[Análise] Dragon Ball Z: Kakarot – Trunks: The Warrior of Hope [PS4]


Já lá vai um ano e meio desde que Dragon Ball Z: Kakarot chegou e nos surpreendeu. Agora, e depois de dois DLCs algo inconsistentes que deixaram algo a desejar, a terceira e derradeira expansão desta experiência RPG passada no universo criado por Akira Toriyama foi finalmente lançada. Trunks: The Warrior of Hope é o nome do novo conteúdo, propondo-se a explorar a ponta solta da história do meio humano, meio Saiyan na linha temporal alternativa. Mas será esta uma experiência na qual vale a pena investir tempo, ou mais uma expansão que atraiçoará a nossa esperança?

(De notar que esta análise corresponde à versão PS4 do jogo, experienciada numa PS5 através da retrocompatibilidade.)
 

Ao olhar para o título deste novo pacote de conteúdos, nenhum fã de Dragon Ball ficará surpreendido por ler que se trata da adaptação da história do mestiço Trunks, antes deste viajar atrás no tempo para salvar a humanidade do domínio tirânico dos Androides 17 e 18.  Assim, Trunks: The Warrior of Hope leva-nos a viver os acontecimentos da linha temporal alternativa que vêm o Trunks e um Gohan adulto a serem a última linha de resistência contra esses androides, até o primeiro viajar para o passado e regressar mais forte para pôr fim a esta ameaça. Somos, assim, postos perante uma narrativa mais pesada do que o habitual para este franchise, com as temáticas da perda, do luto e do crescimento forçado a marcarem muito do que é a história deste DLC.
 
São no total três episódios de história que esta nova expansão acrescenta à experiência de Dragon Ball Z: Kakarot. O primeiro vê um Trunks mais novo a iniciar o seu treino com Gohan para se tornar um Super Saiyan, enquanto o segundo o vê já mais adulto, mais poderoso e mais capaz de enfrentar os sádicos Androides. Ao conseguir pôr fim à ameaça dos Androides, e após os créditos do jogo, somos surpreendidos com um terceiro episódio que se passa alguns anos depois e durante a reconstrução do mundo por parte da humanidade (e mais não diremos para não estragar a surpresa). Trata-se de um pedaço de história original, bem construído e, acima de tudo, muitíssimo bem animado e desempenhado pelos atores de voz.
 

Aliás, toda a adaptação desta história, incluindo o episódio original, volta a atingir os patamares de excelência que observámos no jogo base. As sequências cinemáticas voltam a ser vibrantes e coloridas, enaltecendo muitíssimo bem os momentos dramáticos e emotivos da narrativa. O design do mundo aberto transmite bem a sensação de desespero que os heróis estão a vivenciar. A música continua a ser fiel ao observado na série animada, tal como os desempenhos de voz, que voltam a ser fornecidos pelos atores que deram vida às personagens nas centenas de episódios do anime. Assim, e ao contrário do que vimos nos primeiros dois DLCs, a fidelidade da adaptação, que até era uma das imagens de marca e características distintivas do jogo base, volta aqui a estar presente em força. Este trabalho volta a ser louvável, e ajuda de imediato a colocar esta expansão acima dos DLCs anteriores.
 
Quanto à jogabilidade, não há muito a acrescentar. A grande maioria dos combates continua a consistir num divertido loop explosivo de confrontos físicos e de choques de ondas energéticas. E usamos a palavra maioria porque há uma pequena diferença, que marca a experiência tanto positiva como negativamente. No primeiro episódio, jogamos com um Trunks mais novo e inexperiente, o que se traduz em combates inicialmente bastante lentos e algo penosos, causando uma primeira impressão algo negativa. Por outro lado, ao progredir na história, e ao subir o nível do protagonista, termos uma verdadeira sensação de progresso e voltamos a sentir que o sistema de RPG volta a fazer sentido. É relevante também mencionar que, apesar de se poder aceder a este DLC em qualquer altura da história do jogo base, os seus acontecimentos e progressos não desequilibrarão a aventura principal, outro aspeto no qual Trunks: The Warrior of Hope se destaca face aos anteriores DLCs.
 

