[Análise] Shing! [PS4]




O género “beat m’up” tem vindo ao longo dos tempos evoluindo no sentido de satisfazer as grandes necessidades dos seus fãs mais acérrimos. Quer considerando gráficos mais cativantes, banda sonoras memoráveis ou novos e estilosos ataques, tem sido evoluções que fundamentalmente não mexem muito com as fundações do género no que toca à sua jogabilidade. 

Shing!, desenvolvido pela Mass Creation, apresenta finalmente uma proposta nesse sentido, recorrendo ao analógico para realizar os ataques e combos das personagens. A premissa é interessante e suscita curiosidade sobre a sua implementação, mas fica a dúvida se será efectivamente o caminho a seguir pelo futuro. Antes de iniciar a nossa dissecação sobre as nuances desta forma de jogo torna-se necessário apresentar a fundação do jogo. 




Neste título em particular, seguimos as aventuras de um grupo de quatro heróis, os quais permitem ser controlados simultaneamente pelo jogador durante o decorrer de toda a história. Numa campanha sozinha, vamos controlando uma personagem de cada vez no ecrã, podendo alternar para outra em tempo real e durante a acção do jogo, através de um simples toque de botão ou sempre que morremos. Já considerando um multijogador local, onde poderemos partilhar esta experiência com um amigo ou familiar, é possível controlar personagens múltiplas no ecrã, revelando momento de grande diversão. 

Durante os eventos inicias do jogo somos apresentados às personagens e enredo global, onde fundamentalmente necessitarão de ajudar a recuperar um elemento místico que foi roubado pelos antagonistas e que provocará o declinar da civilização a qual os nossos heróis fazem parte. É efectivamente uma história relativamente simplicista, mas que funciona bem, para a experiencia que é, quando combinado com uma caracterização cativante das personagens e visuais belos e com óptima profundidade. 




Tetsuo, Bichiko, Willhelm e Aiko serão as personagens com quem conviveremos durante toda a aventura. O produtor apresenta um trabalho exímio em envolver a sua caracterização com todas as componentes que compõem a aventura proposta, desde eventos a meio da acção, até localizações de “descanso” onde aprofundamos as relações entre elas. Estes elementos, complementados com uma pitada da dose certa de humorismo torna esta valência numa das mais interessantes do jogo. 

Ainda assim, este título conta também com outros aspectos de louvar, como por exemplo o grafismo e banda sonora. Todos os cenários, personagens e sons são bastante cativantes e envolventes. Principalmente equacionando que a aventura nos leva a percorrer peculiares e distintos cenários, onde somos brindados com uma dinâmica alteração de setting que ajuda a manter o interesse ao providenciar sempre novos elementos ao longo da história. Denotamos alguns bugs gráficos, mas nada que possa desmerecer o trabalho realizado pelos produtores nesta valência. 




Já a jogabilidade, ao apresentar esta evolução em utilizar o analógico directo para realizar os combos e ataques, apresenta problemas mais significativos. Focalizando-nos já na questão principal, podemos afirmar que para interiorizar este novo esquema é necessário efectuar um remapeamento do nosso hábito enquanto jogador de beat m’up. Durante as primeiras horas de jogo iremos passar por um processo de interiorização da realização dos novos combos e esquema de defender esquivar. Este processo é um dos problemas do jogo, pois pode-se tornar muito frustrante antes de se tornar intuitivo. Em toda a verdade, no final da nossa experiência já dominávamos perfeitamente este novo esquema, mas até lá foi uma aprendizagem constante, nem sempre fluida devido a problemas associados a picos de dificuldade em certas alturas do jogo. Ainda assim, acreditamos que a aposta foi bem-sucedida, pois efectivamente começamos a ter uma maior facilidade no controlo da personagem e um maior prazer na realização dos ataques pretendidos. 

Falando em controlo de personagem, salientamos que existe uma quantidade significativa de bugs nesta valência em certas partes do jogo, principalmente no nível do elevador ou dos rápidos onde frequentemente ficamos com a personagem congelada fora da “área de jogo”. O mesmo sucede com os inimigos. Infelizmente, este aspecto afecta efectivamente a experiencia, deixando claramente uma sensação de que poderia ter havido um maior cuidado por parte do produtor. 



 
Ainda abordando a jogabilidade salientamos o excelente trabalho realizado pela Mass Creation em criar um conjunto de inimigos interessantes, diferenciados no seu comportamento e ataques. Efectivamente cada um dos adversários que somos presentados tem comportamentos significativamente distintos, desde pequenos demónios que atacam ao longe, ninjas que aparam todos os nossos golpes, aves que temos de utilizar ataques aéreos para vencer ou mesmo mulheres árvore que no atacam com raízes ao longe. Conseguir descortinar a melhor forma de vencer cada um dos adversários, principalmente quando temos de os combater em grupo, revela-se um desafio interessante e que nos puxa ao limite das capacidades em certas ocasiões. Torna-se essencial compreender que defender ou esquivar é tão importante quanto atacar na altura certa, indicando que para jogadores que se focam primordialmente em “spammar” botões terão dificuldades enormes em chegar ao final no modo normal. 




Conclusão 

Na generalidade, Shing! apresenta-se como uma sólida experiência e variação de um género, cuja jogabilidade encontra-se estagnada no tempo. A introdução de um controlo de ataques através do analógico direito é um óptimo conceito cuja interiorização demora mas revela-se eventualmente mais intuitiva. 

A caracterização das personagens e ambiente criado é um dos seus grandes trunfos que proporciona eventos de verdadeiro divertimento, captando o interesse do jogador. Para qualquer fã de um bom beat m’up é certamente uma aposta a considerar. Por outro lado, gostaríamos de ver a longo prazo quais lições a Mass Creation conseguiu retirar deste jogo. 




O melhor: 
  • Grafismo e Banda Sonora envolventes; 
  • Personagens cativantes com bom nível de caracterização; 
  • Facilidade de execução de combos e ataques...


O pior: 
  • …Após um longo processo de interiorização dos novos controlos; 
  • Bugs no controlo de personagens em alguns níveis; 
  • Picos de dificuldade 



Pontuação do GameForces – 7.5/10 



Título: Shing!
Desenvolvedora: Mass Creation
Publicadora: Mass Creation
Ano: 2020 



Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Playstation 4, através de um código gentilmente cedido pela Mass Creation. 



Artigo por: Carlos Silva
[Análise] Shing! [PS4] [Análise] Shing! [PS4] Reviewed by Carlos Silva on setembro 24, 2020 Rating: 5

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