Análise | Dragon Ball: The Breakers - Ataque Falhado




Gostaria de iniciar esta análise com um pequeno desabafo. Para quem não sabe, o meu nome é Carlos Cabrita e cresci a assistir Dragon Ball. Desde o seu encontro inesperado com a Bulma no Dragon Ball original, até à derradeira Genki Dama que destruiu por completo o Omega Shenron em Dragon Ball GT e até, mais recentemente, a luta contra o desconhecido Jiren que fez os nossos heróis chegaram a limites nunca antes vistos. Tenho grandes memórias desses momentos que passavam, na altura, na "SIC Radical", canal que transmitia a série na sua versão dobrada em português de Portugal. O mesmo reflete-se com todas as suas adaptações para o mundo dos video-jogos, posso garantir com todas as certezas que joguei a todos os jogos baseados nas séries desde o lançamento da Playstation original. Vi projetos muito bons, outros horríveis, mas felizmente, e sendo o fanático que sou, consegui experimentar todos eles. Lembro-me em particular de Dragon Ball Z 22 - Ultimate Battle, que foi muito possivelmente o jogo a que mais horas dediquei (a seguir ao tão aclamado Dragon Ball Z: Budokai Tenkaichi 3). Após esta reflexão início então esta análise, esta que será, talvez, a mais crítica e a que mais me custou fazer até ao momento na minha carreira de redactor.





Dragon Ball: The Breakers localiza-se no universo de Dragon Ball Xenoverse, ou seja, associado ao conceito de diversos universos paralelos, contudo desta vez estamos na pele de outra personagem. Agora vocês, caros leitores, questionam-se: "Mas qual personagem? Inventaram uma nova?". Ora bem, neste jogo jogamos com uma personagem criada por nós, ou seja, alguém que noutros jogos seria um simples NPC. Não podemos deixar de ponderar na oportunidade falhada em não dar protagonismo a personagens originais do anime ou manga e que encaixariam perfeitamente no seu papel de elementos mais fracos do enredo. Personagens como por exemplo Yamcha, Tenshinhan, Mr. Satan, Oolong, Bulma, Chaos ou Pual são personagens secundárias extremamente acarinhados pelos fãs e que não estando ao nível dos vilões poderiam servir para ter uma partida mais apelativa e associativa ao mundo de Dragon Ball.

E porque deveríamos de jogar com personagens fracas? Bem, este é um jogo que diverge claramente das experiencias de anteriores títulos da série. Enquanto na sua maioria revelam-se como jogos de luta ou RPGs, , este trata-se de um survival assimétrico online. Ou seja, o nosso objetivo principal é sobreviver contra um inimigo dentro dos 3 disponíveis nesta 1º Season do jogo. Para terem uma ideia do estilo de jogo basta pensarem nos outros jogos que nos proporcionaram este género de jogo como Friday The 13th: The Game e Dead By Daylight.





O jogo inicia-se com um pequeno prólogo no qual explica o que se passa no jogo. Resumidamente, os vilões mais importantes de Dragon Ball Z, viajam de universo em universo e tentam destruir o planeta terra em todos eles. Contudo Trunks, que em Dragon Ball Xenoverse assume o papel de um guardião dos universos, salva a nossa personagem de Cell e ensina-nos a sobreviver e combater contra este tipo de ameaças.

 Uma vez que a nossa personagem não é Saiyan e não aprendeu nenhum tipo de artes marciais com o Mestre Kame, a nossa arma principal é uma pistola que pouco ou nada faz ao inimigo. Juntamente com essa pistola, temos também um trampolim que nos permite fugir e subir montanhas mais altas, uma espécie de gancho do género do Just Cause e uma  bomba de fumo que nos ajuda a manter-nos anónimos.

Ao longo do mapa vamos também encontrar algumas outras armas como rpg's e luvas de personagens da série, que nos permitem uma utilização única da habilidade principal dessa mesma personagem. Para além dessas armas podemos encontrar também senzu beans que nos dão um upgrade na barra de saúde, utilizar um escudo que nos permite aguentar mais golpes, barras de ouro e até caixas de experiência que têm uma finalidade um tanto quanto curiosa. 





Como foi referido anteriormente, este jogo trata-se de um jogo 100% online, ou seja, sem outros jogadores online será impossível experimentar o jogo. De igual forma, e para quem em costuma jogar online, rapidamente irão se aperceber que não se consegue ganhar as partidas sem trabalho de equipa e algum espírito de corpo. No total são 8 jogadores ao mesmo tempo na mesma partida, 7 sobreviventes e 1 vilão. Quanto aos sobreviventes, estes têm como objetivo principal, encontrar 5 chaves que estão escondidas dentro de caixas espalhadas pelas diferentes áreas do mapa. Após encontrar essas chaves, têm de arranjar uma máquina do tempo e assim conseguir fugir do vilão... isso se conseguirem sobreviver aos ataques inimigos.  Sempre que um dos nossos companheiros é derrotado existe a possibilidade de o ir reviver, contudo só podemos ser salvos uma única vez. Existe também a possibilidade de usarmos algumas personagens especiais como Oolong que tem como habilidade especial transformar-se em objetos, habilidade utilizada pelo mesmo em todo o decorrer do anime. 

