Kitaria Fables [PS5] - Salvar o Mundo e Plantar Abóboras

O que faz existirem cada vez mais pessoas em todo o mundo aderirem aos videojogos e este ser um mercado cada vez mais em ascensão? Bem, um dos motivos passa por podermos ser o que quisermos. Um canalizador que salva a princesa ou um ouriço supersónico, são somente duas das mais reconhecidas entre milhares de outras personagens. E no meio dessas, porque não um gato que carrega nos ombros a missão de salvar o mundo, mas que ao mesmo tempo é proficiente em tarefas mundanas? É este o mote para Kitaria Fables!




À muitos anos atrás uma força maléfica desconhecida, fez com que as criaturas doceis atacassem subitamente os habitantes deste mundo. Mas um grupo de heróis lutou contra essa força e venceu. Sem mais informações o mundo voltou á normalidade. Agora, anos mais tarde, as mesmas criaturas começam a apresentar sinais de agressividade e paira no ar a ideia que uma nova era de Calamidade está para começar. E é assim que começa a nossa aventura.

Como soldados do Reino, após um pedido de ajuda do Mayor, somos instruídos de ir proteger a vila de Paw. Com esta simples premissa, lá vamos nós, Nyanza von Whiskers mais o nosso fiel companheiro Macarron (uma espécie de rebuçado com uma luz por cima) iniciar a nossa demanda. Mesmo antes de chegarmos ao destino pretendido somos compelidos a salvar uma das crianças da vila que se afastou, sendo-nos assim apresentado as dinâmicas de combate através de um pequeno tutorial onde nos é entregue a nossa espada.



Fácil e simples de aprender mas difícil de dominar. Os ataques inimigos apresentam um pré aviso onde conseguimos ver a área que vão atingir e cabe-nos a tarefa de nos desviar. Para isso usaremos a nossa esquiva, uma cambalhota rápida mas que gasta stamina. Sendo que é relativamente fácil controlar este exercício contra um inimigo isolado, esta tarefa complica-se quando nas situações onde nos debatemos contra grupos de 3 ou mais opositores. Entre perceber os padrões dos ataques, das áreas onde estes vão incidir e desviarmo-nos com o timing exato, estas manobras podem muitas vezes resultar na nossa morte.



Voltando à história! Após chegarmos à vila onde somos recebidos pelo Chefe (um bode de nome Olivier), como reconhecimeto de termos salvo a criança, somos convidados a ficar na quinta do nosso avô Payne Thunderbunn e a usarmos, com  todas as suas vantagens. Aqui temos a vertente mais calma e relaxante do jogo, mas que é a base de evolução de Kitaria Fables. É também a maneira mais propicia de ganharmos Paw Pennies (moeda usada neste universo) visto que só aparecem em algumas caixas pelo mundo e quando completamos quests, mas que não é suficiente para conseguirmos melhorar a nossa personagem. Temos então novamente um pequeno Tutorial onde são introduzidas as ações de cavar, plantar, regar, ceifar e minar sendo-nos dados um equipamento para cada tipo atividade, herdados novamente do nosso avô. 



E é nestas atividades que o jogo se baseia para conseguirmos acompanhar a dificuldade que gradualmente vai aumentando em zonas mais avançadas. Vamos dar o exemplo da espada que recebemos no primeiro tutorial. Tem quatro evoluções a ser criadas pelo ferreiro. A primeira evolução precisa de uma determinada quantidade de lingotes de cobre para evoluir, mais alguns itens que um  monstro especifico deixa cair ao morrer e também uma quantidade de Pennies.  Para conseguir os lingotes temos que minar pedras onde conseguimos apanhar cobre. Para os lingotes precisamos do cobre e mais dinheiro. Adicionalmente, como o dinheiro espalhado pelo mundo é escasso temos que nos socorrer das tarefas de jardinagens, vendendo flores ou frutas por nós cultivadas (embora essas também dependam de dinheiro, pois teremos de comprar as sementes!). E é assim com todos os equipamentos que usamos para ficarmos mais fortes, visto não haver um sistema de experiencia ou de evolução de nível de personagem.

