Análise | Ratchet & Clank: Rift Apart - Uma Viagem pelo Multiverso



Apesar de Ratchet & Clank: Rift Apart ter sido lançado em 2021 com o início da nova geração da Playstation e apresentado como a demonstração do poderio da consola, este título chega agora ao PC com um port de altíssima qualidade.
Esta extensa franquia, que já conta com mais de 20 anos de história, estreia-se agora fora da conceituada consola da Sony.

Confesso que me senti bastante nostálgico com a notícia do lançamento para o computador.
Sendo praticamente um jogador exclusivo de PC há coisa de 10 anos, o último título deste franchise que tive o prazer de jogar foi Ratchet & Clank Future: A Crack in Time para a Playstation 3, em 2009 ou 2010, e lembro-me de me divertir imenso com todo o arsenal que tinha à minha disposição naquele brilhante jogo.

Quando o último jogo da série chegou à PS5, o nosso ex-colaborador Bruno Neves avaliou logo esta aventura. Agora, 14 anos depois, ao ver Ratchet e o seu fiel companheiro Clank serem anunciados para a minha plataforma de eleição tinha que conseguir ver a evolução desta dupla e partilhar a minha opinião de Rift Apart!



Esta nova aventura começa em grande! Num desfile que celebra Ratchet e Clank como heróis da galáxia, é-nos apresentado o Dimensionador - um aparelho capaz de abrir fendas para outras dimensões - já reparado, como um presente para Ratchet, para que o mesmo possa ir à procura da sua família Lombax.

Enquanto aprendia os controlos básicos num breve tutorial eis que o principal antagonista é revelado. Dr. Nefarious está de volta para nos tornar a vida difícil, mas... não está sozinho! Na tentativa de travar o vilão durante o desfile, Ratchet dispara contra o dimensionador, danificando-o e consequentemente abrindo fendas para outras dimensões sem fim à vista, e é então que a nossa dupla e o Dr. Nefarious são aspirados para um novo universo, onde se separam todos e o aparelho se quebra.

Se estão familiarizados com o conceito de "Multiverso" que tem estado muito na moda no mundo do cinema (sim Marvel, estou a olhar para vocês) então não vos será estranho eu dizer que... temos dois de tudo! Em Rift Apart é introduzida uma nova personagem jogável, Rivet, uma versão feminina do nosso lombax favorito.



Clank é o primeiro a dar de caras com esta nova personagem e, ao explicar-lhe o que aconteceu, Rivet decide ajudá-lo a reparar os danos causados, apesar de nunca ter trabalhado com um parceiro antes e de ter alguns problemas em confiar em robots. 

Ratchet, por outro lado, conhece Kit, a versão de Clank deste universo. Um (ou uma) robot de guerra que aparenta não ter confiança nenhuma nas suas capacidades mas que rapidamente, e com a ajuda de Ratchet, parece ganhar um propósito na sua vida.

Já Dr. Nefarious... Sai-lhe a sorte grande ao perceber que há um Imperador Nefarious neste universo, muito mais bem sucedido nas suas conquistas, e tenta ocupar o seu lugar enquanto o imperador está ausente numa missão, enviando soldados em busca de Ratchet e Clank.



Talvez por ter estado anos e anos longe desta franquia, fiquei boquiaberto cada vez que voava para um novo planeta (um novo bioma) ou cada vez que uma cutscene se desenrolava. A qualidade gráfica apresentada em Rift Apart, acompanhada pelo design tanto dos mundos como dos seus habitantes é bem capaz de rivalizar com filmes de animação atuais. Um universo cheio de cor e vida, sem nunca sentir sequer que pudesse faltar algo mais fosse em campo aberto ou em pequenas cidades.

A banda sonora não fica em nada atrás. As escolhas de sonoridade ao longo da experiência de jogo, em luta, exploração ou em momentos de relaxamento, potenciam e ajudam imenso na já incrível sensação de imersão que este novo título oferece.
A única pequena falha que eu possa ter a apontar em relação ao áudio passa por, por vezes, haver sobreposição de efeitos sonoros numa chuva de balas ou numa explosão sobre falas dos personagens que possam acrescentar algo à história ou que possam ser uma pequena ajuda em como derrotar o inimigo.

Uma pequena curiosidade em relação à minha experiência ainda, e relembrando uma altura em que o meu inglês não era tão apurado quando joguei A Crack in Time, explorei o trabalho de voice acting em português e apesar de ter estranhado bastante numa fase inicial, a verdade é que está um trabalho bastante bem conseguido misturando muito bem a comédia com a seriedade de algumas situações.



Como não poderia deixar de ser, e tal como em títulos anteriores, a fluidez de jogabilidade e da movimentação em geral é notável. A juntar ao já clássico double jump, temos também um dash e a possibilidade de correr nas paredes! Isto permitiu a Rift Apart maior variedade em segmentos de platforming ou em caças ao tesouro (colecionáveis, como os parafusos dourados!) mas também uma nova utilidade ao combate, sendo agora mais fácil desviar-nos de ataques inimigos durante o combate.

