[Análise] Super Mario Maker 2 [NSW]

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão 1.0.1 de Super Mario Maker 2.

Há pouco mais de 5 anos, podermos criar os nossos níveis de Mario era um sonho distante. Alguns procuraram satisfazer este desejo através de projetos não oficiais, mas quem ansiava por uma alternativa legal e simples continuava de mãos vazias. Foi neste contexto que, em 2014, a Nintendo anunciou Super Mario Maker para a Wii U como a sua forma de celebrar o trigésimo aniversário do icónico canalizador, facultando a quem o desejasse uma forma simples e intuitiva de criar os níveis do seu imaginário. Agora, assistimos ao lançamento de Super Mario Maker 2 para a Nintendo Switch, que promete introduzir novidades em todos os quadrantes.

E de facto, aos quatro estilos de jogo presentes em Super Mario Maker, foram adicionados novos elementos e condições que aumentam exponencialmente as possibilidades de criação: desde os ON/OFF Switches, que podem ser usados para programar todo o tipo de geringonças, passando pelo Night Mode, que altera as propriedades do cenário ou o comportamento dos inimigos, até às Clear Conditions, que condicionam o modo como o jogador aborda o nível. Tudo isto é incorporado no editor de um modo simples e direto, sem afetar a acessibilidade do modo Criar e mantendo assim o apelo que outras ferramentas de criação não possuem. É pena que, na transição do original na Wii U para este jogo, não tenham sido mantidos os Mystery Mushrooms, que permitiam Mario assumir a forma de diferentes personagens Nintendo e permitiam criar níveis temáticos.

Foram feitos também pequenos ajustes ao funcionamento das ferramentas: por exemplo, ao pressionar num inimigo ou plataforma são-nos reveladas todas as suas opções de customização, não sendo necessário abanar ou combinar elementos, como acontecia em Super Mario Maker 1. Além disso, a natureza híbrida da Switch levou os desenvolvedores a implementar um modo de controlo independente do ecrã táctil, exclusivo do modo TV. Este método peca por ser desconfortável e moroso, mas felizmente pode ser totalmente ignorado em detrimento da experiência portátil. Do mesmo modo, também forma modificadas certas regras de colocação e comportamento de determinados objetos: por exemplo, agora é impossível sobrepor certos elementos, como canos, nalgo que acaba por condicionar a liberdade do jogador.

Talvez mais significativa do que as adições já mencionadas é o estilo completamente novo baseado em Super Mario 3D World, com inimigos e físicas próprias. Apesar de este trazer bastantes novidades, é extremamente limitado no que toca a interações de objetos: não podemos empilhar inimigos, ou colocar objetos dentro de Bill Blasters… Acaba, portanto, por constituir um novo modo que, mesmo sendo bem-vindo, aparenta ter sido lançado num estado incompleto.

Pode ser, no entanto, difícil saber por onde começar. É ótimo termos todas as ferramentas do jogo disponíveis desde o iníco, mas isso pode sobrecarregar quem apenas está a dar os seus primeiros passos como criador. É aqui que entra o novo Modo História, com mais de 100 níveis, criados por staff da Nintendo, recheados de ideias para inspirar os jogadores. Estes níveis são marcadamente distintos daqueles presentes nos jogos Mario 2D tradicionais, tendo um maior foco num elemento ou mecânica e um menor na simples corrida até à bandeirola, resultando numa coletânea refrescante para quem desejava ver um abanão na fórmula estabelecida.

E naturalmente, o jogador pode aceder ao Course World e jogar as criações de jogadores em todo o mundo (desde que possua uma subscrição Nintendo Switch Online). Através da opção Courses, o jogador pode descobrir conteúdo para jogar de acordo com critérios como popularidade, data de publicação e tags e, no modo Endless Challenge, o jogador pode facilmente jogar níveis com uma de 4 fasquias de dificuldade até esgotar o seu contador de vidas. Pessoalmente, considero o Desafio 100 Marios, presentes no antecessor para a Wii U, uma experiência superior ao modo Endless Challenge, visto que dá ao jogador um objetivo concreto a alcançar, enquanto o último apenas desafia o jogador a conseguir terminar o máximo de níveis possível.

Para além destes modos, foram também adicionadas opções multijogador: Multiplayer Co-op e Multiplayer Versus. Nestes, o jogador é emparelhado com 3 outras pessoas, devendo competir contra estas para ser o primeiro a chegar à Bandeirola ou cooperar com elas para a poder atingir, respetivamente. E é com regozijo que digo que a experiência é excelente (quando a fluidez das partidas não é afetada por problemas de conexão): nunca sabemos que tipo de nível esperar e todo o tipo de interações com os nossos inimigos/colegas podem acontecer, o que resulta num delicioso caos.

Infelizmente, quem quiser jogar Super Mario Maker 2 com amigos não ficará tão agradado: não existe qualquer opção para jogar com amigos através da Internet e a única forma de jogar com pessoas na mesma consola é aceder ao Course World, transferir os níveis que se deseja jogar, aceder ao Coursebot e selecionar a opção Play together, complicando sem qualquer motivo o que podia ser uma única opção. Note-se que já foi prometida pela Nintendo uma atualização para possibilitar jogar online com amigos, mas desde então não recebemos qualquer tipo de informação sobre a mesma.

Conclusões: Super Mario Maker 2 apresenta-se como um marcado passo em diante em relação ao original, tanto em opções de criação como em formas de jogar. Nintendo foi capaz de adicionar excelentes novidades sem comprometer a simplicidade que caracterizou o predecessor, enriquecendo tanto a experiência de quem quer criar como a de quem simplesmente quer jogar. Quer tenham jogado o original ou não, esta sequela é uma experiência sólida que seguramente vos proporcionará dezenas de horas de diversão.

O melhor:

 - Novas e valiosas adições;

 - Estilo 3D World;

 - Modo História;

 - Multijogador caótico e divertido;

O pior:

 - Sem opção de jogar com amigos online;

 - Modo cooperativo local desnecessariamente complexo.

Nota Final: 9

Título: Super Mario Maker 2

Desenvolvedora: Nintendo

Publicadora: Nintendo

Ano: 2019

Autor da Análise: Tiago Sá