É exactamente neste sistema  que deparamo-nos com o primeiro problema de Kitaria: o inventário. Apesar de ser possível expandi-lo gastando Pennies (que relembramos não é propriamente fácil amealhar), como cada tipo de monstro normalmente deixa cair um item diferente (e havendo cerca de 25/30 espécies de monstros), após percorridos alguns mapas ficamos com o inventário cheio levando à necessidade de voltar para trás para depositar na nossa quinta. Apesar de haver certos pontos de teletransporte muitas vezes temos que percorrer três ou mais mapas até chegarmos a um deles. Mesmo com a existência de itens que aumentam a velocidade da nossa personagem, parece-nos ser um movimento um pouco lento não havendo a opção de correr (que poderia ser implementada, nem que fosse consumindo a nossa stamina).



Com o evoluir da história eventualmente iremos desbloquear os nossos poderes e magias, e com eles os atalhos rápidos (quatro para os ataques e quatro para itens). A magia tem um papel importante nas dinâmicas de combate visto serem ataques que podem ser usados a longa distancia mas também na história, que apesar de não primar pela originalidade tem vários "plot twists" para nos manter interessados. 

De igual forma interessante e cativante, a componente audiovisual está bastante apelativa, com flautas e violinos em destaque durante praticamente toda a nossa jornada, providenciando uma musicalidade perfeitamente associada ao grafismo do jogo (que apresenta um ambiente mais cartoonizado). Relativamente à atmosfera salientamos ainda os efeitos sonoros de Kitaria, que estão muito bem conseguidos, principalmente a chuva que considera um som diferente dentro e fora de edificios. Neste aspecto a Twin Hearts conseguiu imitar na perfeição o efeito da chuva no interior da nossa quinta, onde chegamos ao ponto de sentir que estamos em casa num domingo chuvoso.



Graficamente o jogo demonstra uma simplicidade que assenta bem no estilo presente. Uma palete de cores suave mas bastante variada onde passamos por várias zonas diferentes. Desde desertos, a pântanos ou mesmo belas montanhas cobertas de neve. Todos estas zonas estão bem caracterizadas com os seus elementos naturais (como catos em zonas desertas), mas simultaneamente não enchendo o cenário,  dando bastante espaço para os combates e para a visão da zona dos pré ataques. Contudo, em certas mudanças de ângulo de câmaras, alguns objetos mais altos sobrepõem-se á visão do nosso personagem por breves instantes.




Aproveitamos para deixar aqui a nota que somente encontrámos dois bugs durante a nosso tempo de jogo. O primeiro foi ao aceitarmos uma quest secundária de um determinado NPC que deixámos para um plano complementar e que no desenrolar da história voltámos a ter que falar com o mesmo NPC, este não assume a historia principal enquanto não completássemos a quest secundária.
O outro foi aleatoriamente termos caído nas texturas após destruirmos uma caixa ficando preso num vazio negro onde tivemos que reiniciar o jogo.

Conclusão

Kitaria Fables premeia os pacientes. Ter que plantar, regar , ceifar e minar para estarmos à altura da curvatura de dificuldade que o jogo nos presenteia e pode deixar os mais impacientes sem vontade de concluir esta experiencia. Contudo, envolvermo-nos neste sistema trás um sentimentos de concretização que ainda  tem a premissa de vermos o desenrolar da história e toda as suas reviravoltas nesta aventura com gatos, bodes, tigres, ursos entre outros.


O Melhor:
  • A história
  • Efeitos sonoros
  • Sistema de evolução de itens / personagem

O Pior:
  • O pequeno inventário
  • Movimento lento da personagem
 

Pontuação do GameForces – 7.5/10


 
Título: Kitaria Fables
Desenvolvedora: Twin Hearts 
Publicadora: PQube
Ano: 2021


Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PS5, através de um código gentilmente cedido pela PQube
 


Autor da Análise: Filipe Martins
Kitaria Fables [PS5] - Salvar o Mundo e Plantar Abóboras Kitaria Fables [PS5] - Salvar o Mundo e Plantar Abóboras Reviewed by Filipe Martins on setembro 18, 2021 Rating: 5

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