Ratchet regressa com a sua chave inglesa e com ela, um arsenal que conta com mais 20 armas diferentes que podem ser compradas ao longo da aventura. Isto oferece-nos a possibilidade de explorar e experimentar diversos estilos de combate, o básico combate corpo-a-corpo, a utilização de pistolas mais simples ou de metralhadoras, algo mais explosivo e barulhento com lança mísseis ou lança granadas, ou até mesmo uma abordagem mais relaxada com um exército de pequenos minions que luta ferozmente no nosso lugar.

Este leque de opções deu-me confiança suficiente para jogar este título na dificuldade máxima, sendo obrigado (e bem!) a lutar com tudo o que tinha ao meu dispor, conseguindo assim evoluir de nível as diferentes armas que vêm com a possibilidade de serem melhoradas a cada um, num máximo de até nível 5. Para isto, precisamos de encontrar raritanium, um material que, contrariamente ao que o nome indica, não é assim tão raro (estejam atentos ao mapa) mas que ainda assim requer alguma ponderação por parte do jogador, dependendo do gosto pessoal, para saber onde melhor aplicar os melhoramentos disponíveis. 

Mas se já estamos habituados a Ratchet, e com a introdução de Rivet poderíamos esperar algo de novo ou de diferente.. a verdade é que isso não acontece, para descontentamento meu. Durante a jornada vamos alternando entre os dois lombax, mas o estilo de jogo de um e outro são exatamente o mesmo, tendo exatamente as mesmas opções de armas num e noutro.



A incrível parelha entre a liberdade na movimentação dos nossos personagens e a fácil e intuitiva utilização de cada arma permite-nos arrasar os nossos inimigos com todo o estilo! E por falar em estilo, Ratchet & Clank: Rift Apart conta com um nível de customização muito simples. Podemos mudar o estilo e a cor do capacete, do colete ou das calças e botas. O melhor desta funcionalidade passa pelos bónus que cada set de roupas oferece, não sendo necessário equipar roupa A ou B para que os seus bónus sejam ativados.



Para finalizar, podemos ainda contar com segmentos que requerem a resolução de puzzles, tomando controlo tanto de Clank como de Kit, que apesar do seu baixo grau de dificuldade são bastante divertidos e originais.

Temos também segmentos com Glitch, um minúsculo robot na posse de Ratchet, cujo objetivo é limpar vírus de sistemas de computador. Pessoalmente não achei tão bem conseguido, algo atabalhoados e repetitivos sem oferecer nada de relevante à experiência de jogo. 



Ratchet & Clank: Rift Apart levou-me quinze horas a ser finalizado com 91% de progresso conseguido (até à data desta análise). A faltar-me apenas completar uma quest secundária e ganhar os troféus de bronze, prata e ouro do modo arena, onde as nossas capacidades são realmente testadas.

A história principal traz-nos missões divertidas e com imensa variedade, e não achei que o conteúdo secundário fosse repetitivo... mas ficou a saber a pouco. Num título AAA é sempre esperado um tempo de jogo mais alargado e, infelizmente, não é o que acontece com este jogo da franquia.



Não fiquei nada desiludido com este port para PC, apesar de se perceber perfeitamente que este jogo foi feito a pensar no lançamento da Playstation 5 e do poder que o novo SSD incorporado na consola viria proporcionar aos jogadores.

Nada a apontar em relação à performance no meu humilde computador. Com uma gráfica RTX 2070, um i7-9700K e 32Gb de RAM, a jogar numa resolução de 1440p (ou 2k, como preferirem), notei uma ligeira oscilação na taxa de fotogramas entre os 60 e os 80fps com SSAO ligado, qualidade gráfica Alta e DLSS 2.0, principalmente em momentos de combate mais intensos. Experimentei ainda o Ray Tracing e tive uma perda na taxa de fotogramas, a rondar os 40fps.



Conclusão

Um claro Must Play para os fãs da franquia, e uma boa introdução à mesma para os jogadores de computador que nunca tiveram a oportunidade de experimentar títulos anteriores.

Apesar de não trazer nada de novo ao PC, Ratchet & Clank: Rift Apart é um magnífico jogo desta franquia que conta com mais de 20 anos.

Tenho pena de que seja um jogo tão curto para o número de horas de conteúdo que oferece visto ter um preço de mercado com o valor de 59,99€. No entanto, horas essas, todas elas com elevado nível de imersão e enorme qualidade, muito bem segmentado. Recomendo!


O Melhor

    > Fluidez da jogabilidade;

    > Qualidade gráfica e design do universo;

    > Variedade de estilos de combate, mas...

O Pior

    > ... falta de variedade entre ambas as personagens principais;

    > Segmentos jogados como Glitch.


Pontuação do GameForces: 8.5/10



Título: Ratchet & Clank: Rift Apart
Desenvolvedora: Insomniac Games
Publicadora: Sony Interactive Entertainment
Ano: 2021-2023


Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Steam, através de um código gentilmente cedido pela PlayStation Portugal.

Autor da Análise: Ricardo Neves


Análise | Ratchet & Clank: Rift Apart - Uma Viagem pelo Multiverso Análise | Ratchet & Clank: Rift Apart - Uma Viagem pelo Multiverso Reviewed by Ricardo Neves on agosto 14, 2023 Rating: 5

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