[Análise] Devil May Cry 5: Special Edition [PS5]




Após o imenso sucesso de Resident Evil 2 no (longínquo) ano de 1998, a Capcom procurava produzir uma sequela sobre a direcção de Hideki Kamiya, também responsável pelo título anterior. Após uma icónica visita a Espanha, o agora famoso produtor decidiu criar um setting completamente dissemelhante, implementando mecânicas significativamente diferenciadas de um survival horror, género que Resident se encaixa. Devido a estas alterações criativas, a Capcom viu-se forçada a criar uma nova serie de raiz apostando na criação de uma nova IP, e o resto é, como se diz, histórias!


Este foi o nascimento, como que de um bastardo se tratasse, do primeiro Devil May Cry, um título diferente da vasta maioria existente na altura na Playstation 2 e que serviu de base para um subgénero denominado de hack n’Slash. Posteriormente muitos outros se seguiram, inclusive o famoso God of War, mas Devil May Cry será para sempre aquele primeiro título que disseminou pela globalidade da população gamer uma jogabilidade que misturava acção frenética, exploração e puzzle solving.



Devil May Cry segue as aventuras de Dante, o filho do demónio renegado Sparda com uma humana, na sua demanda em combater diversas invasões demoníacas do planeta terra. No seu longo percurso vamos conhecer a origem do feudo com o seu irmão gémeo Vergil, assim como a inclusão de vários aliados, como por exemplo Trish, Lady ou Nero, na sua agencia (como que de um detective privado) de investigação paranormal.

Com o passar dos anos e os vários lançamentos, a personagem apresenta um desenvolvimento e evolução significativa, levando-o a um forçado crescimento, procura de justiça e descoberta das origens dos seus pais e destino do seu irmão Vergil. Nesta última entrada, Devil May Cry 5, lançada inicialmente para a Playstation 4 e agora com uma edição especial para a Playstation 5, é onde é desvendado grande parte do véu da história de Dante e Vergil, assim como o seu futuro.

Em Devil May Cry 5 Special Edition contamos com a versão mais completa do jogo e com diversas melhorias que usufruem das capacidades da nova consola da Sony. A adição mais importante é definitivamente a possibilidade de poder jogar com Vergil, o irmão gémeo de Dante, muito à semelhança do que já aconteceu no passado desde Devil May Cry 3: Dante´s Awakening.



Mas as diferenças não param aqui e uma importante adição é possibilidade de recorrer à tecnologia Ray Tracing, com vista a melhorar o aspecto gráfico do jogo. Contudo a utilização de Ray Tracing tem um custo pesado na performance gráfica e se pretendemos manter os 60 fotogramas por segundo (FPS), importantes para títulos do género, teremos de limitar a resolução a 1080p. Ao activar o 4K, esta prestação cai para 30 FPS, mas se por ventura desligarmos o Ray Tracing conseguimos obter 4K a 120 FPS (para as televisões que o suportem). No global da nossa experiencia denotamos que a melhor combinação passou por jogar a 1080p/60 FPS, ainda que tenham sido notados inúmeros crashes do jogo. Pelo que pudemos apurar isto é resultante da tecnologia Ray Tracing, sendo que quando desligamos esta opção o jogo deixou de apresentar tantos problemas.

Outras adições foram ainda consideradas nesta edição especial, nomeadamente alguns modos alternativos, como por exemplo o Turbo Mode (colocando o jogo correndo a 120% da velocidade) ou o Legendary Knight Mode (adicionando mais inimigos ao já difícil nivel de dificuldade “Son of Sparda”). Este aumento de velocidade ou elementos no ecrã é um atestado à capacidade das novas consolas em conseguir lidar com uma prestação mais pesada de um título já por si complexo.

Fora estes elementos, esta edição segue muito aproximadamente a já existente para a Playstation 4. Em Devil May Cry 5 seguimos as aventuras de três heróis em separado, sendo inclusive possível jogar com cada um deles em separado: Dante, Nero e V. Enquanto Dante é a reconhecida cara da série, Nero faz um retorno à serie, depois da sua introdução em Devil May Cry 4. Já V é uma personagem nova, profundamente ligada ao enredo deste título em particular e completamente diferente na sua jogabilidade das restantes.



Dante é definitivamente a personagem mais complexa em termos de mecânicas e jogo, podendo alternar entre varias armas, estilos ou habilidades a meio de um combate. Inclusive cada arma pode ser substituída por outras equivalentes. Isto permite facilmente aumentar e encandear um grande conjunto de golpes, fornecendo frequentemente elevadas performances dos nossos ataques. É efectivamente a personagem mais equilibrada do jogo.

Nero por seu lado segue uma jogabilidade similar à confirmada no título anterior, com um braço especial a ajudar nas suas lutas que (por motivos do enredo) poderá substituir por diversos outros braços com habilidades bem diferentes entre si. Em combinação com a sua fiel gunblade Red Queen, consegue criar ataques devastadores, mas mais mecanizados e de difícil fluidez, fazendo com que notemos uma quebra da avaliação dos nossos ataques.

