levar a cabo as suas ambições. Assim, Sonic terá de atravessar diversas zonas do seu mundo o mais rapidamente possível, libertando os animais enclausurados e colecionando ele as chaos emeralds, de modo a impedir o Dr. Robotnik de cumprir os seus planos maléficos.

A jogabilidade de Sonic the Hedgehog assenta em mecânicas clássicas de plataformas em 2D. Sonic pode correr e saltar para navegar pelos níveis, derrotar inimigos ou colecionar anéis. Quando salta, Sonic enrola-se numa bola que roda a alta velocidade, sendo neste estado que consegue derrotar a maioria dos inimigos e danificar os bosses. Colecionar anéis é algo bastante importante a ter em conta, uma vez que estes servem para proteger Sonic de morrer quando é atingido por um ataque inimigo ou por uma das armadilhas ambientais.

Jogar com Sonic tem momentos de enorme entusiasmo, havendo poucos jogos que transmitem uma sensação de satisfação tão grande como quando se atravessa um nível a alta velocidade e numa sequência de saltos e manobras precisas, como é possível neste título. Inversamente, podemos rapidamente passar do melhor para o pior que o jogo tem para oferecer, havendo várias secções que exigem minuciosamente atravessar plataformas e a um ritmo extremamente reduzido. Isto não só põe um travão em alguns dos momentos mais divertidos, como é uma opção de design algo bizarra. Isto introduz uma falsa sensação de desafio em alguns níveis, para não falar de que vai diretamente contra a premissa do jogo e a filosofia do seu protagonista.


Apesar destes momentos mais lentos, há que reconhecer que a generalidade dos níveis em Sonic the Hedgehog apresenta um design interessante. Começando no icónico Green Hill Zone, cada nível apresenta-se com uma boa variedade de inimigos, armadilhas e de powerups. No total, temos um total de 19 níveis distribuídos por 6 zonas, cada qual com a sua identidade bastante distinta, não só em termos visuais mas também no que toca a inimigos e outros elementos com os quais se pode interagir. Cada nível apresenta ainda vários caminhos até ao fim e um número de áreas secretas para descobrir, uma filosofia de design que incentiva bastante a rejogabilidade através da curiosidade em conhecer todos os cantos do jogo. Contudo, há que referir que os bosses carecem de criatividade e de variedade, embora apresentem desafios diferentes dos que habitualmente encontrados ao longo de cada zona.

Quando se termina um nível com mais de 50 anéis, pode jogar-se um dos níveis secretos e, deste modo, colecionar as 6 chaos emeralds (que mais tarde passariam a 7). Estes níveis são bastante diferentes, tendo de orientar um Sonic enrolado em si mesmo através de corredores até chegar à joia, evitando as saídas pelo caminho. Enquanto estes níveis acrescentem alguma diversidade à jogabilidade, não se pode dizer que sejam particularmente divertidos.

Nestes, controlar Sonic pode rapidamente tornar-se um pesadelo, uma vez que as paredes estão constantemente a girar e os controlos não são tão responsivos. No entanto, colecionar todas as chaos emeralds altera ligeiramente o final do jogo, mostrando uma cutscene mais conclusiva da vitória de Sonic e consequente derrota de Robotnik. Depois de ultrapassar estas mecânicas algo frustrantes, teria sido mais agradável receber algo em troca, como um boss final secreto, mas há que louvar a implementação de finais tecnicamente diferentes num jogo com esta idade.


Esta versão Sega Ages introduz uma quantidade de novas funcionalidades e novos modos. Em primeiro lugar, introduz a capacidade de gravar e recarregar em qualquer altura do jogo, facilitando em sequências particularmente desafiantes, como, por exemplo, a conquista das chaos emeralds. Depois, introduz a possibilidade de se escolher qual o nível específico a jogar, permitindo aos jogadores regressar a níveis preferidos, praticar para dominar níveis mais complicados ou explorar todos os caminhos alternativos e segredos de cada nível. Por fim, mas não menos importante, adiciona algumas capacidades a Sonic, como o “Drop Dash” introduzido em Sonic Mania, dando mais profundidade à jogabilidade do que a encontrada em 1991.

