Análise | One Piece Odyssey - A Derradeira Aventura dos Chapéu de Palha

 


Para quem me conhece, sabe que sou um enorme fã de One Piece desde os meus 15 anos. Falamos então do ano de 2014, ano em que o nosso protagonista lutava contra o imparável Doflamingo. Foram mais de 1000 episódios que assisti ao longo destes quase 10 anos e provavelmente vou ter que esperar outros 10 para conseguir assistir ao final da odisseia de Luffy! Este incrível universo não se ficou somente pelos episódios de anime e mangas, o anime já conta com inúmeros filmes e video-jogos. Os filmes são todos incríveis e conseguem até ser melhores que muitos arcos do anime, já os jogos... digamos que 1 em cada 5 são de qualidade. Felizmente One Piece Odyssey é um dos jogos presentes na minoria e que, apesar de não ser perfeito, consegue realmente entreter os jogadores e acima de tudo, os verdadeiros fãs. 

Nesta aventura, os nossos piratas favoritos vão ter por acidente à ilha de Waford, uma ilha governada por 4 colossi e que contém diversos mistérios completamente interligados com a história principal. Vale salientar também que estes acontecimentos ocorrem entre o arco de Whole Cake e Wano, na série original. Nessa ilha é nos apresentado Adio, que possui o poder da fruta da mão. Quer isto dizer que  consegue criar umas mãos gigantes, capazes de defender e/ou refletir qualquer ataque. Para além de Adio, também é introduzida Lim, uma rapariga bastante misteriosa que nos rouba os poderes, fazendo assim todas as nossas personagens voltarem ao nível 1 e sem acesso a muitas das suas habilidades mais icónicas.



Para os piratas do chapéu de palha recuperarem os seus poderes terão de reviver certos acontecimentos da sua jornada como, Alabasta, Water 7, Marineford e Dressrosa. Contudo, nenhuma das aventuras irá ser igual às originais, uma vez que estas novas são frutos da memória dos nossos protagonistas, o que de certa forma se torna um dos pontos fracos do jogo. Todos os momentos correspondentes aos presentes na narrativa estão incríveis com personagens novas e momentos que podiam sem sombra de dúvida serem adaptadas para o anime. O problema surge nos momentos de "flashback" ou como o jogo lhes chama, na memoria. Nestes somos levados para determinados arcos da série principal, contudo nenhum destes segue os acontecimentos do anime a 100% e os poucos aspectos fieis à história original estão muito mal contados. Para quem nunca assistiu ao anime, certamente irá sentir-se confuso ao jogar estas partes do jogo pois não vai conseguir perceber o que se passa ou passou para as nossas personagens estarem ali. Já aos verdadeiros fãs, estes podem sentir-se de certa forma desiludidos pois muitos dos momentos e personagens mais marcantes dos arcos em questão não aparecem no jogo.  Penso que poderiam haver mudanças na história, porém nada significativas, o que infelizmente não é o apresentado. Outro ponto negativo é o facto do acto mais recente a ser relembrado ser o de Dressrosa que, tal como já foi mencionado, é de 2014 o que não é bem considerado recente num jogo lançado em 2023. 



One Piece Odyssey apostou imenso na modalidade RPG e no seu combate por turnos o que é refletido na sua qualidade final. Durante o combate temos três opções típicas do género: ataque, habilidade ou usar item. Existem três tipos de ataque e cada personagem tem somente um deles: o technique, speed e power. Os ataques power são fortes contra os speed, os speed são contra os technique e por fim os technique são fortes contra os power, fazendo assim uma espécie de relação em triângulo entre eles. De seguida temos as habilidades. Como mencionado anteriormente, estas são adquiridas ao longo da aventura e todas elas consomem uma determinada quantidade de Tension Points (TP). Por fim, os items que podemos utilizar podem variar desde consumíveis, refeições ou bombas. Os consumíveis e as refeições oferecem certos atributos ou melhoram os níveis de vida (HP) e/ou Tension Points de uma ou todas as personagens presentes em combate. Já as bombas servem para dar stun ou diminuir algum atributo a algum inimigo em expecífico. 

Nos combates só podemos ter 4 personagens a lutar, contudo podemos ir alternando entre elas em qualquer momento. Para além das personagens do bando, podemos ter ainda mais algumas na nossa equipa durante os combates, porém não as conseguimos controlar. As acções realizadas por estas personagens secundárias são completamente aleatórias, não havendo qualquer controlo por parte do jogador.