Já V, uma personagem enigmática que somente a meio da aventura é conhecida a sua origem e objectivo, apresenta uma jogabilidade diferente de tudo o existente em Devil May Cry até à data. Devido à sua fraqueza, V é uma personagem que invoca animais demoníacos para atacar no seu lugar, tendo somente de concretizar o ataque final que derrota cada inimigo. Isto implica que teremos de conseguir gerir a área de combate de uma forma diferente, objectivando sempre a manutenção da distância, os ataques dos nossos dois principais aliados e quando entramos dentro do caos da batalha para desferir o golpe fatal. Os nossos ataques são ordens para cada um dos demónios de suporte atacar, onde é ainda possível fazer lock a inimigos específicos. Contamos, deste modo, com a ajuda de Shadow (um felino monstro tipo Jaguar), Griffon (espécie de Grifo negro) e Nightmare (um monstruoso golem gigante activado durante o limit break de V).



Esta mistura de personagens com jogabilidades tão distintas torna-se um desafio para o jogador conseguir denominar com fluidez todas, mas eventualmente é possível, ainda que reconhecidamente iremos ter preferência por um ou outro estilo de jogo. A melhoria de jogabilidade perante o título anterior da série é notável e existe uma maior fluidez dos ataques. Também a personalização de cada personagem é individualizada, permitindo de uma forma mais cativante, definir onde gastar as precisas orbs vermelhas adquiridas durante as missões.

Mudando um pouco a direcção desta análise, iremos abordar agora um pouco o enredo, as personagens e a sua caracterização. Neste título em particular, como já previamente mencionado, iremos seguir as aventuras de três (não tão) companheiros na sua demanda de derrotar Urizen. Urizen é um rei demónio que por motivos de história não poderemos falar muito mais dele aqui, mas que se revela um desafio enorme para toda a equipa, levando-os a tomar medidas drásticas para conseguir estar em pé de igualdade. O jogo recorre frequentemente a flash backs e flash forwards para contar a história, mas fá-lo de uma maneira cativante e que deixa o jogador preso ao ecrã durante as várias horas desta experiência.

As personagens em si também estão com um nível de caracterização excelente, muito ao nível do que a série já nos habituou. A introdução de cada personagem é envolvente e cativante, com os novatos V e Nico GoldStein, a receberem caracterizações profundas e memoráveis. Inclusive é possível “sentir” a dor e angústia de V ou a irreverência de Nico.



Mas não somente de personagens interessantes e jogabilidade refinada este título é referência. Quem está familiarizado com a série facilmente reconhece que a sua componente audiovisual é continuamente um factor de referência e neste quesito, Devil May Cry 5 também não falha. Apresentado um conjunto de cenários apocalípticos (no sentido bíblico, claro!) baseados em conhecidas localizações no Reino Unido como Londres, West Susses, Canterbury ou Leeds, a sua profundidade é algo cativante ao jogador. Também a banda sonora é uma das melhores vertentes do jogo, com um ritmo e melodias que conseguem potenciar a experiência para novos patamares. Este é definitivamente um daqueles casos que nos faz procurar no youtube pela sua banda sonora!

No global Devil May Cry 5 Special Edition é a versão definitiva deste título da Capcom, providenciando uma experiencia quase irrepreensível não fosse os problemas detectados associados ao Ray Tracing que fazem o jogo crashar recorrentemente. Este é um factor algo de peso, visto tratar-se de um porta-estandarte para a nova geração, mas que neste caso em particular perde um pouco a sua importância pela natureza do género e importância da fluidez gráfica durante os combates.




Conclusão

Devil May Cry 5 Special Edition é tudo o que os fãs poderiam querer deste jogo e mais. Introduzindo novas personagens e implementando novas mecânicas, foi a forma que a Capcom conseguiu de uma maneira sustentável amadurecer esta série.

A sua Banda sonora e setting extremamente cativantes e gratificantes, permitem uma óptima emersão do jogador neste mundo durante a duração de toda a experiência. Resta-nos esperar que a Capcom continue a apostar nesta serie e confirmar de que forma conseguirá reformular em títulos futuros.




O Melhor:
  • Banda sonora
  • Combate diferenciado
  • Caracterização das Persoangens
  • História e Pacing cativantes


O Pior:
  • Controlo da Camara podia ser melhor
  • Problemas quando com o Ray Tracing ligado





Pontuação do GameForces – 8.5/10



Título: Devil May Cry 5 – Special Edition
Desenvolvedora: Capcom
Publicadora: Capcom
Ano: 2020


Autor da Análise: Carlos Silva



[Análise] Devil May Cry 5: Special Edition [PS5] [Análise] Devil May Cry 5: Special Edition [PS5] Reviewed by Carlos Silva on fevereiro 20, 2021 Rating: 5

Sem comentários:

Com tecnologia do Blogger.