[Análise] One Piece: Pirate Warriors 4 [PS4]

O estilo Musou, frequentemente associado a títulos da Koei Tecmo caracteriza-se pela sua singularidade e caracterização combinativa de vários formas de jogabilidade.  Sendo um estilo de jogo tão singularmente identificado a uma publicadora é frequente a expectativa em confirmar como conseguem inovar e implementar novas mecânicas nos seus jogos, sem nunca fugiram à forma base. Em particular, One Piece: Pirate Warriors 4 segue proximamente os alicerces do género, sem nunca arriscar muito em sair da sua zona de conforto ou na experiência que pretende fornecer.

Resumidamente, a jogabilidade caracteriza-se por assumirmos o controlo de um campo de batalha, na forma de um dos “generais” presentes, procurando dar apoio às suas tropas enquanto combatendo contra outros generais. Esta dinâmica é apoiada por um estilo de hack n’slash associado a elementos de estratégia na medida que teremos, em tempo real , decidir sobre quais as tropas a suportar, objectivos a cumprir ou bases inimigas a capturar.

Como já mencionado, esta é uma fórmula já bem estabelecida e com uma significativa base de fâs, na qual é frequente que os diversos títulos publicados fundamentem significativamente o seu charme no denominado “fan service”. Títulos desde Hyrule Warriors, Dragon Quest Heroes, Fire Emblem Warriors ou mais recentemente Persona 5 Scramble e One Piece: Pirate Warriors, recorrentemente remetem a personagens, ambientes e enredos que os fãs dessas franquias reconhecem e facilmente ajudam a interiorizarem a experiência. No fundo pretende-se transmitir uma forma interactiva para o fã, associada à glorificação acessível associada do estilo de jogo.

Particularizando para One Piece: Pirate Warriors 4, seguimos novamente as aventuras de Monkey D. Luffy e a sua tripulação de piratas na demanda pela Grand Line, no sentido de encontrar o tesouro do infame rei dos piratas e no processo ele próprio se tornar no rei dos piratas.

A história e personagem, para quem acompanha o anime, já é reconhecida, sendo possível participar em batalhas e eventos icónicos, assim como todo um conjunto de novas aventuras. Felizmente e no que podemos considerar um dos pontos mais positivos do jogo, a lista de personagens jogáveis é incrivelmente extensa, apresentando mais 6 personagens que o título anterior e num total de 43! Naturalmente que as principais estão todas presentes, como por exemplo Luffy, Zoro, Nami, Usopp, Sanji, Chopper, Robin, mas também os vilões fazem a sua aparição, como por exemplo os icónicos Whitebeard, Blackbeard, Crocodile, Kuma, etc. Para complementar esta extensa opção de escolha, cada um terá ainda uma panóplia de ataques diferenciada, ainda que baseada em estilos específicos (Power, Technical, Speed, etc.).

O combate em si é bastante intuitivo e rapidamente se assimilam as mecânicas. Existe um ataque ligeiro, um pesado e um de carga. Com o evoluir do combate vamos enchendo barras de acção que permitem quatro ataques especiais diferentes.

Com vista a providenciar uma melhor profundidade na experiencia, existe um típico (para a série) quadro de customização onde podemos gastar os pontos, dinheiro e tokens ganhos durante o jogo. As diversas melhorias passam pela possibilidade de aumentar as nossas características, desbloquear novos ataques (simples ou especiais) ou desbloquear habilidades que podemos equipar e funcionam de uma forma passiva durante a batalha (por exemplo aumento de dano a inimigos gigantes, ou aumento de força à medida que perdemos vida, etc.).

Graficamente o título está bastante bem caracterizado com a animação a seguir fielmente o anime, expandido para as capacidades da consola. A irreverência gráfica permanece idêntica a si mesma, não descuidando a apresentação dos ambientes e caracterização das personagens nos icónicos momentos do anime. Contudo o controlo da camara poderá por vezes tornar-se frustrante, principalmente pela dificuldade do jogo em manter a vista centrada com o alvo que definimos, não sendo contudo um elemento intrusivo ao ponto de estragar a experiência.
A banda sonora e efeitos de som são competentes, baseados no anime e ajudam a manter um bom ritmo de jogo. 

Para além do modo de história, onde nível a nível (batalha a batalha) percorremos as diversas ilhas reconhecidas da história, existem alternativamente outros modos que permitem uma diversão mais expandida do jogo. Será possível percorrer cada um dos níveis da campanha utilizado as personagens que vão sendo desbloqueadas ao longo do jogo (à medida que vão sendo cumpridos certos objectivos). Também existe um modo similar a um Log file onde percorremos diversos níveis com a perspectiva das diferentes facções. Por fim, existe a hipótese de jogar em Co-op com outro jogador o que aumenta significativamente a qualidade da experiência em si, providenciando momentos verdadeiramente cativantes.

Resumo

One Piece: Pirate Warriors 4 segue fielmente a acção reconhecida do anime. Fundamentalmente é um Musou competente, que contudo falha em apresentar inovações significativas face ao modelo já reconhecido de vários anos.

A sua jogabilidade, grafismo e enredo estão bem adequado ao anime, sendo que os fãs irão ter um excelente título nas mãos para voltar a este mundo, ainda que não contem com adições significativas à história já conhecida.

No fim, consideramos que é um jogo essencialmente para os fãs de One Piece, pois enquanto Musou existem actualmente outros jogos com alternativas mais envolventes.

O Melhor:

• Ambiente, personagens e sentimento generalizado do jogo segue aproximadamente o anime;
• Irreverência do conceito artístico do jogo;
• Jogabilidade simples, bem implementada e fácil de assimilar;
• Extenso leque de personagens para escolher;
• Modo multijogador cativante.

O Pior:

• Não arrisca significativamente em inovar para além da formula base.

Pontuação do GameForces – 7,5/10

Título: One Piece: Pirate Warriors 4

Desenvolvedora: Koei Tecmo

Publicadora: BandaiNamco

Ano: 2020

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Playstation 4, através de um código gentilmente cedido pela Bandai Namco.

Autor da Análise: Carlos Silva