Outro aspecto bastante bem conseguido é a exploração do gigantesco mundo aberto. Este é sem dúvida um dos pontos mais positivos do jogo. Os mundos são bonitos, bem polidos e repletos de vida, com inúmeras missões secundárias (para além das primárias), diversos npcs com quem falar, cartazes de procurados (que nos levam a derrotar um pirata procurado em troca de uma quantia de dinheiro) e inúmeros baús ou coleccionáveis por encontrar que também ajudam a melhorar as nossas habilidades. 

Ao longo da exploração podemos usar apenas 7 das 9 personagens, tirando de parte o Franky e o Brook. Apesar de somente conseguirmos usar parte dos protagonistas, todas elas têm as suas habilidades especiais durante a exploração. A título de exemplo, Luffy consegue partir pedras e alcançar locais mais altos com os seus braços que esticam, a Nami consegue encontrar dinheiro perdido pelo mapa ou o Zoro com o auxílio das suas espadas consegue destruir alguns baús de ferro e cortar algumas barreiras. Em certos locais do mapa é nos possível montar um acampamento (algo idêntico ao que encontramos em jogos como Final Fantasy XV). Nestas ocasiões podemos cozinhar refeições e produzir bombas, estas que serão bastante úteis nos combates. 

Vale salientar que muitas das missões secundárias tornam-se bastante complicadas e confusas devido à falta de informação que o jogo nos oferece. Muitas vezes dei por mim perdido e sem saber o que fazer durante as mesmas pois o jogo não é muito explícito no que temos de fazer.



Em termos de prestação gráfica, de uma forma geral o jogo desenvolve-se bastante bem, com a taxa de fotogramas fixa nos 60. Os gráficos estão lindos e não ficam muito aquém das novas animações do anime (que, convenhamos, neste momento estão soberbas), com bastantes pormenores de ray tracing (por exemplo dentro das cavernas, onde conseguimos ver os raios de sol atravessar por entre os nossos olhos). 

Também devemos mencionar alguns aspectos da banda sonora. Esta revela-se bastante fiel à que nos é apresentada no anime, com uma grande diferença entre os momentos de exploração e os combates com os diversos bosses do jogo. Os efeitos sonoros também encontram-se bastante semelhantes aos do anime (por exemplo no som que surge sempre que o Luffy se estica, ou o som dos peculiares paços do Chopper).  

Apesar de não ter muita experiência neste estilo de jogos, posso dizer que não tive qualquer dificuldade em terminar o jogo, o que revela que qualquer jogador com menos experiência em JRPGs consegue terminar o jogo sem qualquer dificuldade, algo que para os verdadeiros fãs poderia trazer algum aborrecimento.



Conclusões

One Piece Odyssey consegue trazer o melhor de dois mundos: uma experiência de exploração maravilhosa pelos mundos mais importantes do anime, assim como uma experiência de combate bastante bem desenvolvida. O nível de dificuldade é bastante baixo, permitindo a qualquer interessado terminar o jogo sem qualquer dificuldade. Contudo, não consigo recomendar o jogo a quem procura conhecer o mundo de One Piece, uma vez que os momentos de "flashback" onde realmente nos é dada a conhecer as histórias originais do anime estão muito confusas e em alguns casos completamente distorcidas ou mal explicadas. Para os verdadeiros fãs da série, se conseguirem aceitar esses aspectos, irão aproveitar ao máximo a experiência, tal como eu.


O Melhor:

  • Um modo de combate bastante bem construído e simples;
  • Exploração bastante bem trabalhada, com mundos bastante bem polidos e repletos de diálogos e coisas para se fazer;
  • Tudo o que consta nos pormenores sonoros e visuais está perfeito.


O Pior:

  • A forma como foram representados os acontecimentos passados;
  • Objectivos das missões secundárias bastante confusos e pouco explícitos.



Pontuação do GameForces: 8,5/10


Título: One Piece Odyssey
Desenvolvedora: ILCA
Publicadora: Bandai Namco Entertainment
Ano: 2023



Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PlayStation 5, através de um código gentilmente cedido pela PlayNXT (Bandai Namco) .

Autor da Análise: Carlos Cabrita

Análise | One Piece Odyssey - A Derradeira Aventura dos Chapéu de Palha Análise | One Piece Odyssey - A Derradeira Aventura dos Chapéu de Palha Reviewed by Carlos Cabrita on fevereiro 02, 2023 Rating: 5

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