Como seria de esperar, são adicionadas novas missões secundárias para cumprir com Trunks, algumas das quais denotam uma escrita muito bem-humorada e apelativa. No entanto, e semelhante ao encontrado no jogo base, estas acabam por ser algo repetitivas, não variando dos típicos objetivos de viajar de trás para a frente, combater contra um inimigo genérico, ou recolher um número de ingredientes para algo. Mas a grande novidade deste DLC passa pela vertente de assalto dos androides, onde teremos de viajar com cuidado pelo mundo aberto de modo a evitar sermos detetados pelos sádicos vilões. Caso eles nos encontrem, teremos de os combater, mas não com o objetivo de os vencer. Temos antes que completar alguns pequenos objetivos, como atordoar os adversários ou reduzir a sua vida até certo ponto, de modo a conseguirmos escapar. Não são más ideias, mas entram tão pouco em jogo e acrescentam tão pouca variedade à experiência, que acabam por ser novidades algo inócuas.
 
Para terminar, há que referir que, de um ponto de vista técnico, fomos surpreendidos pela qualidade aqui apresentada. Não que o jogo base de Dragon Ball: Kakarot, ou os seus primeiros DLCs, apresentassem problemas técnicos profundos ou excessivamente desestabilizadores. Mas os poucos soluços que foram verificados insistiam em marcar presença mesmo após várias atualizações e chegadas de DLCs. Contudo, verificamos agora que estes problemas desapareceram completamente com a chegada de Trunks: The Warrior of Hope. Não cremos que tal se deva ao facto de termos passado por esta experiência numa PlayStation 5, uma vez que sessões de jogo anteriores evidenciaram a presença continuada das quebras de frame rate mesmo na nova consola. Assim, fica a impressão que os problemas que se verificaram ao longo deste ano e meio foram finalmente resolvidos, tornado uma já fantástica experiência geral ainda melhor.
 

Conclusões
Trunks: The Warrior of Hope vem terminar em beleza esta tão bem conseguida adaptação do fenómeno que é Dragon Ball Z ao género de RPG. As sequências animadas voltam a ser tão fiéis quanto possível, a sensação de progressão volta a estar presente e a ter impacto na jogabilidade, e o facto de não nos termos deparado com qualquer dos soluços técnicos aos quais já estávamos habituados faz com que a última impressão desta fantástica experiência seja bastante positiva. Com tudo isto, ficamos a querer mais adaptações assim de Dragon Ball, ou até de outras séries animadas semelhantes.
 
O Melhor:
  • Adaptação da narrativa volta a estar muitíssimo bem conseguida
  • A inclusão de um episódio “pós-jogo” foi uma surpresa bem-vinda
  • Problemas técnicos do jogo base parecem ter sido resolvidos
 
O Pior:
  • Mecânicas de assalto e novas missões secundárias acrescentam pouco à experiência
  • Jogar com Trunks no início é demasiado lento e penoso
 
Pontuação do GameForces – 8/10
 
 
Título: Dragon Ball Z: Kakarot – Trunks: The Warrior of Hope
Desenvolvedora: CyberConnect2
Publicadora: Bandai Namco
Ano: 2021


Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Playsataion 4, com o amável suporte da Play NXT, representante da Bandai Namco em Portugal.

 
Autor da Análise: Filipe Castro Mesquita
[Análise] Dragon Ball Z: Kakarot – Trunks: The Warrior of Hope [PS4] [Análise] Dragon Ball Z: Kakarot – Trunks: The Warrior of Hope [PS4] Reviewed by Filipe Castro Mesquita on junho 17, 2021 Rating: 5

Sem comentários:

Com tecnologia do Blogger.