Quanto aos modos, esta versão inclui um modo de retenção de anéis, onde o dano sofrido faz Sonic perder um número fixo de anéis, em vez de os perder todos de uma vez. Por fim, inclui ainda um modo de desafios, contendo um relacionado com a pontuação e outro com o tempo, com registo de rankings que estimula alguma competição com outros jogadores. É pena que apenas o primeiro nível seja abrangido pelo desafio de tempo, já que seria bastante mais interessante se todos os níveis estivessem incluídos nesta vertente do jogo.


Olhando para aspetos mais técnicos, Sonic the Hedgehog corre extremamente bem na maioria do tempo, dando a impressão de que alguns aspetos de desempenho foram melhorados em relação ao original. De facto, houve apenas um momento onde se verificou uma quebra notável na framerate, que infelizmente coincidiu com uma secção particularmente dura passada debaixo de água, tendo causado algumas perdas de vidas evitáveis.

Visualmente, olhar para Sonic the Hedgehog continua a ser um deleite, mesmo passados todos estes anos. No seu estilo pixel art, os cenários estão repletos de cores vívidas e de vida, com cada zona a ser visualmente distinta das restantes. Também as personagens, desde Sonic a Robotnik, passando pelos vários inimigos, apresentam animações de elevada qualidade. Não sendo muito elaboradas, cada personagem transmite a ideia de ter uma personalidade bastante afincada através dos seus loops de animações, com destaque para as de Sonic quando demoramos algum tempo a carregar num botão. Esta versão permite escolher a resolução com que se joga, efeitos de ecrã e entre uma variedade de imagens de fundo, havendo muitas opções disponíveis no que toca à adaptação visual do jogo.

Por fim, há que referir que a vertente sonora de Sonic the Hedgehog é um dos pontos mais fortes do jogo. Cada nível é acompanhado por uma música marcante e que muito facilmente fica no ouvido. Não será de espantar se nos apanharmos a cantarolar uma das várias músicas desta banda sonora excelente. Também os efeitos sonoros são extremamente memoráveis e icónicos, desde o simples som de quando se apanha um anel, ao pequeno jingle de quando se ganha uma vida. Isto para não falar da música aterrorizante de quando Sonic está prestes a afogar-se, que dá a toda a situação uma sensação de emergência como nunca nenhum outro efeito sonoro ou música conseguiu igualar.


Conclusões
Sega Ages: Sonic the Hedgehog é uma aposta ganha, tanto para os fãs do ouriço cacheiro mais famoso do mundo como para jogadores que nunca tenham experimentado as suas aventuras. Com uma personalidade colorida, diversos níveis bem desenhados e variados, e uma vertente sonora que facilmente fica na memória, esta reedição apresenta várias mudanças e modos, que ampliam a qualidade de vida e contribuem significativamente para a rejogabilidade, para além de dar algo de novo a jogadores regressados. Esta é uma experiência pela qual vale a pena passar, com ou sem as memórias acolhedoras do original.

O Melhor:
  • Design dos níveis é variado e incentiva a rejogabilidade
  • A música é das melhores que havia na altura, e das mais viciantes da história dos videojogos
  • Novos modos e funcionalidades acrescentam muita qualidade de vida ao jogo
  • Em velocidade, controlar Sonic é entusiasmante, mas…

O Pior:
  • … Algumas secções de plataformas mais lentas vão contra a premissa do jogo e da personagem
  • Controlar Sonic nos níveis secretos é algo frustrante


Pontuação do GameForces – 8.5/10


Título: Sega Ages: Sonic the Hedgehog
Desenvolvedora: M2
Publicadora: SEGA
Ano: 2018

Autor da Análise: Filipe Castro Mesquita

[Análise] Sega Ages: Sonic the Hedgehog [NSW] [Análise] Sega Ages: Sonic the Hedgehog [NSW] Reviewed by Filipe Castro Mesquita on abril 17, 2020 Rating: 5

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