Como referi anteriormente, para além das armas, utensílios e dinheiro, também podemos encontrar caixas de experiência, essas que podem ser utilizadas para encher uma barra que cada um dos jogadores tem. Quando preenchida ao máximo o jogo permite-nos utilizar as habilidades durante um curto período de tempo de uma personagem famosa da série, ou seja, podemos usar tanto aos ataques especiais para atordoar o inimigo (ou tentar pelo menos), ou simplesmente voar e assim chegar a um determinado local mais rápido.





Até aqui o jogo encontra-se estruturado convenientemente, com diversas mecânicas disponibilizadas aos jogadores que assumam o papel de sobreviventes, permitindo diversas estratégias de sucesso. Contudo todo este trabalho é colocado em causa com a caracterização do vilão.

Do lado do antagonista, o seu objetivo é simplesmente um: evitar que os outros jogadores consigam arranjar a máquina do tempo e escapar daquele local. Com vista a esse objectivo final, teremos de evoluir e conseguir transformar-nos até à derradeira forma final. Para quem assistiu Dragon Ball sabe que todos os vilões têm inúmeras transformações... e sempre que evoluímos, temos direito a explodir com uma das 5 áreas do mapa. A diferença de dificuldade entre usar um vilão e um herói é completamente desproporcional. Todos os ataques dos vilões são a longo alcance, todos eles conseguem voar e não há possibilidade de voar devagar e sem referir que é praticamente impossível derrota-lo em ataque directo. Ou seja, ou o jogador que controla o vilão é um autêntico novato e não sabe o que está a fazer, ou é praticamente impossível ganhar uma partida devido à desproporcionalidade de poderes.






Em adicção a este problema, a jogabilidade apresenta problemas severos. O controlo das nossas personagens é extremamente "robotizado", escalando muito devagar tudo o que seja montanha e os seus saltos são extremamente frustantes de coordenar. Muitas vezes ao tentar saltar para uma pequena passagem de nível a "HitBox" da nossa personagem chocava com o ambiente e não conseguia subi-la.

Fora este modo de jogo, existe ainda disponível um modo de treino e um pequeno lobby inicial no qual conseguimos simplesmente comprar roupas para as personagens, alterar os poderes e equipamentos da nossa personagem e alterar o aspeto da mesma.

No que se refere à componente audiovisual, denota-se uma similaridade gráfica enorme Dragon Ball Xenoverse, ainda que denotando alguns downgrades em algumas animações, mais especificamente nos ataques especiais e nos cenários. A banda sonora é bastante presente e realmente dá suspense ao jogo, especialmente sempre que o inimigo se aproxima de nós, o que ajuda imenso a criar uma boa atmosfera. Salientamos que este é um título para a Playstation 4, que foi por nós experimentado na Playstation 5. Nesta circunstancias,  podemos confirmar que o desempenho do jogo é positivo, com uma estabilidade nos 60 fotogramas por segundo. 





Por fim e revertendo ao objectivo da experiência proposta (um conjunto de jogadores online que tentam sobreviver a um dos icónicos vilões da saga), os servidores e match making apresentam problemas severos. Na nossa última sessão de jogos, antes de redigir esta análise, tentamos jogar 9 partidas.  Destas, somente conseguimos iniciar 4 delas, pois o jogo bloqueava sempre que começava a carregar a partida. Quer seja por dificuldade em encontrar uma partida, ou algum glitch que deitava o jogo abaixo, torna-se bastante frustante estarmos tanto tempo até encontrar uma partida "executível".


Conclusões

Como fã da série Dragon Ball desde o primeiro episódio até ao último, custa-me ver que as desenvolvedoras estão a ficar sem ideias de jogos a fazer. A temática e a ideia está lá e é de tirar o chapéu pela coragem de o terem feito acontecer, contudo o produto final é algo fraco, desinteressante, repetitivo e acima de tudo praticamente impossível. Este género de jogo resulta e nota-se pela quantidade de jogos que realmente tiveram sucesso pelo seu desempenho e pela sua diversão... esta que não existe neste jogo. Toda a diversão que as pessoas sentem ao jogar os outros jogos deste género, eu senti tristeza, desespero e raiva. 


O Melhor:

  • Toda a componente audiovisual;
  • Desempenho estável e sem grandes quebras de fotogramas.


O Pior:

  • Toda a jogabilidade;
  • Vilões demasiado fortes e quase impossíveis de serem derrotados
  • Jogo repetido e sem grandes possibilidades;
  • Servidores horríveis.


Pontuação GameForces - 5/10


Título: Dragon Ball: The Breakers
Desenvolvedora: Dimps
Publicadora: Bandai Namco Entertainment
Ano: 2022

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PS4, através de um código gentilmente cedido pela PlayNXT.


Autor da Análise: Carlos Cabrita
Análise | Dragon Ball: The Breakers - Ataque Falhado Análise | Dragon Ball: The Breakers - Ataque Falhado Reviewed by Carlos Cabrita on novembro 11, 2022 Rating: 5

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